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A Páscoa e o 25 de Abril

Porque há cravos e cravos

por Sarin, em 20.04.20

Há muita gente contra as anunciadas comemorações oficiais do 25 de Abril. Mas, desta gente, uma parte está contra quaisquer comemorações do 25 de Abril, outra parte está contra as comemorações do 25 de Abril nesta época de confinamento. Vamos por partes.

 

Acho estranho haver católicos que dizem não terem podido celebrar a Páscoa. Acho estranho porque aqueles a quem vejo tais lamentos têm acesso à Internet, portanto não celebraram porque não quiseram - até eu que sou ateia sei que houve celebrações transmitidas em directo. Houve celebrações transmitidas via rádio e televisão em canais do Estado. Tudo bem, não puderam comungar fisicamente - mas o Santo Padre falou em comunhão espiritual, portanto acatassem.

Por tudo isto, acho hilariante haver quem clame não dever haver comemorações do 25 de Abril porque não houve comemorações da Páscoa.

Eu sei que parte dos que o dizem são católicos que, mesmo que não estivéssemos em confinamento, não celebrariam o 25 de Abril. Talvez suponham que nas comemorações do 25 de Abril se beija os pés dos cravos e daí a preocupação? Alguém que os tranquilize, por favor.

Também sei que outra parte dos que o dizem nem sequer são católicos (ou são católicos não praticantes, seja lá isso o que for), mas não perdem uma oportunidade de tentar anular as comemorações do 25 de Abril e aproveitam o reboque do catolicismo. A estes, recomendo que empunhem bem os cravos de Cristo. cravos-nas-maos.jpg

Aos outros, era bom que os recordassem de que os diáconos, os padres, os bispos, os cardeais e o Papa estão para a Igreja Católica como os autarcas, os deputados, os presidentes dos Supremos Tribunais, o Primeiro-Ministro e os presidentes da Assembleia da República e da República estão para o Estado democrático que somos. Usando a mesmíssima analogia da Páscoa e do 25 de Abril, se houve celebrações da Páscoa, porque houve!, então também deve haver celebrações do 25 de Abril. E nem o Papa nem os padres a celebraram sozinhos, portanto não basta o Presidente da República aparecer à janela e fazer um discurso. A analogia não é minha.

 

Agora outra parte, aquela onde me incluo. Aqueles que achamos um exagero estas comemorações em pleno período de confinamento.

Os deputados da Assembleia da República votaram democraticamente. O que, à semelhança de tantas outras vezes, não significa que tenham votado com sentido de Estado. Numa época de confinamento, decretado pelo mais alto representante da República que servem, manda o cargo que cumpram o que deliberam os poderes institucionais e manda o civismo que cumpram o deliberado. 

No entanto, porque, e muito bem, a democracia não está suspensa, há que comemorar oficialmente os feriados da República. Porque não são feriados por terem saído numa rifa e sim por terem significado profundo na sociedade que hoje somos.

A menos que os que acham o confinamento uma ameaça aos direitos e liberdades do cidadão queiram agora dar o dito por não dito e alinhar na supressão das cerimónias oficiais que celebram as datas que concederam essas liberdades. É uma opinião. Mas vá, que continuem a virar o bico ao cravo - porque se acham que o fazem por uma qualquer questão de justiça popular, ou há moralidade ou comem todos, a mim parece-me ressabiamento e falta de noção sobre o que significam as cerimónias oficiais. É outra opinião.

E, claro, há os que entendem que o 25 de Abril não merece ser comemorado, embora não usem o argumento da Páscoa. Convenhamos, as portas que Abril abriu foram abertas também para eles. Oxalá nunca se entalem.

 

Sim, defendo a comemoração oficial do 25 de Abril na Assembleia da República.

Mas concordo: cento e trinta convidados são demasiados indivíduos - não pela dimensão do hemiciclo ou pela preocupação com a saúde dos presentes, mas pelo Exemplo. Assim mesmo, maiúsculo.

