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Uma praia diferente

por Sarin, em 26.05.19

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Em 1988 comecei a ver uma série sobre a guerra do Vietnam que não era exactamente sobre esta guerra.

Contava as histórias que, até então, raramente eram focadas, e menos ainda como principais: as das poucas mulheres a quem era permitido estar perto da frente de guerra. Médicas, Enfermeiras, Jornalistas, Animadoras e  Prostitutas.

Trinta anos depois, acredito que não traga grande novidade, mas na década de '80 foi-me revolucionária - nunca tinha visto uma série ou filme de guerra onde as mulheres fossem as protagonistas absolutas. E admirei a coragem de uma dessas personagens em foco ser prostituta - nos EUA chegaram a realizar manifestações contra a exibição da série, esta mesma personagem tida como uma afronta aos bons costumes. Felizmente, os produtores foram mais fortes.

Numa base americana perto de Da Nang, uma enfermeira, uma médica, uma prostituta, uma jornalista e uma cantora fazem amizade e tentam sobreviver a uma guerra pouco convencional numa paisagem tão idílica como sangrenta.

Dana Delany, Concetta Tomei, Marg Helgenberger, Megan Gallagher e Chloe Webb deram corpo a essas personagens, embora a última em poucas cenas. A cantora Laurette Barber brilha em apenas 7 dos 62 episódios onde os dias da Tenente Colleen McMurphy, da Major Lila Garreau e da civil K.C. Kolowski se constroem, mas nem por isso o seu papel é menos importante - afinal, as animadoras contribuíam para animar o moral das tropas, muito especialmente nesta guerra. Também a aviadora com ambições de repórter Wayloo Marie Holmes tem muito menos visibilidade que as outras três. Mas compreende-se, enfermeiras, médicas e prostitutas eram as fundamentais em pleno palco de guerra.

 

Com uma banda sonora genuinamente datada, China Beach trouxe-me durante quatro temporadas as imagens da praia My Khe e uma outra perspectiva sobre a vida em tempo de guerra.

Gostava de a revisitar.

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e sim, este postal é mesmo consequência de algo dito no postal de ontem. que tem título de Amanhã mas fala da importância do dia de hoje.

 

imagens da Wikipédia.

 

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lançado às 08:37

Velhos são os trapos

por Sarin, em 15.03.19

 

Ando a rever as primeiras temporadas de uma série que passa na Fox Crime, "New Tricks" (BBC, 2003).

Uma superintendente da polícia londrina lidera uma equipa de três antigos membros das forças policias, todos reformados e com idiossincrasias diversas, na investigação de casos antigos em aberto.

Além de ser ficção policial, área que muito me agrada e talvez uma das poucas que me mantém em frente ao televisor quando tenho disponibilidade, alimenta-se de um conceito que, cada vez mais, se torna pertinente: o que fazer aos bons profissionais quando atingida a data oficial de reforma.

Um indivíduo que se sente activo e capaz, e que assim é reconhecido por colegas e empregadores, deverá ser colocado de lado apenas porque perfez determinada idade e deve dar espaço aos mais jovens?

Nem sequer pretendo abordar a consequência do aumento da esperança de vida nalgumas sociedades, nem desejo analisar o envelhecimento de algumas populações; nem tampouco me preocupa a questão financeira da perda de investimento em capital humano, prisma que me agonia mas que é tão do agrado de muitos gestores - e que acabo por usar em situações extremas pois metade do sucesso da comunicação advém de se usar a mesma linguagem...

Centro-me no indivíduo que sabe e nos indivíduos que com ele podem aprender - e esta aprendizagem é válida para ambos, uma simbiose perfeita assim se enquadrem devidamente as funções e o respeito, nada tendo este a ver com deferência.

Sem precisar da série, recordo a substituição sem demérito do médico Francisco George no cargo de Director-Geral de Saúde, atingido o limite de idade para a Função Pública, relembro as aulas do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, apreciadas até por quem não de arquitectura, revejo o dinamismo e a desenvoltura do jornalista Henrique Garcia, mesmo não sendo consumidora da TVI... Curiosamente, apenas os políticos parecem não serem considerados velhos para o exercício dos cargos a que se propõem, e lembremo-nos de Mário Soares candidato ao terceiro mandato de Presidente da República já com os 81 anos cumpridos.

[Parece sexismo, apenas dar exemplos masculinos... mas confesso que não recordo notícias sobre mulheres portuguesas em idênticas situações. Sexismo poderá ser, mas não meu. E a questão é transversal a homens e mulheres, independentemente dos indicadores. Que não estou a usar, por isso adiante.]

Não manter no activo funcionários idosos apenas por causa da idade, quando o funcionário é um excelente parceiro do negócio/serviço, essa é a sua vontade e as capacidades tal permitem, é uma dupla perda para a sociedade: para o indivíduo em causa, que definhará e se tornará um velho em vez de apenas idoso nesta sociedade que desde crianças nos incute ser o trabalho fonte de dignidade e em que tantos confundem o que são com o que fazem mercê da importância dada ao trabalho; e para a empresa/serviço, que perde um acervo de experiência valiosíssimo - e reproduzível, se devidamente aproveitado.

