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Pergunto-me qual a probabilidade de não ter contratado mais por a outros não ter encontrado préstimo ou talento...
Sim, porque a lei das incompatibilidades nada incompatibiliza, vejam-se os inúmeros casos dos quais recordo, por mais evidente, o de Maria Luís Albuquerque, e certamente não faltarão estágios governamentais para futuros gestores de empresas privadas: nada melhor do que tutelar uma empresa para ficar a saber como ajudar a geri-la.
Esta vergonhosa troca de influências é possível porque o circuito político assim está desenhado. Repare-se que quase todos os ministros e directores de hoje foram deputados ontem [frase que se pode aplicar em qualquer governação desde a década de '80]. Na prática, temos os deputados de hoje a legislar a regulação dos cargos que ocuparão amanhã, o que é uma muito eficaz forma de regular coisa nenhuma - e bastaria ver como se auto-regulam enquanto deputados, mas infelizmente temos exemplos reais da vida profissional no pós-governação.
Mas é bom que estes maus exemplos vão gerando notícias:
* A Comunicação Social, silente na discussão e aprovação das leis incompatíveis com o Estado, vai assim fingindo que se preocupa - evidenciando a contragosto a sua ineficácia como contrapoder.
* Os ora deputados ora governantes poderão sentir-se tentados a alterar a sua postura. Sim, tenho esperança na plausibilidade da história da cantarinha: tanta vez a vergonha vai à AR e ao Governo que talvez um dia lá fique.
imagem: Caïn venant de tuer son frère Abel, de Henri Vidal (escultura no Jardim das Tulherias, Paris, França).
Fotografia de Alex E. Proimos, usada ao abrigo da Creative Commons cc-by-2.0.
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