Portanto, comemore-se a data mas reduzam-se as presenças protocolares, os vários poderes democráticos representados apenas pelas suas mais altas figuras:

  • Presidente da República - 1 indivíduo
  • Presidente da Assembleia da República - 1 indivíduo
  • Primeiro-Ministro - 1 indivíduo
  • Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e Presidente do Tribunal Constitucional - 2 indivíduos
  • Presidente do Supremo Tribunal Administrativo e Presidente do Tribunal de Contas - 2 indivíduos
  • Presidentes dos grupos parlamentares - 10 indivíduos
  • Procurador-Geral da República - 1 indivíduo
  • Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas - 1 indivíduo
  • Provedor de Justiça - 1 indivíduo
  • Representantes da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira - 2 indivíduos
  • Presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses - 1 indivíduo
  • Presidente da Associação Nacional de Freguesias - 1 indivíduo

E, porque se celebra também quem promoveu os acontecimentos que marcaram a data: (*)

  • Representantes da Associação 25 de Abril - 1 indivíduo 

 

Se todos comparecerem, serão 25 cidadãos.

Contem-se ainda os operadores de câmara e som (e demais técnicos indispensáveis) da própria ARTV, em trabalho mas também em representação do Quarto Poder - ao qual distribuirão as imagens - e veremos que se consegue fazer a festa com menos de 40 pessoas. Quase todas homens, mas isso só evidenciará mais uma falha da nossa democracia. Que fique registada para futura análise, que tal análise é também Abril.

Com esta redução poderá haver, e haverá, egos ofendidos - que lambam as feridas no recato. Importa é que a Democracia não saia mais ferida ou achincalhada do que ferida e achincalhada já foi.

 

E eu? Ao contrário de muitos católicos que não celebraram a Páscoa, sei que celebrarei o 25 de Abril. Em casa, claro. E com um cravo, ainda que de papel.

Celeste e os cravos de Abril

Celeste Caeiro, a Celeste dos Cravos (imagem RTP)

 

Nota (*) : Para o 1.º de Maio (**) usemos a mesma regra, mas em vez do presidente da Associação 25 de Abril convidem-se os presidentes das centrais sindicais e um representante dos sindicatos independentes. Três indivíduos.

No 10 de Junho, mesmo que já não em confinamento, mantenha-se a fórmula mas convidem-se os presidentes da Academia Portuguesa da História e da Academia das Ciências de Lisboa. Dois indivíduos.

 

Nota (**): Concordo com os que são contra as manifestações de rua no 1.º de Maio de 2020. Mas os que agora pedem a sua suspensão que não venham depois chorar as Festas Populares. Só por causa daquela coisa das incoerências.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 12:48

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



54 comentários

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De Mia a 20.04.2020 às 03:54

Concordo. E bastava, celebravam, faziam a pelingrafia para o pais e pronto.
Eu desde que me conheço que celebro o 25 abril, vou "religiosamente" á manisfestação da minha cidade.
Quero lá saber da Pascoa ou dos feriados, o que eu quero é que as pessoas tenham saude. Vou celebrar em casa, sem cravos este ano, mas vou falar sobre o que foi e porque é que foi com a minha familia.
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De Sarin a 20.04.2020 às 12:25

Um dos raros momentos em que ligo a televisão para acompanhar algo em directo: comemorações oficiais.
Quero que as pessoas tenham saúde, mas também quero que os dias importantes sejam celebrados - sejam aniversários em videoconferência, sejam festividades religiosas transmitidas em directo (não sou crente, mas entendo que quem o é deve tentar manter as suas celebrações se isso lhes traz conforto) ou sejam as celebrações oficiais das datas nacionais. Que não são adiáveis pois não são datas convencionadas como são o dia da mulher ou o dia da criança.
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De Vorph "ги́ря" Valknut a 21.04.2020 às 01:41

Eu quero lá saber de Abril. Para o ano há outro. Quero é que as pessoas tenham saúde. 
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De imsilva a 20.04.2020 às 09:55

Ando vai não vai para comentar esta polêmica, e não a comento porque vejo muito facciosismo nos textos que tenho lido. Mas, depois venho aqui e encontro a moderação em figura de gente. Consegues ir a todas e não deixando ninguém de fora, explicas a lógica de a+b. Abençoada miúda que mesmo não dormindo raciocina como o raio. Isto para dizer que só posso concordar contigo, no meio é que está a virtude. Beijinho e abracinho, que algo que não é normal em mim, ando muito carente. .
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De Sarin a 20.04.2020 às 12:31

Já andava há alguns dias para comentar, mas não tive oportunidade. Ontem comecei o postal depois do do bailado. Entre video-chamadas, conversas com amigos, leituras e questões domésticas, escrevi a terceira linha já era hoje.
E mantive-me acordada muito depois de o ter publicado :))
acho que nem é questão de virtude, é mesmo de colocar as coisas nas devidas proporções...
Andamos todos carentes de abracinhos, principalmente os que costumamos receber abracinhos da miudagem. Beijinhos e abracinhos, muitos e muitos!
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De João Silva a 20.04.2020 às 09:57

