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Sobre o docente que agrediu o aluno

Uma resposta à Pequeno Caso Sério

por Sarin, em 28.10.19

07_6281.jpg

O docente agrediu o aluno. E foi notícia. E reabriu discussões que nunca estiveram encerradas.

A reacção

O docente agrediu o aluno. Foi chamada a autoridade de segurança e o professor foi detido. Foi decretada suspensão imediata e foi-lhe instaurado processo disciplinar. 

O aluno foi agredido. Foi observado no hospital. Foi sujeito a perícias técnicas. Foi decretado acompanhamento psicológico ao aluno e aos colegas de turma.

Pelo que li, o docente não é professor. É um técnico com habilitações suficientes para leccionar a disciplina. O sistema educativo prevê que possam ser docentes indivíduos com habilitação profissional, com habilitação própria e com habilitação suficiente para qualquer ciclo de estudos a partir do 2º Ciclo. Não é exigida uma formação adicional em pedagógicas, por exemplo. E eu não percebo como não são exigidas competências pedagógicas para leccionar até ao 3º Ciclo, dadas as médias de idades em causa serem inferiores a 15 anos. Também não sei se ou como as escolas comunicam as habilitações do corpo docente aos encarregados de educação, ou se associação de pais tem uma palavra na matéria - mas estranho este assunto não ser propalado. E sei que eu exigiria tal informação.

Também não sei que outros mecanismos terão as escolas para seleccionar os docentes mais adequados.

Faço aqui um aparte para falar dessas figuras interessantíssimas que são o Técnico de Segurança no Trabalho e o Médico do Trabalho. Aparentemente surgiram para onerar as empresas e criar emprego para uma série de gente que usa chapa 5 no seu trabalho. Bom, eu não sou uma dessas gentes - mas sou das outras, daquelas (muito poucas!) que exigem que técnicos e médicos façam o que lhes compete: avaliar as condições de trabalho, os riscos de segurança e saúde no trabalho e a aptidão física e mental do trabalhador para desempenhar a sua função face aos riscos a que está exposto. E levo isto tão a sério que me chateio seriamente quando vejo que o Estado é o primeiro a não cumprir. E que os MT, que tecnicamente deveriam ser os que decidem sobre doenças profissionais e encaminham para juntas médicas, muitas vezes nem saibam que os trabalhadores cujas fichas assinam com "APTO" têm graus de incapacidade profissional. Uma descoordenação terrível, uma terrível perda de dinheiro e de paciência. Ficaram com uma ideia, e volto ao tema do postal.

Os docentes têm ADSE (porque pagam para a ter, e este é outro assunto). Mas não têm Medicina do Trabalho. E como ninguém pode ser discriminado e os dados médicos são pessoais e intransmissíveis - daí a importância da Medicina do Trabalho! - não imagino como farão as escolas a avaliação do perfil psicológico de quem irá trabalhar com crianças. Mas parece que o cadastro criminal é quanto baste para atestar da idoneidade. Não sabendo quais os critérios de admissão à docência em cada agrupamento, e portanto esperando estar enganada, desconfio que não serão muito exigentes nesta matéria. Não é por nada, mas é só alguém que vai lidar com as nossas crianças. Com muitas crianças distintas em simultâneo.

Perante o acima exposto, e sendo contra a violência em qualquer contexto, a par de assacar responsabilidades ao professor, gostaria de assacar responsabilidades ao agrupamento escolar, à associação de pais, ao ministério e ao legislador. Porque TODOS permitiram que este docente fosse colocado naquela sala de aulas.

Acresce a completa penalização que vem sendo feita aos professores, o desrespeito que estes vêm vivendo por parte de todos os sectores. E a falta de educação que as crianças demonstram.

Onde está o processo disciplinar às crianças que desrespeitam os professores? O facto de os pais não educarem os filhos não obriga o corpo docente a lidar com insultos e desrespeitos impunemente. E por isto também gostaria de assacar responsabilidade aos agrupamentos escolares, às associações de pais, ao ministério e ao legislador, pois qualquer processo disciplinar acaba por ser inconsequente, coitadinha da criança que não é responsável... e não será enquanto não for responsabilizada - com medidas adequadas à idade e à infracção, obviamente.

