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E se fosse sempre assim?

por Sarin, em 29.05.19

 

 

Há uns tempos disse que não voltaria a ver notícias à hora da refeição. Mas quando filo a bóia nos pais, e porque acompanhada, nem sempre consigo mudar de canal ou apagar o aparelho, por muito sub-repticiamente que o tente. Acreditem, há dias em que me aproximo da televisão com uma leveza de gato a acercar-se do ninho...

Hoje foi um daqueles em que talvez o tenha tentado com a graciosidade de um hipopótamo no [pub] Museu da Vista Alegre, e acabei por acompanhar o "E se fosse consigo?"

O tema, assédio moral no trabalho, foi muito bem ilustrado por dois actores, uma empregada de limpeza a quem o patrão chamava incompetente e mandava acelerar o trabalho de lavagem do chão no átrio de um ginásio.

O realizador talvez tenha captado 15 ou 20 passantes. A maioria interveio, muito poucos se quedaram mudos, todos incomodados, nenhum indiferente. Novos, velhos, homens, mulheres, uma voz comum: exigiam tratamento digno para a funcionária. Que o patrão até poderia ter razão mas nem aquela forma nem aquele local eram os correctos para o dizer, alertaram alguns; outros exigiram que parasse com tal atitude, e houve mesmo quem tentasse encorajar a funcionária a dizer ao patrão que já chegava de humilhação e que o assédio era crime. Muito calmos e assertivos, até o que chamou besta ao patrão .

Fiquei de alma cheia!

Quando nem um passante fica indiferente e cerca de 75% intervém activamente numa situação destas, sinto que ainda há esperança para o nosso País. Que não estamos totalmente alheados do outro, que não nos limitamos ao nosso quintal.

 

Muitos não se terão apercebido, outros nem terão tal consciência, mas o que fizeram foi acção política tanto quanto foi solidariedade.

Fará diferença ter sido num centro urbano? Talvez. Mas é também aí que se concentra a maioria da população, portanto insisto: deu-me esperança.

 

Agora espero e desejo que assim ajam noutras situações.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 18:42

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



13 comentários

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De MJP a 29.05.2019 às 19:02


Olá, Sarin!


"Muitos não se terão apercebido, outros nem terão tal consciência, mas o que fizeram foi acção política tanto quanto foi solidariedade."



Exactamente!!!

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De Sarin a 29.05.2019 às 19:06

As pessoas sentem as injustiças, MJP. Mas algumas precisam que lhes expliquem porque é injustiça, como se corrige, como se evita, como se reclama. Educação para a cidadania pode ser feita em qualquer idade, e tem de avançar. 
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De MJP a 29.05.2019 às 19:07

Tens toda a razão!!!...
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De /i. a 29.05.2019 às 19:48

Eu vi a repetição na sicnotícias. E fiquei fã da reação da senhora mexicana. Em poucos minutos deu-lhe, ao chefe fictício, umas duas ou três lições de como não se deve ser o comportamento de um chefe. Há gente que ministra formações sobre liderança de equipas e que pouco sabem na realidade a diferença de um chefe e de um líder. 
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De Sarin a 29.05.2019 às 21:48

Subscrevo, como formadora tive que desmontar estereótipos mesmo entre os funcionários - e não foi fácil, sentia-me uma estranha com um ananás na cabeça...
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De /i. a 30.05.2019 às 00:34

Imagino a tua dificuldade.  
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De Sarin a 30.05.2019 às 01:58

Gosto de cantar, mas sou mais Elis e Zizi e Simone; não tenho gosto nem jeito para Carmen Miranda ;)
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De HD a 29.05.2019 às 20:32

Nem tudo está mal neste país... :-)
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De Sarin a 29.05.2019 às 21:49

Não, nem tudo está mal.. :)
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De José da Xã a 30.05.2019 às 09:44

Sarin,
Há muitos snos assiati na rua a violência entre marido e mulher. Ao tentar inervir em defesa da senhora esta revoltou-se contra mim.
Tal como uma vez tentei ajudar um cego e foi mal educado comigo. Teve azar... levou uma resposta que provavelmente não estava à espera. <br />Pirtanto... deixei de me meter em confusões.<br />É triste mas o ser humano por vezes é muuuuuuuuuuuuito estranho.<br />Um bom dia.
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De Sarin a 30.05.2019 às 10:03

Das experiências que tenho, a recusa vem normalmente do mecanismo de defesa - não estão habituados a ajuda de igual para igual. São tratados como coitadinhos, como dependentes, como frágeis... os que recusam tais rótulos reagem mal a qualquer aproximação. Cegos, coxos, analfabetos, vítimas de violência com síndroma de Estocolmo, ... até idosos orgulhosos de pé na fila!


Não lhes levo a mal, mas não deixo de me oferecer ou de intervir.
No Domingo, mesmo estando doente atrasei-me por estar a enviar sms para o 3838 - em nome de estranhos, nos seus telemóveis. Quando percebi que a febre não me deixaria continuar, disse alto e bom som ao grupo de gente perdida que se amontoava à entrada da escola  como deveria fazer para saber a sua mesa. Alguns resmungaram que sabiam muito bem procurar a mesa de voto. Quando saí ainda procuravam, fazer o quê? :)
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De tron a 31.05.2019 às 20:13


Cara vizinha dos blogs do Sapo, esta situação lembra-me algo que passei por duas vezes na minha vida laboral e ambas na hotelaria: uma na Pizza Hut das Picoas e outra num restaurante gourmet do Bairro Alto.
Mas no caso da PH era mais flagrante passando repreensões constantes com a loja cheia e na semana que lá passei tanto me enchi que cheguei ao final da semana e pedi as contas.
No restaurante gourmet valeram-se da fama temporária que tive porque tive um desempenho interessante num concurso de TV para tentarem revitalizar o negócio, todavia, eu tinha perdido a minha mãe uns dias antes e tinha feito um tratamento dentário profundo que envolveu enxertos gengivais e ainda fui trabalhar com os pontos e a boca inchada e no restaurante despediram-me por "não sorrir" para os clientes.
Desde de então fiz dois cursos de formação e um estágio em consequência do segundo curso e agora ando a pesca de emprego.
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De Sarin a 31.05.2019 às 21:36

São situações abusivas e difíceis de gerir; mas é importante que as vítimas saibam que há quem os apoie, e que não têm de aturar tais abusos. Não lhes dará imunização... mas talvez lhes impeça actos desesperados, que estes tornam-se sucessivos até à quase anulação da personalidade.


Boa sorte na pesca, tron!

[a palavra a quem a quer]




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e uma viagem diferente



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