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Todos temos direito à opinião. E à sua expressão.
Mas não deveríamos assumir o dever de ter uma opinião minimamente informada? De pesar e pensar aquilo que dizemos, que escrevemos?
Podemos opinar sobre qualquer coisa - até sobre o que desconhecemos. Podemos, mas será que devemos?
Reportemo-nos à opinião sobre os outros, sobre a sociedade.
Se é altamente aconselhável conhecer alguns factos antes de opinarmos, também é importante percebermos os seus contextos e limitações.
Por exemplo, que na hora da decisão quem decide nem sempre tem acesso aos mesmos dados que nós quando lemos as notícias.
Aplica-se ao árbitro que decide sem recurso a imagens tratadas por computador, ao INEM que envia meios antes de conhecidos os quadros clínicos, à escola que inscreve o aluno com os documentos e a morada que lhe são facultados, .... suponho que estas imagens assim evocadas sejam suficientes para ilustrar a ideia.
Desenvolver opinião é um exercício da razão, do raciocínio. Não é profissão de fé, não é declaração de amor, não é jura de ódio. A opinião pode e deve ter sentimento, pois que não somos autómatos!, mas a opinião não é a expressão do que se sente, antes do que se pensa. E pensar é verbo muito esquecido por alguns - para ser bem conjugado precisa de matéria-prima e de treino.
Opinar não precisa de palavras difíceis, mas tem as suas dificuldades: as fronteiras da civilidade, da sensibilidade, da capacidade... e, só para chatear, estas não têm mapa.
Daí a necessidade de treino - na leitura dos factos, na interpretação dos outros, na compreensão de nós. Sob pena de falarmos muito e opinarmos sobre coisa nenhuma.
Perceber a diferença entre pensar e sentir, opinar consciente desta diferença, ajuda a evitar muitas discussões sem argumentos - como poderemos refutar o que alguém sente? E ajuda a elidir os populismos - ignorando os apelos ao sentimento, dando atenção aos factos e sobre estes e estes apenas formulando juízo.
A opinião é sempre subjectiva. Mas opinar conhecendo os factos e os contextos ajuda a exercer uma cidadania mais crítica e efectiva. O resto é música. Pimba!
imagem recolhida no inforrm
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