Imagem do blog - Gaffe
cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O PSOE ganhou as eleições. Mas dizem que ficou pior do que antes, que a Sanchez será mais difícil formar governo agora que a direita sai reforçada.
Antes de tudo, convém dizer que a direita está praticamente onde estava, apenas ganhou 3 deputados (o mesmo número que o PSOE perdeu) tendo passado por um processo autofágico: o Ciudadanos cedeu 47 dos seus deputados, dos quais 28 ao Vox (passa de 24 para 52) e 19 ao PP (passa de 66 para 88)
Ao contrário dos analistas, desde os especialistas a todos os outros mais bem ou mais mal informados, penso que Sanchez terá condições para formar governo mais facilmente.
O Podemos perdeu o papel de fulcro, a governabilidade já não depende apenas de Iglesias - que, se antes poderia ter a pretensão de dominar quatro ministérios, neste momento não estará em posição de exigir muito. A menos que não se aperceba dos sinais de instabilidade no reino, o mais notório o esvaziamento do Ciudadanos para os partidos à direita.
Por outro lado, os partidos autonómicos têm tudo a ganhar e talvez consigam trazer a debate a revisão constitucional que as revisões dos estatutos autonómicos de 2006 evidenciaram necessária. Não terão deputados suficientes para a aprovar e levar ao Senado, já que o PP e o Vox nunca votarão a favor de mais autonomia, mas poderão colocar na rua a discussão "Mais autonomia vs Independência".
E, entre todos estes, Sanchez pouco mais poderá fazer do que gerir e tentar manter a governação à esquerda.
Tenho por improvável a coabitação prolongada do PSOE unificador com os independentistas - acordos pontuais visando afastar a direita, ser-lhes-à fácil; mas Sanchez quer uma Espanha coesa e não acederá a quaisquer medidas que robusteçam independências no médio prazo.
Ainda assim, suponho que o novo governo esteja em funções tempo suficiente para que o debate sobre maior autonomia ganhe força. Talvez que se dominem os ímpetos independentistas e, por equilíbrio de forças, também a extrema-direita.
E não, não é apenas por ser meu desejo - em 2006 a Catalunha apenas queria mais autonomia. E se o terrorismo independentista basco atemorizou e devastou famílias durante anos mas não enfraqueceu os governos, estes 13 anos de braço-de-ferro com a Catalunha provaram que os governos ficam muito mais vulneráveis quando tentam minar os processos políticos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.