Imagem do blog - Gaffe
cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
[30 dias, 30 poemas]
30/30 #3
o velho
tinha o riso já cansado e não quieto
os seus braços, baraços em desatino
que enleavam, enleados, no afecto
de um abraço mais lançado por menino
ondeava-lhe na voz o dialecto
cultivado entre alegre e saturnino.
na pele brilhando-lhe o Tempo, indiscreto,
como um mapa, em cada ruga um destino.
tremente traça os dias que já sobram,
serenado o suspiro que o percorre
e rejeitadas as saudades, nua a mão.
nos olhos, o que as pandemias cobram.
um velho tão sozinho assim não morre,
espera apenas o apagar-se em solidão.
uma resposta ao meu desafio, solicitada pela Isa Nascimento.
Que me repescou para um desafio navegado entre 30 de Julho e 28 de Agosto.
[ver poema anterior]
o meu está aberto a todos os que visitam este burgo. a Almoxarife, a Menestrel e a Bobo agradecem a participação. eu agradeço ainda mais.
[30 dias, 30 poemas]
30/30 #2
O amor tudo perdoa
O amor tudo perdoa
repetem
crentes
os insensatos
enquanto o bafo do dever
lhe abafa a vida
lhe abafa a dor
lhe cala as horas
que calam fundo
que cavam fundo
as catacumbas
onde
fugidas de si
despidas
fenecem esperança e ternura
despedidas
Talvez
um dia a liberdade
Talvez
tal vez lhe assome
e
sumindo-se
se recupere ou se fine
Esposa amante
mal amada
maltratada
desfolhada entre o bem querer
e o mal dever
bebido no peito da mãe
no chá de menina em trança
no café da vizinhança
que
bêbeda
lhe morde as lágrimas
e pede o sacrifício do seu sangue
O amor tudo perdoa
jugo conjugado
sempre
no imperativo de mulher ausente
uma resposta ao meu desafio, solicitada pela Isa Nascimento.
Que me repescou para um desafio navegado entre 30 de Julho e 28 de Agosto.
[ver poema anterior]
o meu está aberto a todos os que visitam este burgo. a Almoxarife, a Menestrel e a Bobo agradecem a participação. eu agradeço ainda mais.
O José da Xã aceitou o meu desafio e pediu-me um comentário ao seu postal,
Após quase seis meses, tenho a vantagem de deter informação que, em Agosto e Setembro, nem críticos nem defensores da realização da Festa do Avante! detinham. No entanto, saber como decorreu o evento em nada alterou ou altera a minha posição sobre os temas. Realço ainda o facto de, em Agosto, a situação e o conhecimento sobre o SARS-CoV-2 serem muito diferentes dos de Abril, quando escrevi este postal, e que já na altura, como agora, defendia a realização de eventos políticos.
Remetendo-me ao tema deste postal,
Não foi Jerónimo de Sousa que teimou em realizar a Festa do Avante!
Segundo sei, nenhuma decisão no PCP é tomada apenas pelo seu Secretário-Geral. Aliás, consta que nenhum partido de Esquerda, ou mais à Esquerda, tem no seu líder um autocrata que decide e fala unilateralmente em nome do partido. No caso, a decisão foi tomada pelo Comité Central, composto por 146 pessoas de distintos meios e sensibilidades.
Jerónimo de Sousa manteve-se firme na defesa da decisão do partido que representa, não na defesa da sua decisão.
Também não se percebe o desacordo com a realização do evento, pois que outros eventos de massas decorriam na mesma altura e não foi aberto nenhum regime de excepção.
Vejamos, o estado de emergência não suspende o direito à capacidade civil e à cidadania, logo, não suspende o exercício da actividade política. Naturalmente, subordina-a a contingências definidas no próprio diploma de declaração do estado de emergência - como subordinada está às leis gerais e específicas da República em situação normal. Em Setembro não se estava, sequer, em estado de emergência. Portanto, não haveria qualquer motivo para sugerir o cancelamento de manifestações, festas, congressos e comícios políticos. O PCP afirmou avançar com a Festa do Avante! obedecendo a medidas restritivas que, aliás, divulgou logo em Junho mas que, estranhamente ou nem por isso, pouco divulgadas foram na Comunicação Social.
