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O Polígrafo também falha

por Sarin, em 01.02.19

polígrafo.jpg

imagem retirada do Jornalismo PortoNet

 

 

Uma vítima não é necessariamente uma vítima mortal.

 

Segundo a Pordata, em 2017 verificaram-se mais de 34000 acidentes de viação com vítimas.

Feridos registaram-se quase 44000, e mortos 510.

No Polígrafo, a propósito da verificação da frase de Marta Temido, dizem que o número de vítimas de erro médico será superior às vítimas de acidentes de viação,

1. Apresentando como dado "um valor entre 1300 e 2900" vítimas de erro médico;

2. Dizendo que o valor acima é estimado, "Estima-se", sem identificar Quem o estima. O Como também seria interessante conhecer, até porque em 2017 as queixas entradas no DIAP de Lisboa foram 60, sendo esta a única divisão que tem estatísticas desta queixa - conforme o noticiado em Janeiro de 2018 pelo Jornal de Notícias.

 

Muito pouco claro, ainda mais num jornal que se dedica à verificação de factos.

 

Em 10 minutos, uma breve pesquisa; e além dos dados que apresento no início do postal, descobri que a entidade que estimou os números de vítimas de erros médicos foi a Neglimed, associação de vítimas de negligência médica, e que apresentou tais valores sem identificar o prazo em que ocorreram os erros a que reportam. Além disso, tudo indica terem sido considerados nestes valores, cuja fórmula de apuramento desconheço, tanto vítimas de erro como vítimas de negligência.

 

Não é a primeira falha que detecto no Polígrafo - tenho ainda os alertas que lhes enviei nos dias 7 e 12 de Novembro, sobre o nome do baixista dos Queen, John Deacon trocado por um qualquer Roger Deacon desconhecido, ou sobre a classificação "pimenta na língua" (notícia escandalosamente falsa) atribuída a afirmações de Rui Vitória, em que este "mentiu" por se ter enganado numa diferença de 1,3% dos resultados obtidos na Champions... mas serão questões de somenos, estas que agora aponto. Não deixando de ser imprecisões jornalísticas a cuja correcção, apontada, ninguém deu crédito, serão pormenores de "bola" e "música", portanto nada de verdadeiramente importante.

No entanto, os dados e interpretações divulgados a propósito da verificação de factos feita à frase de Marta Temido, são graves, pois além de não serem suportados em factos replicam conclusões que induzem em erro - são, infelizmente, sensacionalistas.

Duvido que este postal seja lido por alguém daquele jornal, mas fica o alerta: nem todas as verificações de factos se cingem aos factos.

 

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[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 15:10

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



4 comentários

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De Sarin a 01.02.2019 às 19:07

Sim, por muito que tentemos ser imparciais, haverá de quando em vez ou mais paciência ou mais tolerância ou qualquer outro algo que nos mostra como somos humanos. Por isso eu gostar tanto de discutir factos sem identificar pessoas, é mais simples cortar a direito. Ou beber o conhaque a meias, já que para aí te fugiu a boca. :)


As classificações do Polígrafo são mal balizadas e até desnecessárias, mas sem elas acredito que não chamassem tantos leitores - ontem li na National Geographic um artigo sobre a mentira e de como é quase impossível levar alguém que numa crê a acreditar em factos que contradigam tal mentira.


Mas este tipo de inexactidão associada a especulação, não, acho inaceitável num jornal de verificação de factos. Fiquei mesmo furiosa com os senhores - nem reparei quem foi o autor de tal mistela, ainda para mais um parágrafo quase copiado integralmente de uma notícia com ano que não era deste jornal... mau trabalho!
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De naomedeemouvidos a 01.02.2019 às 19:31

Também li, e já tinha lido num outro qualquer canto que não recordo. A verdade interessa a quem? Acho que este é o maior desafio dos próximos tempos. De todos os tempos, já que, se é verdade que sempre houve mentira, nunca ela foi tão lesta e nunca chegou a tantas portas ao mesmo tempo. Dizem que não é possível toda a gente o tempo todo, mas...
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De Sarin a 02.02.2019 às 00:41

Nota-se isso tanto nas minudências como nas "grandes opções do plano". A falta de seriedade nas abordagens dos temas, a informação manipulada por omissão... e o problema é que, se for como dizem na NG, depois de absorvido o chavão, nada a fazer. Portanto, a salvação, se houver, deverá residir em vacinas contra este... ninguém ganhará de outra forma esta guerra, excepto talvez os sociopatas.


Vivemos os dias em que repetir muitas vezes uma verdade não a faz verdadeira.

[a palavra a quem a quer]




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