Defendo há muito a criação de cursos de formação para pais. Não para lhes orientar os valores a educar, mas para os dotar de ferramentas que lhes permitam educar os filhos com os valores que entenderem. Pedagogia. Aprende-se em livros, mas só nos muito bons - e o que não falta por aí são maus livros para aprender a lidar com as crianças. Nem falta maus pais a despejarem os filhos nas escolas e a esperarem que os docentes façam aquilo que é competência dos pais.

Poderia ainda falar do nosso modelo de organização social, que contribui para a falta de tempo de qualidade entre pais e filhos - mas sendo verdade que o modelo não ajuda, infelizmente também não tem todas as responsabilidades. Fica para outros postais.

Discussão 2 - A Notícia

Vendo esta mini-reportagem da SIC Notícias, em que o representante dos pais dos alunos da sala de aulas explica (sic) o ocorrido dentro e fora desta, apercebo-me da impraticabilidade descrita: se o professor agarrou o pescoço do aluno de frente, segundo indicado pelas marcas descritas, nunca poderia bater com a cabeça do aluno na mesa a menos que o forçasse para trás (e o dano seria na coluna do aluno). A alternativa seria agarrar-lhe a face e bater com a própria mão contra a mesa, puxando e não empurrando.

Não pretendo analisar os contornos judiciais deste caso, não o faço em nenhum; apenas denuncio contradições ecoadas sem filtro.

Os órgãos de comunicação social congregam esforços para o sangue; os factos talvez nos venham a ser revelados um dia. Ou não. Mas nos entretantos, entre tantos, não esperem que eu acredite em tudo o que é noticiado.

E muito menos esperem que compreenda as razões dos pais indignados. A reacção deste docente é inaceitável. Mas há muitas inaceitabilidades antes desta - e assobiaram para o ar. Pais, sociedade, comunicação social. Todos são culpados por termos voltado a este ponto.

 

Nota: A Pequeno Caso Sério queria ficar calada mas não conseguiu, e fez muito bem! Nos comentários disse-lhe que o meu comentário teria muitos argumentos. Era demasiado para comentário, não era?

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 15:31

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



24 comentários

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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 17:23

Tinhas razão. Era demasiado para a minha pequenina caixa de comentários.
Respondeste-me a tudo com um rigor exemplar. Obrigada. Mesmo.


Agora sim. Se juntarmos o que escrevi ao que tu aqui tão bem explicaste, fica tudo dito. 
👏👏👏 
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De Sarin a 28.10.2019 às 17:40

Achas? Este é um tema que tem muito para ser discutido. Muito muito muito... porque, a partir daqui, podemos elaborar e passar para outros patamares. :)
E desculpa ter tardado. :***
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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 21:33

Mais uma vez, tens toda a razão. Agora então que se soube da novidade (?) de não haver retenções até ao 9° ano é que vai ser bonito. Só que não. 
Se esta era a única "arma" de que os professores dispunham para tentar chamar os miúdos à razão, agora sem ela, será o regabofe total. 
Pergunto -me onde andam os pais que não se insurgem com isto? E as confederações de pais? E a sociedade civil? Mas será que toda a gente acha isto normal?!
Só dou graças da minha filha já estar fora desta loucura mas tenho muita pena dos que ainda lá estão.  




É como dizes: isto ainda dará muito pano para mangas.




Não vieste tarde. Vieste, não foi? Então está tudo certo.
;)
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De Sarin a 28.10.2019 às 22:22

As retenções, as avaliações, os programas curriculares... e as avaliações de professores, e os agrupamentos (e os feudos), e as colocações, e as autonomias... e as autarquias e as direcções regionais e o ministério... e os sindicatos e os sindicalizados e os sindicalistas... e os pais e a sociedade... TAAAAAAAANTO!


Não tenho filhos. Mas tenho sobrinhas e primos - e ainda que não tivesse! Falamos dos putos que daqui a uns anos serão eleitores, profissionais, cidadãos de plenos deveres (espero que de direitos também). Só temos de lhes dar as melhores ferramentas possíveis - e isso passa por Valores e por Competências e por Aptidões. Acho eu, sei lá...
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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 22:29

E achas bem.
Pela inércia que observo, devemos ser as únicas a achar.
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De Sarin a 28.10.2019 às 22:55

