Brutal interpretação de Joaquin Phoenix. O filme retrata, como as circunstâncias económicas e sociais podem tornar pessoas normais, em "monstros".
Há uma bem presente crítica ao sistema político e económico vigente, em que uns têm tudo e muitos têm pouco mais que sonhos. Uns mornos, cheios de nadas . Outros de vingança (sobre aqueles que afirmam ser a miséria culpa dos miseráveis).
Gostei mais da componente psicológica do filme, do percurso normal, de um indivíduo, em direcção à loucura, do que a tal vertente de crítica social.
Outro aspecto interessante, do filme, é como a violência pode surgir de um desejo esmagador de fazer o Bem. Assim dos mais justos, sairiam (saem) os mais violentos (que é a justiça senão o uso da violência em nome do Bem?).
Um aparte :Claro que em determinados casos os fins justificam os meios - nunca devemos matar, excepto em nome da paz (parodoxal). O Bem e o Mal como dependentes do contexto.
Há no final um certo desconforto, no espectador, ao perceber que todos nós, sobre determinadas circunstâncias poderíamos ser o Joker , e por isso, por ele, acabamos por sentir certa empatia, compaixão pelo vilão.
Pergunto-me, quando o sistema está podre, corrupto, manietado, viciado pelo Poder político, as forças de segurança, de justiça, representam quem? Protegem - nos, ou são usadas pelo Estado para se protegerem do seu "Povo"? Batman, neste sentido, seria o vilão e Joker, o herói.
Outra questão surgiu - me já no carro, como o meu filho . Numa sociedade moldada sobre princípios imorais como deveremos olhar para os bem sucedidos, para os bem adaptados? Com admiração, ou repugnância?
Recomendo.
4*