Suspender a iniciativa seria uma questão de bom senso, dir-me-ão como muitos disseram. E respondo agora como então: o bom senso manda definir regras apertadas de higiene e segurança, devidamente coordenadas com a DGS. Como foi feito. Com os resultados hoje amplamente conhecidos: nem um caso de Covid19 relacionado com a Festa do Avante! Tivesse havido um surto, e o PCP ainda hoje seria acusado na Comunicação Social por esse facto - e talvez até pelos surtos pós-natalícios.
O argumento, também apresentado então, da maior responsabilidade para com o Estado e a Nação por se tratar de um partido político, remete... para a não suspensão da actividade política. E relembro que esta é, maioritariamente, responsabilidade dos partidos políticos, conforme nos diz a Constituição da República e conforme nos dizem os números da abstenção em todas as eleições. Se era efectivamente uma questão de exemplo, parece-me que o PCP deu o melhor exemplo de como organizar um certame em tempos de pandemia. Ademais, não posso deixar de lembrar que as irresponsabilidades de outros partidos continuaram a singrar as marés de acusações... ao PCP. Impavidamente, num julgamento de intenção que, infelizmente para os críticos, não se veio a confirmar.
Há, ainda, outro argumento muito propalado nos órgãos de comunicação social: os festivais estariam proibidos e a Festa do Avante!, apesar de evento político, seria também um festival, logo, não deveria ter lugar.
Sorri na altura e sorrio ainda, ao ver difundidas mentiras sobre os estados de emergência. E choro ainda, como choro sempre ao ver os meus concidadãos repetirem o que a comunicação social vende, pois por muito que digam e repitam não confiarem nos OCS, lá vão cantando e ecoando o que facilmente se desmentiria. No caso,
Lei n.º 19/2020, de 29 de Maio
(...) Artigo 5.º -A
Festivais e espectáculos de natureza análoga
Muito poderia dizer sobre a atitude dos promotores de eventos culturais, ou sobre os abusos de outros partidos quanto a este mesmo tema e até já em novos estados de emergência, mas afastar-me-ia da essência deste postal. Fica-me o mote para outro. Ou outros.
Finalizando o comentário ao postal do José da Xã,
A Festa do Avante! não foi um braço de ferro com o Governo, foi um braço-de-ferro com a iliteracia política. Que continua a ter mais força neste país distraído.
E é esta que faz crescer os grupos radicalmente cheios de incongruências. O estarem quase sempre associados à Direita deve-se, apenas, ao ideário de supremacia de um povo mistificado pela grandeza do tal império dulcificado que nos ensinaram, não tendo tais indivíduos apetência ou capacidade para questionar aquilo que sempre lhes foi certeza. Mas a actual radicalização vem-lhes de serem demasiado fracos para defenderem posições com outros argumentos que não o preconceito, a falácia e a força bruta.
Finalmente, e respondendo à pergunta do título,
Não, não me parece que a realização da Festa do Avante! tenha contribuído para a perda de popularidade de Jerónimo de Sousa junto dos eleitores e simpatizantes do PCP. Aliás, pareceu-me ter havido uma onda de solidariedade entre a Esquerda exactamente devido aos ataques ininterruptos que o PCP sofreu entre Abril e Setembro. E se os simpatizantes que então o criticaram relutam ainda em reconhecer o seu-deles engano, talvez tenha sido a sua-deles cadeira que partiu sob o peso de outras prioridades. A caça ao voto nunca foi motor para este partido centenário.
Jerónimo mostrou-se disponível para permanecer no cargo de Secretário-Geral enquanto quem o elegeu assim entender. Desconfio que, retirassem-lhe a confiança política, renunciaria ao mandato de deputado à Assembleia da República. Por mim, vivendo tempos que supunha irrepetíveis, considero uma vantagem termos ainda por lá um deputado da Constituinte. Portanto, se sair da cadeira, pois que cair não me parece, que se mantenha inteiro e disponível para continuar no Parlamento.
imagem recolhida do Observador
uma resposta ao meu desafio, solicitada pelo José da Xã.
que me desafiou a responder ao seu postal A queda de Jerónimo de Sousa!
o meu desafio está aberto a todos os que visitam este burgo. a Almoxarife, a Menestrel e a Bobo agradecem a participação. eu agradeço ainda mais.
