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Cheia teve a amabilidade de partilhar nos comentários um poema sobre Catarina Eufémia. De sua autoria, homenageia esta mulher morta pela brutalidade policial da ditadura.
Transcrevo o poema deixado no primeiro comentário. O poema merece. Obrigada, José Silva Costa!
Catarina Eufémia
O Mundo chorou
A tua brutal morte
Para espantares a fome
Arriscaste a sorte
Num tempo em que não se podia falar
Quanto mais reclamar!
Querias pão para os filhos sustentar
Como suportar
Ver os filhos de fome definhar?
O Alentejo não esquecerá
O triste dia, em que quem pedia, morria
A bruta força, não sabia, dialogar!
Queria, a todo o custo, a revolta, acabar
Cegos de ódio
Nem o facto de levares um filho ao colo e outro no ventre
Lhes fez, o coração, amolecer
Não! Nunca poderemos esquecer
O teu exemplo
Mulher, mãe, que apenas, trabalho, pedia
Porque não suportava a gritaria, que a fome fazia
Numa planície escaldante
Sem água, sem pão, sem fonte
Não foi em vão que deste o teu sangue, pelo Monte
Queriam calar-te!
Mas todos os dias, todos os anos, todos os séculos te vamos recordar
Nunca deixaremos de gritar: trabalho, pão, paz, para os filhos criar.
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