Incluo-me precisamente no mesmo grupo que tu, embora não seja cristão. Sou ateu. Seja como for, a religião interessa pouco neste caso, porque o problema não é nem deve ser religioso. Não se trata de um ataque nivelado a uma entidade religiosa, até porque o nosso estado já deu mostra que é tudo menos laico, como consta na constituição. Independentemente de tudo, a questão está na importância de um combate a um problema de saúde pública. Concordo com a proposta de celebração minimalista que apontas. Até porque, por norma, o parlamento não tem estado fechado. Portanto, trata-se de bater a bota com a perdigota. Não se pode andar a gritar pelos cantos "confinamento" e depois não lhe "tomar o gosto". A esse nível, sempre me fez confusão a liberdade (e a libertinagem) de que os canais de TV gozam para terem programas e emissões com Claro abuso das normas de segurança. Outros quinhentos, diria.
P. S. : o mesmo vale para o dia 1 de maio. 
P. S. 2 : não é a ausência de uma celebração expressiva de dois feriados importantes que pode pôr em causa a democracia. 
P. S. 3: se é, não devia. 
Beijinhos e boa semana 
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De Sarin a 20.04.2020 às 12:41

Sou ateia agnóstica, João :) E é esse o grande ponto: a religião não interessa para o caso. Interessa a democracia, cujos representantes continuam em funções. Então, qual a justificação para que não cumpram também esta, a de comemorar as datas oficias com a cerimónia solene? A sua não celebração não coloca em causa a democracia, mas se há alturas em que a democracia deve ser relembrada, esta é uma delas - até porque a decisão foi democraticamente decidida pelos representantes eleitos democraticamente, e querer retirar este pormenor da equação é apenas mais uma manobra de tentar elidir a data.
Não necessitamos de celebrações expressivas. Mas não devemos retirar importância às datas, suprimindo as celebrações oficiais.
Beijos, boa semana


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De Sarin a 20.04.2020 às 12:51

Editei o texto para acrescentar "até eu que sou ateia sei que" e em vez de publicar a edição, coloquei em rascunho. As minhas desculpas: a publicação é desta madrugada. Como se poderá ver pelos comentários :)
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De Luísa de Sousa a 20.04.2020 às 14:28

Também sou dos que concordam com a comemoração do 25 de abril, com todos as contingências necessárias!!!
Gostei muito do teu texto, Sara!
Beijinhos
Feliz Dia!
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De Sarin a 20.04.2020 às 14:34

É isso, Luísa, com as medidas necessárias, respeitar os feriados, o cargo e o exemplo.
Beijos :**
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De Milorde a 20.04.2020 às 17:34


Não acho nada justo!
Ás pessoas a quem morrem os seus entes queridos e que nem se podem despedir no funeral e eles vão fazer as comemorações!

São inconscientes esses políticos.
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De Sarin a 20.04.2020 às 17:57

Os funerais têm solenidade, com comparência limitada mas com cerimónia fúnebre. O que está a fizer é que se devem respeitar umas cerimónias mas não as outras - é uma opinião, essa sim, injusta porque apenas admite um tipo de cerimónia.
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De HD a 20.04.2020 às 18:10

Exatamente, se for apenas um por cada paróquia... está a missa feita! xD
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De Sarin a 20.04.2020 às 18:34

Disso de missas pouco sei - embora saiba que as missas por intenção de defuntos são cobradas não por missa mas por alma e que não fazem desconto se forem por intenção de vários na mesma missa.

Mas a ideia é essa que resumiste :)))
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De Isa Nascimento a 20.04.2020 às 20:10

Estou absolutamente de acordo com esta belíssima reflexão. Celebrar com contenção conforme exige o tempo e não perder tempo a comprar o que não é comparável (Páscoa à escala mundial vs 25 de abril na AR portuguesa... )
Grata Sara!
Fica bem 
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De Sarin a 20.04.2020 às 22:41

As emoções têm conduzido muitos dos argumentos que surgem - nos contra mas também em alguns a favor. Penso que a frustração do confinamento será a voz de alguns, mas não tenho dúvidas de  que a polémica foi acicatada pelo folclore de um ou outro político e pelos tradicionais alinhamentos pré-Abril.
Beijos, Isa.
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De cheia a 20.04.2020 às 22:12

