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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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Pessoas na praia! Que Horror! Que irresponsabilidade! Que inconsciência, a exporem-se e a facilitarem a propagação do vírus!
Na praia, a céu aberto, com ar naturalmente renovado onde não há muitas superfícies de contacto. Na praia, onde o sol e a maresia podem fazer mais pelo ânimo e pelo sistema imunitário do que caixas de ansiolíticos e suplementos vitamínicos.
E os sempre indignados presumem imediatamente que quem está na praia é quem devia estar de quarentena, e a todos arrolam como idiotas irresponsáveis. E a comunicação social entrevista os que estão em grupo na esplanada (quiçá habitantes da mesma casa? a pergunta não foi feita), mas nem uma entrevista vi a quem estava, apenas, na praia.
E logo se toma a parte pelo todo, e logo se quer fechar toda a gente em casa.
E começando nos sempre indignados, a histeria ecoa nas ondas do medo e da suspeição envolvendo, até, os geralmente ponderados.
Pessoas a açambarcarem bens nos supermercados! Que Horror! Que alarmismo e que falta de civismo!
Em supermercados, locais fechados com ar forçado e cheios de superfícies tocáveis e tocadas.
E, aqui, os sempre indignados condenam o alarmismo que enche carrinhos e esvazia prateleiras. Aqui, já não se lembram da inconsciência da exposição ao risco, não são chamadas as regras sanitárias e nem sequer apontam a muito maior proximidade ou aventam que alguns compradores poderão ser indivíduos em quarentena. O bicho indignado serpenteia por estranhos meandros....
Tenhamos calma, juízo e consistência, caramba! Antes de julgarmos as acções dos outros, avaliemos bem as situações - ainda mais nestes tempos de guerra ao vírus e ao medo. O país deve abrandar, não parar. As regras sanitárias são para cumprir por todos, mas a quarentena e o isolamento social são para cumprir por aqueles a quem for decretado conforme a avaliação do risco. Pense-se na deliberação do Conselho Nacional de Saúde Pública sobre o encerramento das escolas e museus, pois que a minha voz não tem peso e sou, apenas, ponderada.
O país não está de quarentena - mas pode vir a estar. Apanhar ar puro - na praia, no campo ou na mata, esqueçam bancos de jardins e parques infantis - será ainda uma boa opção de lazer. E, em breve, pode bem ser das poucas permitidas.
Há que respeitar quarentenas e isolamentos decretados. Há que cumprir as regras sanitárias. Há que não formar multidões. Há que manter a calma - e isso inclui avaliar as situações antes de apontar dedos.
Adenda: a calma inclui a abordagem à lista de compras.
Para quem não sabe, a DGS, para este caso concreto, aconselha mantimentos para 10 dias e 6 litros de água por pessoa.
Aproveito para relembrar que a Cruz Vermelha tem listada a composição do kit de sobrevivência, fundamental no quotidiano de cada habitação e, até, posto de trabalho (com as devidas adequações).
imagem 1: Praia de Carcavelos (NiT) Imagem escolhida por representar uma forma responsável de frequentar a praia nestes tempos.
Imagem 2: Comprador algures na Ásia (fonte desconhecida). Imagem escolhida por contrastar com a reacção aos nossos carrinhos de supermercado.
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