Há alguns que se vão manifestando, mas sabes que nisto das indignações há os que se indignam pelo calendário, há os que se indignam quando ouvem os tambores e a guilhotina, e há aqueles que se vão indignando todos os dias, que em assuntos aparentemente "nada a ver" metem a indignação com estas coisinhas transversais que são a Educação, os Valores, a Sociedade, os Princípios... e que tanto falam nisso que quando surgem algumas notícias já nem lhes pegam porque só lhes apetece dizer "porra, as consequências a entrarem pelos olhos dentro e continuam preocupados é com a reacção DESTE docente"... acredita, se não me desafiasses não escreveria este postal.
Percebo-te o espanto. :)
Mas por vezes cansa pegar nos temas em contra-corrente ;)
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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 22:58

Ainda bem que te desafiei.
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De Sarin a 28.10.2019 às 23:06

:)))
Bom, pelo menos consegui produzir um postal sem ser do desafio dos pássaros nem sobre os sapos do ano ;)))
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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 23:14

Ora, pelo que de ti  vou lendo desconfio que se te desafiasse a escrever sobre...penicos, farias um bom trabalho. 
Porquê penicos? Sei lá. Foi o que me ocorreu. Já passa das 11 da noite de segunda-feira. Daqui (de mim,entenda-se), não se pode esperar melhor,acredita. 🙄🙈
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De Sarin a 28.10.2019 às 23:25

:D
Sobre penicos lembra-me os detergentes e desinfectantes qye se usam nos hospitais e nos lares - uns menos amigos do ambiente que outros. E lembra-me que parte da população ainda vive sem rede de saneamento básico. População mundial mas também população portuguesa. Vergonhoso, não é?
:)))
Beijos, vai descansar - ou fazer postais sobre o staff :D
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De Pequeno caso sério a 28.10.2019 às 23:32

Vou-me deitar ...mas só porque já tratei do Staff de amanhã. 
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De Sarin a 28.10.2019 às 23:36

Trataste do staff de amanhã? Booooom, eu posso tratar dos outros... O:)
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De MJP a 28.10.2019 às 18:06

Parabéns, Sarin! :)
Excelente reflexão!
Beijos**
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De Sarin a 28.10.2019 às 18:13

Obrigada, MJP :)
Sabes que Educação, Saúde, Segurança e Justiça são as áreas que mais prezo na sociedade... além das outras :)) Mas estas são basilares. E transversais. Todas as reflexões serão poucas - as nossas não promovem debates na sociedade nem no legislador, mas pelo menos não deixamos cair totalmente no esquecimento ;)
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De Luísa de Sousa a 28.10.2019 às 18:32

Gostei muito de ler o teu postal Sara!
Parabéns, muito elucidativo.
Eu fico sempre muito perplexa com estas agressões nas escolas de alunos e professores e confesso que custa-me muito aceitar que o professor seja 100% culpado!!
Já trabalhei numa escola, com 1º,2º e 3º ciclos e sei o quanto muitos meninos conseguem tirar-nos do sério, tal a má educação, falta de respeito e abusos!!!
E protegidos pelos progenitores ....
Concordo quando dizes que deveria haver cursos de formação para pais. Julgo que muita violência seria resolvida.
Beijinhos, gostei muito do postal!
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De Sarin a 28.10.2019 às 19:00

Obrigada, Luísa.
Um docente pode ser uma pessoa instável, e pode exercer força física num confronto de autoridade com um aluno - ainda para mais porque não há mecanismos de despiste quanto ao perfil psicológico dos docentes.
Mas também me custa acreditar nalgumas situações referidas - a forma como dizem que o professor bateu com a cabeça do aluno, pro exemplo, não se ajusta á descrição que o pai entrevistado indica... as notícias nem sempre mostram os factos, mas mostram tudo o que cheire a sangue - e contra os professores a ordem é atirar! :(
Beijos, Luísa, obrigada pelo teu contributo :)
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De HD a 28.10.2019 às 20:07

Pois, parece que nem era bem professor... :-s
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De Sarin a 28.10.2019 às 20:18

Pois, não era professor nem pedagogo. É responsável pelas suas acções - mas não é o único responsável pela situação :/
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De /i. a 28.10.2019 às 21:11

