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Quando há 20 anos comecei a comunicar na internet (correio electrónico excluído) os nicknames eram a assinatura. Havia euforia, desconfiança, e muita vontade de comunicar.
Ninguém sabia muito sobre "segurança de dados pessoais" - mas pelo menos eu tinha noção de que, então como agora, há malucos para tudo, e não me apetecia levar uma facada ou ter demonstrações de amor em plena rua apenas por dizer que não gosto de amarelo mas gosto do arco-íris.
Usei na rede um nome que não o meu - recuperado da universidade, de quando chegou a ser alcunha entre poucos, burilada do estranho cruzamento entre notícias de atentados, características pessoais e pronúncias de nomes, e um agradecimento a quem chamava Inzabel à Rainha Santa e a mim.
Sempre o mesmo, excepto quando perdi a senha e temporariamente fui Bluediva, ao fim de uns anos Sarin tornou-se não um outro Eu mas a minha assinatura digital.
Se inicialmente surgiu porque "era assim", sinal dos tempos, rapidamente ficou porque... colou-se-me :)
Não é vergonha, não é medo, não é timidez - é segundo nome e é natural porque naturalmente incorporado. Aqui usado, vivido e defendido.
Nada assino na rede como Sarin que não assine ou não assinasse com o nome-de-fora-da-rede. Porque sou apenas uma e tenho apenas uma personalidade; os meus valores, as minhas perspectivas e as minhas opiniões não se moldam ao canal usado para comunicar.
Todos temos nome - fora da rede, pelo menos. Mas assine o nome que consta no Registo Civil ou o que dispara alertas nos Echelon-nossos-de-cada-dia, só não serei anónima para aqueles cujos dias têm momentos comuns aos meus, só terei nome e com ele identidade no pequeno campo onde gravito.
Como todos nós - a órbita é que pode variar entre o umbigo e o Sol.
Ainda assim, sinto alguma urticária perante faltas de assinaturas - porque não sei se me dirijo ao sem-assinatura correcto, e porque, na ausência de identificação de autoria, dificilmente consigo estabelecer ligação ou coerência entre comentários de Outros, entre temas discutidos em comum. E a discussão perde consistência, o debate alargado fica reduzido ao imediato.
Claro que há assinaturas iguais, e claro que há usurpação de assinaturas. Nada mais fácil!
E mesmo que o estilo de escrita difira, as opiniões sejam contraditórias e a linguagem varie, todos podemos ser experimentalistas, incoerentes, inconsequentes nem que apenas por um dia - como garantir quem é quem pelo X?
E, mais uma vez, é o debate alargado que sai a perder.
Criar um blogue é o que mais se assemelha a ter Cartão de Cidadão nesta rede que virtual mas realmente nos liga. Mesmo que o nome que assino não coincida.
E eu seja uma anónima entre tantos.
Muito gosto, sou Sarin :)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.