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Dia Mundial da Criança

quase seis meses depois

por Sarin, em 20.11.19

Tristemente, pouco ou nada tenho a acrescentar ao que disse no dia 1 de Junho. Por isso, reedito esse meu postal. 

 

Oficialmente, o Dia Mundial da Criança é o 20 de Novembro.

Porque foi no dia 20 de Novembro de 1959 que na ONU se assinou a Declaração Universal dos Direitos da Criança. E foi no dia 20 de Novembro que em 1989 se assinou a Convenção dos Direitos da Criança.

Esta convenção é, apenas, o tratado internacional mais ratificado de sempre: 192 dos 193 países reconhecidos junto da ONU são aderentes. A excepção são os EUA.

 

Mas o dia 1 de Junho já anteriormente havia sido declarado Dia Internacional da Criança... em 1925, durante a Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança realizada em Genebra, 

Por isso, em 51 países o Dia da Criança continua a ser celebrado a 1 de Junho.

Mas apenas 115 países dos mais de 200 países existentes no Mundo comemoram esta data - ou melhor, 114, pois no Japão não se comemora o Dia da Criança mas sim o Dia das Meninas (3 de Março) e o Dia dos Meninos (5 de Maio), uma evidência de quão profundamente a sociedade nipónica ainda é machista.

 

A Convenção dos Direitos da Criança não é um mero quadro de boas intenções: é um tratado internacional, um documento que deve ser vertido na legislação de cada um dos cento e noventa e dois países que a assinaram.

Assenta em quatro grandes pilares, transcritos exactamente como constam no sítio da UNICEF:

  • não discriminação, que significa que todas as crianças têm o direito de desenvolver todo o seu potencial – todas as crianças, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo.
  • interesse superior da criança deve ser uma consideração prioritária em todas as acções e decisões que lhe digam respeito.
  • sobrevivência e desenvolvimento sublinha a importância vital da garantia de acesso a serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as crianças possam desenvolver-se plenamente.
  • opinião da criança que significa que a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.

 

E, no entanto...

... são cerca de 15000 as crianças com menos de 5 anos que morrem diariamente.

... a cada 7 minutos morre um adolescente de forma violenta; em 2015 foram cerca de 82000.

... um quarto das crianças com menos de 5 anos não está registada. Sem registo não há certidão, sem certidão não há acesso aos cuidados de saúde ou à educação.

... em África, 38,6% das crianças em meio rural e 25,7% em meio urbano estão subnutridas.

... 61 milhões de crianças em idade escolar nunca andaram na escola nem frequentaram o ensino básico.

... há países onde nem todas as escolas têm água canalizada, instalações sanitárias ou promovem a higienização: são 58 os países onde nenhuma escola tem água canalizada, 49 os sem escolas com instalações sanitárias básicas e 70 aqueles onde as escolas não têm nem água nem  sabão para lavagem das mãos.

... há cerca de 152 milhões de crianças a trabalhar no mundo. Aproximadamente 18,2 milhões na indústria do vestuário e calçado, e cerca de 1 milhão na extracção de minérios para a indústria electrónica, actividade que também facilita a prostituição infantil.

... cerca de 17 milhões de mulheres adultas oriundas de países com baixos rendimentos disseram terem tido sexo forçado na infância, e cerca de 2,5 milhões de jovens mulheres de 28 países da Europa afirmaram terem sofrido violência sexual antes dos 15 anos. Não há dados sobre a violência sexual contra homens, não quer dizer que não exista.

... ... ...

... porque há muito mais.

 

Que, dolorosamente, é também muito menos.

Menos atenção.

Menos cuidado.

Menos futuro.

 

 

E menos prendas, por favor:

Muitas das que hoje serão colocadas nas mãozitas das crianças felizes estão marcadas por mãozinhas de crianças sem riso. 

 

relembro as crianças no daesh,

ou, numa realidade oposta e mais nossa,

a Gaffe conta outra vez.

e mais poderia relembrar

mas, porque não perco a esperança,

deixo a ligação ao Tia! Tia! Tia!

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 14:35

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



6 comentários

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De Ba bla bla a 20.11.2019 às 15:11

"Muitas das que hoje serão colocadas nas mãozitas das crianças felizes estão marcadas por mãozinhas de crianças sem riso." -  Relativamente a esta frase não posso deixar de sugerir que leias uma pequena "história de Natal" que consta logo no inicio do livro Para Onde Vão os Chapéus de Chuva de Afonso Cruz.
Mesmo que não possas comprar, quando passares numa livraria lê o inicio desse livro, é uma pequena história ilustrada pelo próprio, não demoras nem 3 minutos a ler. Ilustra a tua frase na perfeição...infelizmente... uma realidade que preferimos ignorar.
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De Sarin a 20.11.2019 às 15:21

Olá, Blá. Lerei, sim, assim que tiver oportunidade.
O vídeo (que inicialmente era apresentação de diapositivos em Powerpoint, mas obrigava a baixar o ficheiro e por isso fiz vídeo) apresenta algumas fotografias colhidas na rede que ilustram as crianças sem riso :(
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De Luísa de Sousa a 20.11.2019 às 21:42

Obrigada Sara pelo postal, como sempre, para reflectir!!!
Beijinhos
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De Sarin a 20.11.2019 às 21:49

Beijinhos, Luísa :**
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De Gaffe a 21.11.2019 às 13:30

É muito importante referir que a criança é sempre um fulcral universo e é sempre lugar central da universalidade.
É trágico termos de a perder, para doarmos importância ao perdido. É dramático que nos tenham de faltar as crianças para que saibamos que nada vai resistir depois. 
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De Sarin a 21.11.2019 às 13:34

Concordo, agora que sentimos a sua importância, que as valorizamos e queremos valorizadas, faltam-nos aqui e ficam-se por falta de nós tão longe.

[a palavra a quem a quer]




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e uma viagem diferente



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