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Jogos Infantis, por Pieter Bruegel, o Velho
"Porque a minha religião me impede de receber tais substâncias no meu organismo."
"Porque os benefícios das vacinas são uma invenção das farmacêuticas."
"Porque as vacinas têm efeitos secundários."
"Porque... "
Não imagino todos os motivos que podem levar uma pessoa a recusar a vacinação dos seus filhos, a sua. Há muita publicação sobre o assunto, mas de quando em vez surge uma alegação diferente, uma explicação com dados e gráficos e exemplos. E se uns ignoram e refutam, outros há que acreditam.
Mas ninguém responde "Porque fui vítima de uma brutal campanha de desinformação."
E no entanto parece ser esta a grande causa.
O que levará as pessoas a participar em tal campanha? Penso que se poderão agrupar os participantes em cinco grandes grupos - e sublinho penso: esta é uma opinião formulada pela análise do que vou lendo e onde a única certeza é a de ser a imunização uma das melhores defesas contra a doença.
Há quem participe porque o ser humano é crédulo - a National Geographic tem pelo menos um artigo onde a mentira é abordada de forma acessível. A primeira informação que entrar é a que ganha raiz, e depois de processada é difícil de rejeitar. E o medo actuará como reforço na incerteza. Um processo natural que condiciona logo à partida os que recebem informação condicionada.
Há quem participe porque viveu uma situação real de efeito secundário grave, e embora a probabilidade seja muito reduzida, existe. E não é fácil explicar os enormes benefícios que a vacina significa para a humanidade ao indivíduo a quem calhou em sorte ser ou amar o 0,000001% probabilístico.
Há quem participe para ganhar ascendente sobre um grupo. São criminosos, talvez sociopatas, indivíduos que podem acreditar ou não no benefício das vacinas mas que manipulam o medo dos outros para fins pessoais.
Há quem participe por arrogância, por crença de que o seu estilo de vida os poupa a um risco que não percebem ser controlado porque os demais em sua volta são vacinados. Que mascaram com respostas variadíssimas e aparentemente muito racionais, da salvação das espécies amazónicas às imensas teorias da conspiração, imensas em número e em consequência.
Há quem participe por religiosidade, os seus mentores a defenderem a pureza do corpo e arrogantemente desprezando o valor das vidas dos outros, dos que não pertencem à comunidade como se a comunidade vivesse isolada das restantes.
E são estes dois últimos grupos os que são realmente perigosos, pela sua proeminência e pela sua capacidade de influência.
Apenas a lógica, o raciocínio, pode salvar das garras do extremismo. É a única vacina contra o movimento anti-vacinas. E, sabe-se agora, este está a ser fortemente financiado por pessoas insuspeitas.
Triunfo da Morte, por Pieter Bruegel, o Velho
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