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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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De nós saem fitas que se enlaçam nas fitas de outros, e assim nos ligamos. Assim encontramos pessoas, assim as conhecemos, assim construímos relações. Assim construímos famílias - de sangue e de peito, que o sangue por si nada entrelaça mas o carinho sim, e não menos família os amigos que escolhemos. Cada fita uma pessoa, intransmissível, e única.
Em tempos de confinamento, haverá quem se confine em si mesmo e no pequeno universo onde em clausura. Mas a vida continua lá fora, na vida dos outros encapsulados também. Há que manter, alimentar os laços que nos unem, mesmo que doa romper o confinamento em nós.
Não se podem adiar, estes laços. Não se podem arrumar numa prateleira porque agora não apetecem - do outro lado, os outros continuam a estar, a nutrir este mesmo laço.
Há que manter, alimentar os laços que nos mantêm inteiros e conscientes dos outros. Até uma breve conversa é sinal de que estamos aqui, em nós, mas também ali, com eles. Continuamos com eles. Mesmo que não apeteça, tão mais doce o nosso silêncio!, em algum dia teremos de relembrar o laço e vencer a falta de apetite - porque as traças rompem os laços arrumados até das fitas restarem apenas traços de pó.
Ou então desatemos tais laços, para que não se dissolvam na espera. Um laço bem desatado não rompe as fitas nem as deixa de pontas soltas, pois que as enlaça num outro nó ou as enrola até outro presente.
Um laço dissolvido na espera não deixa fitas. E só temos uma fita para cada outro.
Qual a resistência de laços traçados?
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