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De Espanha, os casamentos...

por Sarin, em 11.11.19

 

O PSOE ganhou as eleições. Mas dizem que ficou pior do que antes, que a Sanchez será mais difícil formar governo agora que a direita sai reforçada.

Antes de tudo, convém dizer que a direita está praticamente onde estava, apenas ganhou 3 deputados (o mesmo número que o PSOE perdeu) tendo passado por um processo autofágico: o Ciudadanos cedeu 47 dos seus deputados, dos quais 28 ao Vox  (passa de 24 para 52) e 19 ao PP (passa de 66 para 88)

Ao contrário dos analistas, desde os especialistas a todos os outros mais bem ou mais mal informados, penso que Sanchez terá condições para  formar governo mais facilmente.

O Podemos perdeu o papel de fulcro, a governabilidade já não depende apenas de Iglesias - que, se antes poderia ter a pretensão de dominar quatro ministérios, neste momento não estará em posição de exigir muito. A menos que não se aperceba dos sinais de instabilidade no reino, o mais notório o esvaziamento do Ciudadanos para os partidos à direita.

Por outro lado, os partidos autonómicos têm tudo a ganhar e talvez consigam trazer a debate a revisão constitucional que as revisões dos estatutos autonómicos de 2006 evidenciaram necessária. Não terão deputados suficientes para a aprovar e levar ao Senado, já que o PP e o Vox nunca votarão a favor de mais autonomia, mas poderão colocar na rua a discussão "Mais autonomia vs Independência".

E, entre todos estes, Sanchez pouco mais poderá fazer do que gerir e tentar manter a governação à esquerda.

Tenho por improvável a coabitação prolongada do PSOE unificador com os independentistas - acordos pontuais visando afastar a direita, ser-lhes-à fácil; mas Sanchez quer uma Espanha coesa e não acederá a quaisquer medidas que robusteçam independências no médio prazo.

Ainda assim, suponho que o novo governo esteja em funções tempo suficiente para que o debate sobre maior autonomia ganhe força. Talvez que se dominem os ímpetos independentistas e, por equilíbrio de forças, também a extrema-direita.

E não, não é apenas por ser meu desejo - em 2006 a Catalunha apenas queria mais autonomia. E se o terrorismo independentista basco atemorizou e devastou famílias durante anos mas não enfraqueceu os governos, estes 13 anos de braço-de-ferro com a Catalunha provaram que os governos ficam muito mais vulneráveis quando tentam minar os processos políticos.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 14:06

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



3 comentários

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De /i. a 11.11.2019 às 18:54

A Espanha é um país que cada um rema para si e sobra a Andaluzia. Que é uma província pobre e que depende muito do orçamento geral. E este Rei não tem pulso para ser o maestro da (sempre) orquestra desafinada. 
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De Sarin a 11.11.2019 às 19:09

Também penso ser esse o problema, /i., um país de muitas nações distintas que nunca conviveu bem com as anexações.
Resta a Andaluzia? Tem partido independentista... Desde 1641, pelo menos, embora muito discreto. Mais activo agora que a Andaluzia pariu o Vox, o tal equilíbrio de forças extremas.
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De /i. a 11.11.2019 às 19:34

Resta a Andaluzia no sentido de querer ser independente, mas não tem unhas para tocar a guitarra. É pobre. Não tem a pujança económica das outras provincias. Sim o Vox foi onde teve mais votação. Porquê? Um pouco como aconteceu com o chega no Alentejo. Exploram o descontentamento das pessoas. 

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