[30 dias, 30 poemas]
30/30 #1
Lengalenga da desinspiração,
Não tem pressa
Dona Peça
da promessa
vir cumprir:
tem na sala
que não fala
uma gala
por servir.
As cortinas,
muito finas,
são meninas
a carpir:
tossem pó
sem paletó,
num trolaró
que faz sorrir.
E, no palco,
giz e talco
um cadafalco
vão montar
- quase a gala
ali na sala
e a fala
por decorar!
Luz e som
Mudam de tom
por não ser bom
tal atrasar.
E Dona Peça
tão sem pressa
da promessa
vir pagar...
uma resposta ao meu desafio, solicitada pela Isa Nascimento.
Que me repescou para um desafio navegado entre 30 de Julho e 28 de Agosto.
o meu está aberto a todos os que visitam este burgo. a Almoxarife, a Menestrel e a Bobo agradecem a participação. eu agradeço ainda mais.
[respostas a "A Sarin lança um desafio"]
Aquele postal que gostariam tivesse tido destaque nacional.
Parece que não tiveram. Mas ficam em destaque aqui no burgo - que também é uma nação, pois então!
Recuperamo-los agora de entre o monte onde se ficaram escondidos pela profícua escrita dos seus autores. Recuperamo-los para mim e para quem os não leu entretanto. Para quem os leu e queira voltar a ler. Para quem visita este blogue. Para nós.
Aproveitemos
* Yupiii, hoje bati o record, postal de José da Xã
* O espelho americano, postal de Cheia
* As linhas que nos tecem, postal de Ana de Deus
* Caldeirada com todos... Pequi, postal de Pequi (que o não sugeriu; sugiro eu, pois que o Pequi, não sendo autor, o escreveu)
* Aventura a duas mãos, postal de Isabel Silva (imsilva)
* Natalidade no século XXI – o novo paradigma, postal de Isa Nascimento
* Desaparecidos em combate (pelo menos o meu), postal de /i.
[Postal em actualização]
[respostas a "A Sarin lança um desafio"]
O favorito que guardaram e leram com mais emoção.
Que tiveram a amabilidade de me aconselhar. E que aqui partilho com quem nos quiser acompanhar.
* José da Xã [@josedaxa] sugere Uma estrela no céu, do blogue Lados AB
* Cheia [@cheia] sugere Dono certo, do blogue sílabas à solta
* Ana de Deus [@anadedeus] sugere Conto #1, do blogue o escrivão
* Pequi [oh, Pequi, ainda sem ID?!] sugere A birra do menino Trump, do blogue sardinhaSemlata
* Isabel Silva [@imsilva] sugere Toda a terra mora em ti, do blogue Nada está escrito
* Isa Nascimento [@isanascimento] sugere A essência humana..., do blogue Folhas de luar
* /i. [@i-bxal] sugere Recolha do lixo, do blogue Comezinhas
Há mais sugestões prometidas... o lugar para as expor está reservado. O tempo para as ler também.
E nos comentários invoco, ou invocarei, quem me indicou o postal - para saberem que foi lido. Ainda que o autor não permita comentários no seu blogue, comentarei ainda assim - aqui, neste mesmíssimo postal.
Obrigada pelas sugestões
[Postal em actualização]
[respostas a "A Sarin lança um desafio"]
O postal ou o artigo, vosso ou de terceiros, cujo comentário gostariam de me ter lido.
Prometi a cada um responder com um postal... e este servirá para os compilar. Vão acompanhando ;)
* Ana de Deus, Um desafio ainda mais desafiante
Resposta: intenso encontro
* José da Xã, A queda de Jerónimo de Sousa!
Resposta: A Festa do Avante! como cadeira de Jerónimo?
* Cheia, As Mulheres
Resposta: está para breve
* Isa Nascimento, Trinta poemas em trinta dias
Resposta: etiqueta 30 dias 30 poemas
[Postal em actualização]
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.