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Não sei de que me ria mais:
* Do receio de uma vizinha que me perguntava se as passadeiras arco-íris não dificultariam a travessia, "assim todas às cores e em redondo";
* Da descoberta de que a ideia de as pintar em Lisboa partiu de membros do CDS-PP;
* Do perceber que a ideia avançou e foi aprovada entre gritos de discordância do próprio partido e o apelo à intervenção de Cristas para pôr ordem na casa. Ou na rua, no caso.
O Bloco costuma ter ideias assim: diferentes irreverentes alegres... assim. Umas divertidas outras de mau gosto, mas ninguém lhes pode negar o colorido - e não apenas por causa dos direitos LGBT. Está bem que a ideia não é nova, mas... novos tempos, estes da irreverência de gravata.
Que não uso. Nem uso chapéu, mas tirá-lo-ia perante Abel Matos Santos. Por muito importante que a sensibilização possa ser, não posso deixar de concordar com a sua reflexão: "A inclusão faz-se rebaixando passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, instalando dispositivos sonoros para cegos e tapando buracos na via pública." Concordo, e gostaria também de aplaudir uma proposta efectiva do CDS-PP tendente a esta inclusão de que fala AMS. Talvez um dia...
Parece-me que AMS esbarra algures na ilegalidade e no perigo das passadeiras arco-íris, como lhes chamam, mas convenhamos que a sua preocupação é legítima e lhe fica bem - a minha vizinha partilhava tais apreensões há uns anos. Parece-me, também, que AMS supõe que atender a esta inclusão substitui atender à outra, ou talvez que uma é mais importante do que a outra... mas talvez seja erro de interpretação da minha parte - é amplamente sabido que a sensibilização é muito importante para esbater a discriminação nas questões de género. Afinal, digo eu, ser uma questão íntima não é exactamente o mesmo que ser uma questão silenciada. Além disso, acho que os orçamentos para rebaixar passeios são substancialmente diferentes dos das latinhas de tinta, mas não quero desanimar Abel Matos Santos, defensor da inclusão!
E perante este seu discurso pergunto-me como terá desenvolvido este homem um tal desejo por sangue: demitir o responsável por tal proposta? Assim tão sumaria e radicalmente? Aparentemente, a democracia ainda não chegou, ou já desapareceu, do CDS-PP. Então não há liberdade de opinião e de acção, nem sequer nas autarquias?!
Talvez se tenham passado coisas estranhas nos bastidores, não sei, nunca fui íntima; mas, assim de repente, parece indignação genuína por parte dos mais conservadores dos conservadores - daqueles que rejeitam quaisquer alterações ao modo de vida como a conheciam, embora alguns já só de ouvir falar e por isso não saibam muito bem como agir.
Mas tudo ganha outros contornos quando percebo que este Abel é o mesmo Abel do Tendência Esperança em Movimento, o que há um ano surgiu como opositor de Cristas e teve quase 10% dos apoios. Giríssimas, as guerras internas, e ainda mais coloridas do que as passadeiras em causa!
Colar Cristas às passadeiras teria um simbolismo profundo e um resultado prático interessante de observar... mas desconfio que Assunção é mais dada a amestrar unicórnios.
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