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... José Luís Martínez-Almeida, Alcaide de Madrid pelo PP desde meados de Junho, com o apoio de Begoña Villacis do Ciudadanos, e talvez sob uma especial pressão do Voxx, cancelou as actuações de alguns cantores nas festas de Madrid. Actuações marcadas para este Verão e que haviam sido aprovadas e contratadas pelo executivo anterior.
Motivos?
Um, o concerto do grupo Def con Dos no distrito municipal de Tetuán, foi alegadamente cancelado porque um dos membros da banda, o rapper César Strawberry, foi condenado a um ano de prisão e a 6,5 meses de interdição pelo Supremo por ter enaltecido o terrorismo em 2013-2014. Um membro, não o grupo. E não com armas, não com incitamentos, mas com tuítes como "quantos deveriam seguir o voo de Carrero Blanco", "Ortega Lara devia ser sequestrado agora", "o fascismo sem complexos de Aguirre faz-me ter saudades dos GRAPO". Anulou-se um contrato com 11 elementos porque 1 foi condenado pelo Supremo com uma sentença que ainda está em avaliação no Tribunal Constitucional.
Posso compreender a vontade de um executivo não querer contratar com dinheiros públicos um grupo que tenha elementos condenados por um crime, qualquer crime!, ligado ao terrorismo - ainda que esta sentença esteja em análise. Mas não posso compreender nem aceitar que se invoque tal argumento para cancelar um contrato assinado pelo executivo anterior e que não teve qualquer oposição por parte dos representantes dos partidos que agora detêm o poder.
O outro, o concerto de Luís Pastor em Moncloa-Aravaca, foi cancelado porque.... porque... bom, aparentemente porque Luís Pastor é de esquerda e o alcaide não gosta da sua música.
Exactamente: o alcaide não gosta da sua música. Isso!
Comecei este postal no dia 31 de Julho. Mas suspendi-o: talvez porque esperava que houvesse um retrocesso na decisão, certamente porque esperava uma outra justificação. Que não surgiu.
Mas, entretanto também em Madrid, Villacis veio a terreiro dizer que não apoiava o cancelamento do concerto de Luís Pastor "devido a gostos musicais", e até membros do executivo camarário afectos ao PP se demarcaram de tal decisão.
Que, no entanto, se mantém.
Assim vai o exercício do poder por terras de Espanha... Herdeiros assumidos do franquismo, e com o impulso dado pela aceitação do Voxx, membros do Partido Popular espanhol recomeçam a censurar abertamente as manifestações culturais. Um triste prenúncio do que poderá ser um próximo governo PP.
Ainda que haja quem lhes faça frente:
Contactados para substituírem Luís Pastor, Los Fesser recusaram. Por solidariedade.
E Luís Pastor vai mesmo actuar em Aravaca no dia 8 de Setembro - não nas festas oficiais, mas num encontro organizado por associações dos bairros que compõem o distrito municipal onde se situa o Palácio da Moncloa.
Para os mais distraídos, Espanha é o país que está aqui mesmo ao lado.
Guernica, de Pablo Picasso (1937)
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