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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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Há uns tempos disse que não voltaria a ver notícias à hora da refeição. Mas quando filo a bóia nos pais, e porque acompanhada, nem sempre consigo mudar de canal ou apagar o aparelho, por muito sub-repticiamente que o tente. Acreditem, há dias em que me aproximo da televisão com uma leveza de gato a acercar-se do ninho...
Hoje foi um daqueles em que talvez o tenha tentado com a graciosidade de um hipopótamo no [pub] Museu da Vista Alegre, e acabei por acompanhar o "E se fosse consigo?"
O tema, assédio moral no trabalho, foi muito bem ilustrado por dois actores, uma empregada de limpeza a quem o patrão chamava incompetente e mandava acelerar o trabalho de lavagem do chão no átrio de um ginásio.
O realizador talvez tenha captado 15 ou 20 passantes. A maioria interveio, muito poucos se quedaram mudos, todos incomodados, nenhum indiferente. Novos, velhos, homens, mulheres, uma voz comum: exigiam tratamento digno para a funcionária. Que o patrão até poderia ter razão mas nem aquela forma nem aquele local eram os correctos para o dizer, alertaram alguns; outros exigiram que parasse com tal atitude, e houve mesmo quem tentasse encorajar a funcionária a dizer ao patrão que já chegava de humilhação e que o assédio era crime. Muito calmos e assertivos, até o que chamou besta ao patrão .
Fiquei de alma cheia!
Quando nem um passante fica indiferente e cerca de 75% intervém activamente numa situação destas, sinto que ainda há esperança para o nosso País. Que não estamos totalmente alheados do outro, que não nos limitamos ao nosso quintal.
Muitos não se terão apercebido, outros nem terão tal consciência, mas o que fizeram foi acção política tanto quanto foi solidariedade.
Fará diferença ter sido num centro urbano? Talvez. Mas é também aí que se concentra a maioria da população, portanto insisto: deu-me esperança.
Agora espero e desejo que assim ajam noutras situações.
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