Reformas compulsórias são, até, estranguladoras da meritocracia, que passa por atribuir o mérito a quem o tem e independentemente de cor, sexo, religião... ou idade, não? Claro que há o risco de cristalização, do conhecimento ou no lugar - mas ambas se podem evitar pela constituição de equipas heterogéneas em idade e em experiência. 

Por outro lado, manter idosos no activo para lá da idade da reforma não significa forçosamente atribuir-lhes as mesmas funções ou o horário completo de trabalho - a assessoria interna pode ser uma excelente solução. Embora se encontrem consultores seniores quase adolescentes, mas espero que apenas em algumas empresas pré-formatadas.

 

Voltando à série, divirto-me muito a ver as abordagens criativas para os choques de gerações e a comicidade ambígua das personagens idosas, que tão depressa suspiram pelo dantes é que era como se recusam a ser classificados de velhos ou ultrapassados. Não é nenhuma obra prima, mas durante 45 minutos estou bem disposta com as suas peripécias. E nos minutos posteriores penso nas pequenas mensagens paralelas. Hoje deu-me para escrever tais pensamentos... há dias assim. Mas tinha saudades. Da série e de escrever.

 

 

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lançado às 16:46

Os anéis e os dedos

por Sarin, em 12.12.18

Teresa May ficou com os restos das loucuras de outros.

Sem as pedir, sem as querer, mas com enorme sentido de dever.

Lamento-a, e apesar de me não ser especialmente simpática reconheço-lhe fibra.

Insuficiente, mas como a podem acusar quando quem quis os anéis se encolheu e quem não os quis lhe estica o dedo?!

Adam Serkis explica-o muito bem:

Sméagol e Gollum, com os cumprimentos do Brexit.

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lançado às 18:10

AMA: um filme debaixo de água

por Sarin, em 12.08.18

É filme. É dança. É poesia. É o que cada um quiser que seja. "Uma história silenciosa que cada um poderá interpretar à sua maneira e de acordo com as suas experiências", disse Julie Gautier, a dançarina/nadadora/criadora de tal filme. Que nasceu da sua dor mais profunda, e que dedicou a todas as mulheres do mundo. 

 

Partilha feita a partir da página You Tube de Guillaume Néry, companheiro da artista e também ele mergulhador.

 

Sugestão: inspirar fundo antes de ver.

Não por ser uma dança no fundo da piscina mais funda do mundo (Veneza, Itália), mas porque a história se torna nossa e nos podemos esquecer de respirar nos próximos seis minutos...

 

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lançado às 15:57

Norte e Sul

por Sarin, em 18.07.18

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(fonte da imagem aqui)

 

 

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(fonte da imagem aqui)

 

Sentimentos ambíguos, estes que tenho por Elizabeth Gaskell e o seu Norte e Sul...

 

Numa daquelas maratonas Netflix lembrei-me de pesquisar uma série que me encheu doze serões de Domingo com tanta ternura como raiva, tanta força como lágrimas... Essa mesma, aquela Norte e Sul com um Patrick Swaize lindo de morrer numa história dura de sentir para os meus 14-15 anos.

 

Encontrei outro Norte e Sul. Da mesma época - mas este escrito enquanto vivido. Numa Inglaterra cheia de Sol e algodão nos anos 1860. Uma série muito boa (BBC, 2004), à qual apenas lamento a falta de um episódio que não sincopasse o último.

 

A meio da série pausei para um telefonema. Que sim, que tinham o livro na loja - e comecei-o nesse mesmo dia. Depois de acabada a série, claro, a Netflix esquecida num canto com a televisão e a box e todas aquelas coisas que não cheiravam a livro novo.

 

Escrito no Outono/Inverno de 1854/55, foi originalmente publicado em folhetins semanais na Household Words, revista dirgida por Dickens. Que não se chateou por Gaskell ser mulher, que fique a nota! No entanto, a história teve que ser encurtada por motivos editoriais, e Elizabeth contou em 20 folhetins o que projectara para 22. Nota-se. Aquando da publicação em livro, a autora conseguiu atenuar os efeitos deste corte, pôde reescrever o final, sem o alterar mas completando-o, retocando as pontas soltas que, soube depois, são afinal o episódio que (não) faltou à serie. Mas o livro continua a ser muito, muito bom!

 

E os sentimentos ambíguos devem-se a não saber se me irrito com Dickens por ter mandado encurtar a história ou com Gaskell por não o ter mandado bugiar!

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lançado às 00:43

Um filme, já agora...

por Sarin, em 01.07.18

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               (fonte da imagem aqui)

 

 

Não é necessário saber LGP para ver.

Mr. Holland's Opus - O Professor.

 

Mais um filme que não teve direito a parangonas ou festões. Mas que faz parte dos meus inesquecíveis.

 

Com Richard Dreyfuss no papel de um músico que, para formar família, se torna professor de música. E vai adiando as aspirações musicais por amor à mulher e ao filho - mesmo não partilhando o amor à música com este.

O filme não é só isto. Mas se contar, estrago...

 

Mr Holland's Opus, um filme realizado por Stephen Herek em 1995, distribuído em Portugal com o título O Professor.

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lançado às 10:58

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.




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