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Clariana e a Noite

ou mais um ponto no Desafio do Conto

por Sarin, em 12.05.20

Ainda não dera o dia por findo quando a Clariana me entrou em casa sem nome nem história, apenas um convite timbrado a carinho e interrogação, a Olga Cardoso Pinto iluminando-me uma personagem à qual mais tarde ela mesma traria cor, A Cor da Escrita e a cor da pintura que lhe deu rosto. Já avistara o seu nome na Área de leitura corrida sem tempo, os gansos com ela passeando por blogues onde apenas não nos encontrámos pois ainda não dera a semana por finda naquela noite de sexta-feira. Sim, já a avistara mas muito de longe, muito de leve, muito de pouco. Até que me pediu direcção.

Não poderia deixar a Clariana parada num destino por traçar - a criação da Ana de Deus sendo moldada em cada blogue onde acolhida e eu negando-lhe passagem? Aceitei, claro. E assim acrescentei as minhas 200 palavras, qual troço de um caminho incerto mas certamente divertido para nós que o partilhamos. Que o seja também para quem o percorrer, lendo.

À Clariana desejo uma longa e próspera jornada, daqui rumando ao Caneca de Letras e mais além, a bússola agora para as mãos do Filipe Vaz Correia e sempre apontando a mesma tag, o mesmo norte: desafio do conto.

 

Clariana, a pastora de gansos

Clariana, a pastora de gansos. Desafio do Conto. Imagem de Olga Cardoso Pinto.

[ANA DE DEUS]       «Era uma vez uma jovem mulher, de seu nome Clariana, que pastoreava gansos. Ela era o primeiro ser vivo que os gansos reconheciam, desde tenro berço, e eram lhe totalmente fiéis. Aprendera com o avô todos os segredos desta mestria.» 

[AMOR LÍQUIDO]       [BII YUE]       [JOSÉ DA XÃ]       [MJP]       [LUÍSA DE SOUSA]       [IMSILVA]

[OLGA CARDOSO PINTO]       «(...)Rodrigo se virou, para ir acomodar-se à mesa, eis que Juca se apercebeu de algo a remexer-se sob a gabardina. E agora que reparara com mais pormenor, o rapaz caminhava de um jeito estranho. Tentou aproximar-se, mas Rodrigo acabara de se sentar, tinha perdido a oportunidade.

A tarde foi decorrendo num lento remanso, só se ouvia a passarada lá fora e a voz melodiosa de Rodrigo. Talvez fosse do tempo ameno ou da conversa desfiada, em tom relaxado e levemente sibilado pelo jovem, todos estavam a ficar ensonados. As pálpebras pesavam aos pais, não conseguiam evitar o bocejo constante. Porém, Clariana estava embevecida, sorvendo as palavras de Rodrigo que lhe pareciam mel, num encanto que a envolvia numa dormência irresistível. Juca e Izabel não resistiram e acabaram adormecendo de cabeças encostadas, em ligeiros roncos e desfalecidos, pesadamente recostados no banco arca da cozinha.

A noite caíra. O céu adornado pelo pontilhado brilhante das estrelas, refulgiu quando as nuvens revelaram uma imensa lua cheia. Clariana acordou sobressaltada, não sabia onde estava. Sentia frio. Olhando em volta levantou-se, perguntando assustada:
— Onde… Onde estou? — ouviu passos no cascalho e apercebeu-se que estava numa gruta ao ouvir o eco da sua voz.»

 

[EU]       Um gemido respondeu ao eco ecoando quando Clariana se ergueu, os olhos procurando quem assim plangente. Não era gente mas a Noite, dorida da queda antecipada pela voz dourada de Rodrigo, Clariana amargando o mel que lhe escorrera nos ouvidos e tentando encontrar um norte ou um sul para aquele tão sem sol onde se encontrava. A Noite percebeu-a perdida e um sorriso iluminou-lhe os brancos dentes perfeitos na cara de lua cheia, o traje de lua nova esvoaçando no estender de mão daquela criança.

- Nada temas, Clariana, eras esperada. Mas não te sabia tão perto e precipitei-me...
- Estás magoada?
- Estou, mas melhorarei, agora que tu aqui. Vem, adentremos a Gruta dos Tempos e ouçamos Eurico, o presbítero que a habita. O Avô vai adorar receber-te!
A saudade em Clariana suspirou, cheia de penas.
- O meu Avô também era Eurico. Foi quem me ensinou a amar os gansos e…
E a Noite, impaciente, cortando:
- Sim, eu sei, o Avô já me contou. E por te saber tão boa aluna enviou o Ganso Rodrigo para te trazer… o nosso Futuro precisa de tal arte!
Clariana olhou-a e percebeu nela um espelho, as semelhanças luzindo e as (...)

[Continua com o FILIPE VAZ CORREIA]       [CONTO COMPLETO]

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 03:37

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



40 comentários

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De Olga Cardoso Pinto a 12.05.2020 às 12:22

É um imenso prazer ler-te rapariga! Cada um escreve de acordo com o que lhe diz mais. A graça estará aí para dar corpo e espírito à história. E pelo que li do Filipe Vaz Correia também vai ainda dar mais uns belos pontos no bordado. Uns mais floreados outros mais singelos, todos eles engrandecem esta bela ideia que nasceu da cabeça da Ana de Deus e que já vai passando por tantas mãos. Tal como referi no comentário do blog da Ana - é bonito o que está aqui a acontecer.
Fica bem e obrigada, mais uma vez
Bjs
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De Sarin a 12.05.2020 às 17:25

É bonito, sim, a ideia de nos entretermos entretecendo retalhos de uma história obriga a atender à escrita dos que nos antecedem para que a harmonia se mantenha, e a forma como as personagens vão ganhando vida própria sem nunca seguirem o destino que quem escreve lhes traça é muito divertida. É quase geração espontânea, estão ali a aguardar a oportunidade que lhes permita surgir, seguir. Claro que no meu caso foi fácil, já tinha personagens e cenários criados, bastou soprar e eis Galateia :)
Beijos, continuação de boa tarde :**

[a palavra a quem a quer]




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