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Movimento político NQGNP

por Sarin, em 17.07.19

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Para que não me pensem desertora aqui do burgo, venho (muito de passagem) iniciar um movimento político:

 

Nunca percebi o porquê de continuarmos a receber guardanapos entre o prato e as tostas, as sandes, os bolos. Se nos fritos sempre absorve alguma gordura (para quem tem coragem de aceitar comida mais oleada que cambota de motor), nos outros só atrapalha. E não apenas, se analisarmos melhor este hábito que representa desperdício de papel (vertente ambiental) de dinheiro (vertente económica) e que se pode revelar perigoso (segurança alimentar). Manias!

Dispensem-no. Digam para não vos porem o papelucho no prato -  mas digam-no antes de vos colocarem a comida sobre o guardanapo, recusar depois de servido será apenas demonstração de petulância e mau-feitio. Afinal, convém relembrar que as condições do serviço se negoceiam antes da sua prestação.

 

Se depois de tal pedido vos responderem que "não pode ser por causa da segurança alimentar", que é bem provável que aconteça, peçam-lhes as avaliações de riscos e que por elas vos encontrem a justificação. Se conseguirem.

Armando em técnica, que sou, adianto-vos que os pratos têm de ser lavados a 55-65•C e enxaguados a 80•C, temperatura de desinfecção, com detergente específico para a indústria agro-alimentar. Logo, a superfície de contacto com o alimento dispensa outra protecção - o guardanapo, que há muitos anos talvez se justificasse pela lavagem manual a frio, mas que agora foi tornado obsoleto pelas máquinas de lavar industriais.

Depois de verificadas as condições de higienização (e acondicionamento) dos pratos, verifiquem se as condições de armazenamento dos guardanapos constam da tal avaliação. Dificilmente constam, aviso... pois é, poderão estar perante um perigo alimentar absolutamente desnecessário - porque os ratos gostam de papel e as embalagens passam por muitos armazéns antes de chegarem ao café ou ao pub; e mesmo que este tenha um controlo de pragas de excelência, as leptospiras (presentes na urina dos roedores) podem impregnar o papel muito antes de este chegar ao café - e não estou a ver o sr. Zé do café a rastrear os guardanapos... se o fizer, pronto, a leptospirose e outros riscos estarão sob controlo, parabéns sr. Zé!

Assustei-vos? É apenas um exemplo, e dos mais graves senão não valeria a pena exemplificar; mas quantas vezes as dores de cabeça e as dores de barriga sem causa aparente resultam de coisas assim mínimas?

 

Enfim, depois disto feito não se lhes riam nas caras de quem perpetua manias sem saber porquê mas que responde "é por causa da lei" porque assim lhes foi transmitido.

Digam-lhes antes:

Não quero guardanapo no prato.

Ser-lhes-á mais fácil aprender a pensar no que é isso do Agá-Cê-Pê que pagam sem saberem para quê.

 

Só para chatear

Não estou na rede que usa o cardinal para não sei bem o quê, mas vá, ei-los, usem e abusem e talvez a moda sustentada pegue:

#nãoqueroguardanaponoprato

#nqgnp

 

Não será grande coisa como movimento, mas há por aí alguns mais mal fundamentados...

Até breve.

 

ADENDA

Depois de ler os comentários, temo não ter sido explícita como pretendia ao usar o exemplo das leptospiras.

Assim, esclareço que os perigos (circunstâncias) podem ter riscos (consequências) graves associados; mas a avaliação do risco faz-se pela gravidade e pela probabilidade da sua ocorrência, sendo esta condicionada pelos mecanismos naturais e pelos mecanismos de controlo.

Assim, a leptospirose ser grave não significa que seja provável, pois depende dos mecanismos naturais (as leptospiras estarem activas - pouco provável na ausência de humidade, portanto a capacidade patogénica será reduzida) e dos mecanismos de controlo (a tal rastreabilidade, que significa saber exactamente como e com que materiais foi produzido o artigo, por onde e em que condições andou até chegar ao café; e as condições de acondicionamento, incluindo a existência de um controlo de pragas adequado, e de manuseamento desde que entra no café/bar até chegar à mão do consumidor final).

São muitos os factores que interferem, e quanto mais bem identificados e controlados menor a probabilidade da ocorrência da doença, da intoxicação alimentar, da reacção alérgica.

Por isso estas avaliações de riscos não deverem ser feitas levianamente. Nem por quem não perceba da matéria - ter ouvido falar no assunto não chega, a Saúde Pública é bem mais importante do que achismos e a economia local não pode depender de (maus) rumores.

Assim, creiam que não pretendi nem pretendo ser alarmista, até porque a maior parte dos HACCP implementados atenta nos riscos comuns.

Não desejo que se sintam alarmados, os riscos graves e incomuns mas prováveis geralmente espoletam alertas públicos pela Direcção-Geral de Saúde.

Mas espero desejo quero que fiquemos alerta para este e outros (não tão) pormenores que influenciam ambiente e saúde.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 18:36

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



46 comentários

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De Sarin a 18.07.2019 às 00:38

Acontece ;)

[a palavra a quem a quer]




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e uma viagem diferente



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