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um conto de amor e desamor

por Sarin, em 25.10.20

 

Amar o próximo nunca lhe foi fácil, já o distante permitia-lhe intacto o coração. Fora quebrado uma vez, doera por muitas vidas.

Mas tentara. E falhara, as cuidadas muralhas isolando o chão macio da sua alma.

Sem dor, abraçou o destino de se preferir só do que mal compreendida.

E sorriu ao ver a vida avançar, ao saber as pessoas emparelhadas por tantos e tantos motivos que nem saberia interpretar.

Sempre precisou de interpretar. Interpretar, perceber, aceitar, compreender - sentir nunca foi suficiente.

 

Talvez seja insensível. E nem sinta a dor no macio chão  escondido pelas muralhas que cuida com amor. E nem sejam lágrimas, aquela tristeza de que quem a compreenda talvez exista - mas não no mesmo tempo ou não no mesmo espaço que ela. Ninguém demoraria tantas vidas para se encontrar.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
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lançado às 22:39

Auto-retrato de quem quando

por Sarin, em 09.12.18

Dói-me o corpo das batalhas que encetei.

Dói-me o corpo, não a vontade

- a última fronteira.

 

Lutei, abracei,

dei tudo de mim

- e ainda assim fiquei inteira.

 

 

Por isso me pergunto

- como me achei

se nunca me perdi?

 

E assim me vislumbro nos pedaços não estilhaços

que de mim vou encontrando por aí

- sei que não os deixei espalhados,

não os dei, menos vendi.

 

 

 

Encontro lampejos meus,

do que serei.

E vivi.

 

 

(não datado. Antigo. E actual)

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lançado às 08:37

E assim os anjos

por Sarin, em 09.12.18

Quando o Diabo arribou

a aldeia fugiu.

Esqueceram uma menina

que chorou

e o Diabo sorriu.

É que a menina não tinha medo...

tinha, mas não dele.

Era o medo da noite

do silêncio

do papão

- mas do diabo não.

(porque quando a aldeia fugiu

não teve tempo

para gritar

que aquele era o diabo

que os havia de levar)

 

Mas

lembrava-se o Diabo

de ter sido pequenino

e por isso

do seu olhar jorrou luz

que iluminou a noite.

E a menina

riu

e o silêncio morreu com a escuridão apagada

- os olhos do Diabo.

 

Quando a aldeia voltou

tudo estava sossegado.

Intacto.

Menos a menina,

que não apareceu.

 

Devolveu a alma ao Diabo

e morreu.

 

 

(Não datado. Década de '90)

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lançado às 08:15

In histórias que deviam acabar

por Sarin, em 07.10.18

Em dois pontos distintos do mundo, duas mulheres responderam simultaneamente e com os olhos brilhantes: "sim, amo!".

Uma respondia a um "Amas-me, querida?".

Outra, a um "Faz o que te digo ou mato-te!"

Em dois pontos distintos dum mundo distante e indiferente. Quantas vezes na porta ao lado.

 

(Abril 2012)

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lançado às 05:54

histórias inacabadas #4

por Sarin, em 22.06.18

dóis-me no sangue sem me ferires. e por isso quero os passos que não damos no espaço que temos no tempo que não tivemos. quero o tempo e quero o espaço. quero os passos. porque me ris no sangue à gargalhada.

(Setembro 2011)

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lançado às 03:03

histórias inacabadas #3

por Sarin, em 21.06.18

queimava-os a amizade arrastada, o amor abafado, o ponto que nunca foi exclamação nem final.

gelada pela ausência, percebeu que falar mais uma vez não era repetição, era conquista. conquista dela - do orgulho, da tristeza. se conquista dele, logo se veria.

 

e por isso disse-lhe, no jeito tímido que sempre usou: "há dias em que finjo que não, mas tenho saudades tuas."

 

aguardou. com a noite veio a claridade: quem cala não sente.

 

(Abril 2012)

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lançado às 12:51

histórias inacabadas #2

por Sarin, em 21.06.18

um dia

dir-te-ei como o meu rumo e o teu rumo não se cruzam,

são um só.

e porque não o sabes te perdes de mim.

e porque o sei

me perco de mim quando sem ti.

 

(Maio 2012)

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lançado às 12:31

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.




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e uma viagem diferente



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