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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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A expressão não precisa de ponto de exclamação.
O postal, sim.
(fonte da imagem aqui)
Há quem julgue o "Não" um sim disfarçado, seja porque o ego não consegue processar a recusa, seja porque o emissor depois faz beicinho e diz "esperava que insistisses".
Falando de sexo, a coisa resume-se a "Comuniquem com clareza".
Porque a denguice associada a um "sim disfarçado" pode levar a um sexo "mais ou menos" consentido. Exacto, a ambiguidade joga para ambos os lados - só que não há "violações assim-assim", nem quando quem viola não sabe estar a violar... porque a vítima, essa, saberá.
E antes que me corrijam com um "o outro pode sempre parar", pensemos que a violação não tem que compreender toda a consumação. Uma vítima de violência será vulnerável durante 2 segundos ou 2 minutos, mas qualquer trauma durará mais do que isso.
Não podemos evitar a violência gratuita. Mas a violência por não sabermos comunicar? Temos a Língua que falamos, temos a linguagem corporal, temos códigos de sedução, temos imaginação...
Resumindo ainda mais: "Pensem".
Não é Não.
Isto no sexo.
No resto também.
O meu segundo nome é Isabel. Um daqueles Isabel que vem de muitas avós e que é nosso e dos nossos irmãos espanhóis. Há quem o diga Inzabel, mas isso é estória e não história.
No mundo anglo-saxão puseram-nos o Isabel como Isobel, mas não fizemos por menos e às Elisabeth deles chamámos Elisabetes. E depois ficámos com elas.
A propósito do postal anterior, descobri que a Gaskell que sempre chamei Elisabeth é, afinal, Elizabeth... desde que li pela primeira vez os preconceitos da Bennett estranhei ser ela Eliza, Lizzie para os íntimos, quando Austen a baptizou Elisabeth.
E ontem descobri que não foi Austen nem foram os pais de Gaskell nem tampouco os senhores da conservatória do Registo Civil ou Paroquial lá do sítio quem lhes mudou o nome.... Foi o meu cérebro, talvez com a ajudinha de tipografias manhosas e revisores distraídos... mas só eu sou responsável por perpetuar a asneira, e ainda bem que a eternidade tem duração limitada.
Se andei um ano a olhar para ele, apenas hoje reparei na capa do Norte e Sul, e deslizei veloz porque não nas curvas do S: fui pesquisar, documentei-me e, horror! Andei a pontapear o inglês! Elisabeth é germano e franco e normando... na Grã-Bretanha optaram por ultrapassar pela direita e zás!, espetaram-lhe um Z!!!
Confirmados o erro e a grafia, só me resta corrigir e assumir a minha falha:
A todas as Elizabeth a quem estes anos chamei Elisabeth (incluindo as anglo-saxãs do início do texto), as minhas públicas desculpas.
Não foram muitas - e elas sabem quem são... não por acaso, às Rainhas, não. A essas, corto com Ás. Não à Isabel II, claro, as regras do bridge são diferentes e com ela não jogo sueca mas apenas por pruridos de diplomacia internacional.
Estou no escritório, sorridente enquanto às voltas com um trabalho leve. Leve, mas com prazo. Quase no fim, mas também quase no fim o trabalho.
Abano a cabeça, incrédula... o portátil começou uma actualização programada que havia esquecido!
Levo a mão à testa, cotovelo na secretária, um suspiro fundo enquanto aguardo...
3%... 7%... e o tempo a passar... o telemóvel tocou duas vezes nos intervalos do Roseland NY Live dos Portishead, e ainda só vai na terceira faixa - precisava de calma, foi o que se arranjou, o indicador direito a marcar os tempos da All Mine.
15%... as pernas cruzam e descruzam um baile sentado, o calcanhar começa a ignorar a voz suave de Beth Gibbons, batendo assim num compasso fora de compasso: já não há música que me acalme. Os meus ombros estão direitos, os cotovelos junto ao corpo, a boca fechada... e sinto a pressão do queixo - vá lá que não sofro de bruxismo, menos mal.
Desligo o som ao telefone, as sobrancelhas unidas olhando fixamente o ecrã do pc: 32%. Felizmente não avariou, o seguro não cobre olhares furibundos.
Desvio o olhar para a janela, através da qual as sobrancelhas se afastam puxando os cantos dos lábios pois da rua um amigo encolhe os ombros enquanto abre os braços, as palmas voltadas para cima como se para apanhar um anjo em queda. Uma pergunta muda à qual responderei de viva voz: vou aproveitar que ele está ali e vou durante 61% até ao café.
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