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Porque não vacino os meus filhos

por Sarin, em 06.08.19

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Jogos Infantis, por Pieter Bruegel, o Velho

 

"Porque a minha religião me impede de receber tais substâncias no meu organismo."

"Porque os benefícios das vacinas são uma invenção das farmacêuticas."

"Porque as vacinas têm efeitos secundários."

"Porque... "

Não imagino todos os motivos que podem levar uma pessoa a recusar a vacinação dos seus filhos, a sua. Há muita publicação sobre o assunto, mas de quando em vez surge uma alegação diferente, uma explicação com dados e gráficos e exemplos. E se uns ignoram e refutam, outros há que acreditam.

 

Mas ninguém responde "Porque fui vítima de uma brutal campanha de desinformação."

E no entanto parece ser esta a grande causa.

 

O que levará as pessoas a participar em tal campanha? Penso que se poderão agrupar os participantes em cinco grandes grupos - e sublinho penso: esta é uma opinião formulada pela análise do que vou lendo e onde a única certeza é a de ser a imunização uma das melhores defesas contra a doença.

Há quem participe porque o ser humano é crédulo - a National Geographic tem pelo menos um artigo onde a mentira é abordada de forma acessível. A primeira informação que entrar é a que ganha raiz, e depois de processada é difícil de rejeitar. E o medo actuará como reforço na incerteza. Um processo natural que condiciona logo à partida os que recebem  informação condicionada.

Há quem participe porque viveu uma situação real de efeito secundário grave, e embora a probabilidade seja muito reduzida, existe. E não é fácil explicar os enormes benefícios que a vacina significa para a humanidade ao indivíduo a quem calhou em sorte ser ou amar o 0,000001% probabilístico.

Há quem participe para ganhar ascendente sobre um grupo. São criminosos, talvez sociopatas, indivíduos que podem acreditar ou não no benefício das vacinas mas que manipulam o medo dos outros para fins pessoais.

Há quem participe por arrogância, por crença de que o seu estilo de vida os poupa a um risco que não percebem ser controlado porque os demais em sua volta são vacinados. Que mascaram com respostas variadíssimas e aparentemente muito racionais, da salvação das espécies amazónicas às imensas teorias da conspiração, imensas em número e em consequência.

Há quem participe por religiosidade, os seus mentores a defenderem a pureza do corpo e arrogantemente desprezando o valor das vidas dos outros, dos que não pertencem à comunidade como se a comunidade vivesse isolada das restantes.

E são estes dois últimos grupos os que são realmente perigosos, pela sua proeminência e pela sua capacidade de influência.

Apenas a lógica, o raciocínio, pode salvar das garras do extremismo. É a única vacina contra o movimento anti-vacinas. E, sabe-se agora, este está a ser fortemente financiado por pessoas insuspeitas. 

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Triunfo da Morte, por Pieter Bruegel, o Velho

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 05:28

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



2 comentários

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De /i. a 07.08.2019 às 14:09

Olá, Sarin
Sou a favor das vacinas. A vacinação é uma questão de saúde pública. As vacinas serviram para dissipar quase por completo certas doenças contagiosas. E continuam a ser fundamentais como antídoto para evitar a propagação de surtos. Contudo começou a existir uma displicência: viu-se com o alarmismo com surto do Sarampo
Acho uma certa piada as pessoas fervorosas maníacas pelas terapias naturais, substâncias duvidosas que por si só não têm validade científica e que os químicos são o mal do mundo. Os medicamentos tradicionais são constituídos por  substâncias químicas e substâncias naturais, as tais ervinhas. Não confiam nos laboratórios. Quem não falha? Toda a gente falha. O problema é não perceber a falha e encontrar a sua solução para remediar (recolha de medicamentos, por exemplo), em primeiro lugar e depois resolver a falha totalmente. 
Em Portugal esses suplementos milagrosos que são utilizados por muita gente em substituição das prescrições médicas. Prometem eliminar o colesterol, acabar com as gorduras localizadas dos panados e bolas de Berlim entretanto ingeridas ao longo de onze meses. Nota-se que existem menos portugueses a sofrer das maleitas do colesterol alto, dores... 
Como são suplementos não é o inFarmed que fiscaliza e autoriza a comercialização do milagre mas sim o ministério da agricultura. Porém, o ministério da agricultura está apto para assegurar a segurança, fiscalizar  se é fidedigna a composição do rótulo que aparece na embalagem. Ou a qualidade das substâncias utilizadas? 
Pois este mundo das terapias alternativas, naturais o que quiserem chamar estão a operar sem a mesma vigilância apertada a que os laboratórios estão sujeitos. 
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De Sarin a 07.08.2019 às 15:09

Já a ausência de controlo nos produtos ditos "de ervanária" é uma questão diferente - considero-a desonestidade comercial e demissão do Estado. O rigor exigido às farmacêuticas e a falta de rigor nestas... uma vez ia comprar um chá (gosto de chá preto, não propriamente de infusões) e descobri que aquela mistura tinha uma pequenita concentração de Pb. De chumbo. Mas como até estava escrito Pb e em letras miudinhas, ninguém ligava à coisa.

[a palavra a quem a quer]:

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