Olá, Sarin.
Subscrevo todas as palavras e pontuação
Há uma confusão no que diz respito aos papeis dos pais e escolas. A escola serve para instruir, ensinar (por isso, acho que o ministério deveria-se chamar de ensino e não de educação). E os paizinhos educar a ética, os valores, as boas maneiras e comportamentos cívicos e respeito humano. 
Obviamente que não sou a favor da violência física e nem verbal/humilhação, porém a paciência esgota-se e muitas vezes os directores das escolas não dão ouvidos aos alertas dos professores e assim os professores tentam resolver a indisciplina à maneira deles e perante a má criação e desobefiência ao cumprimento das regras em contexto de sala de aula e dá-se estas situações descontroladas. 
Os pais estão a falhar no incutir ao filho/a o respeito pelos mais velhos, neste caso pelos professores. As criaturas tratam todos como se fossem da mesma idade, inclusive os pais. Se não têm respeito aos pais, vão ter respeito a um estranho?!
E termino com o seguinte: será que tem de ser o Ministério decretar uma norma a proibir o levar do telemóvel  para a escola, pelo menos aos alunos menores de idade?
As escolas não podiam já ter instituído essa proibição? Sei que há casos de escolas já fazem isso, mas é residual. 
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De Sarin a 28.10.2019 às 22:43

Não consigo perceber o que terá uma criança ou um adolescente de tão importante para tratar no período de aulas que não possa prescindir do telemóvel. As escolas têm telefone fixo. E um telemóvel não é um computador. Ou as crianças deixam os telemóveis em casa - ou nos cacifos, vá... - ou as escolas instalam bloqueadores de sinal. Ponto. Fora da escola façam como quiserem, na escola têm de aprender a matéria curricular E as competências sociais.
Não tem a ver com a idade, tem a ver com o espaço. Serve para alunos, para funcionários e para professores, também. E até serve para os pais que não desligam telemóveis em reuniões ou outros eventos na escola.


Acho que não é uma questão de respeito pelos mais velhos nem pelas hierarquias; vejo como uma questão de perceber as funções, o papel de cada um nas interacções - o docente está a ensinar, o aluno está a aprender. Mas nem o primeiro é omnisciente nem o segundo é desconhecedor de tudo, e por vezes o "respeito aos mais velhos" mina as percepções.
Concordo que chamar-lhe Educação perpetua a confusão entre ensino e educação... no entanto, efectivamente há uma rede de educação - as creches e infantários. E quase nem se fala nesta rede quando o tema é Educação... :)))
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De /i. a 29.10.2019 às 21:23

Pois também não percebo que "negócios" têm para ter de levar o telemóvel para a escola.
Mas os paizinhos fazem a vontade ao seu petiz e compram um iphone, smartphone xpto.


Mas claro que respeitar os mais velho não é permitir abusos. E isso também cabe aos pais fazer entender quais os limites. 
Se queres ser respeito, dá-te ao respeito. Claro que se a outra parte for indelicado é responder com moderação para não se perder a razão. 
Isso trabalha-se e dá trabalho.
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De Sarin a 29.10.2019 às 23:12

Aí é que está! "Trabalha-se e dá trabalho!"
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De O ultimo fecha a porta a 29.10.2019 às 23:41

Ainda há dias falei sobre o que penso do atual estado do ensino em Portugal e sobre a razão pela qual nunca equacionei ser professor, nem equaciono.
A principal razão é a falta de segurança. Há uma insubordinação muito grande de pais e alunos e a figura do professor não é respeitada. Passou-se de um oito para o oitenta. No tempo dos nossos pais e avós o professor tinha excesso de poder. era tirano e estúpido. Faltavam competências. Hoje em dia, há relatos recorrentes de agressões físicas e insultos gratuitos a docentes.
Com isto, vão-se perdendo (bons) talentos para ensinar. No caso das matemáticas é flagrante. Hoje em dia, a maioria dos licenciados opta pela via empresarial (com muita procura de empresa) onde ganha-se melhor e tem-se uma vida melhor e mais segura (segurança física).
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De Sarin a 30.10.2019 às 00:36

Há essa insubordinação, sim, mas há também um esvaziar da autoridade do professor por parte de toda a sociedade, a comunicação social a guiar o pelotão e o legislador, com o regulador à cabeça, a transformar o pedagogo num escriturário esvaziando o professor de tempo para ensinar.
Os professores não têm ferramentas para gerir as turmas naquela hora que dura a aula. Uma aula não seria problema, mas são muitas aulas diferentes todos os dias. E a forma como se atribuem turmas,  sem qualquer respeito pelas competências dos professores, mas antes pelas apetências de horários dos professores mais antigos na casa, chocam de frente com qualquer mudança que se pretenda fazer. Estes feudos estragam o Ensino por dentro, e tudo o mais contribui para que a via ensino seja uma das menos apetecidas... e ainda se questionam!

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