Excelente texto!
Celebrarei, sempre, o 25 de Abril, por o que representa: A Liberdade
Aqueles que nasceram em liberdade, não conseguem imaginar o que foi a ditadura. Era bom que se informassem, que soubessem das discriminações, das atrocidades, da censura,do que foi a guerra,da miséria, do analfabetismo..............
Boa noite
 
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De Sarin a 20.04.2020 às 22:52

Nascida já, não tinha idade para perceber se o vivesse.
Mas ouvi histórias na primeira pessoa a quem o viveu - incluindo a quem o viveu por dentro dos calabouços.
Alguns não estarão contra as comemorações do 25 de Abril - mas o confinamento turva-lhes o olhar para a importância das solenidades, cansados que estão deixam a noção de justiça amancebar-se com a emoção. Da mesma forma, outros emocionam-se tanto que quase esquecem não depender a solenidade da pompa e a circunstância exigir contenção.
Obrigada, caro José.
Boa noite :)
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De /i. a 20.04.2020 às 23:03

Oláaaa, Sarin.
(Voltei. Estou bem. Agradeço a preocupação)


Concordo com tudo. 
Celebrar sim. Até com discursos gravados, se querem tanto continuar com a forma antiquada como se faz esta comemoração. 
Agora o folclore que o Ferro e outros querem dentro das eespecificidades em que estamos mergulhados. 
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De Sarin a 20.04.2020 às 23:18

Solenidades nunca fugirão muito dos discursos - na AR ou noutro local. Ser na AR tem solenidade qb, não precisa de adereços :)
O folclore... sabes, eu perdoo algum folclore aos que viveram a resistência e ainda cá estão para contar como foi. Aos outros custa-me bem mais aceitar o folclore herdado - o folclore inventado, esse, não o suporto. Viste o Turinha de cravo na lapela e todo pepsodent? O outro é cata-vento, este é torre eólica.
(Ainda bem que estás bem. E de volta :)))
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De /i. a 21.04.2020 às 11:38

Ora pois... Mas mesmo assim, quem andou no mato e trouxe consigo as marcas da guerra carimbada no corpo e mente tenho respeito. Algumas patentes que não saiam  das zonas neutras... Não tenho paciência. As histórias inventadas essas muito menos. Tenho uma admiração pelo Salgueiro Maia. Como deves calcular não posso esquecer o partido comunista pelas razões negativas que incentiva o folclore. 


Vi, vi. 
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De Sarin a 21.04.2020 às 12:01

O PC reclama (e com uma boa dose de razão - mas não toda) o ter sido durante décadas a única resistência organizada. Goste-se ou não, é o único partido com o direito de invocar responsabilidade na resistência contínua à ditadura. E, como sabes, no PC os indivíduos são um todo, portanto a herança é usada sem demagogia - nunca viste clivagens no PC: quem discorda, sai. Não há facções. O folclore deles, enquanto partido, será o único realmente com tradição, que dos outros será pessoal - e, em muitos, pouco terá de tradição e muito de luzes de palco. Claro que, se no PCP invocarem tal estatuto, são vistos como querendo apropriar-se do 25 de Abril - mesmo antes de dizerem duas palavras :)) Por  outro, se o não fizerem, os revisionistas darão mais um passo na direcção de "os comunas comem criancinhas".
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De Sarin a 21.04.2020 às 12:02

A chamada "posição perde-perde" :)
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De /i. a 21.04.2020 às 14:25


Pois, a clandestinidade... E Depois foi um golpe militar..
 Há ressentinentos... A ideia era sair de uma ditadura fascista para uma ditadura comunista. O PCP num país com mentalidade e espírito crítico desenvolvidos estaria aacabado ou era um género de PCTP-MRPP.
O funcionamento do PCP português é igual ao da China... Por isso para quê perder tempo com um partido obscuro? São um mausoléu com o patrocinio de todos.
Outra coisa: o Cunhal não esteve mais vezes preso oorque o Salazar não quis ou foi para a Rússia e voktou porque o Salazar quis. O Mário Soares andou nas da Franças porque o Salazar quis. Há coisas que devemos ser rigirosos, e não somos mais porque branquearam a história muito tempo. Pouco ou nada se falava, só as histórias do Otelo tiveram sempre tempo de antena. 
Na escola pouco ou nada se estudava sobre o assunto. E o que se estudava era como se trata-se da história da carochinha. 
O Cunhal não conseguiu por um triz implementar a ditadura... Gostam dele. Ainda bem. Eu não gosto. Vi o Cunhal várias vezes ao vivo, a discursar. E cada vez que o via pensava, esta pessoa tem mau fundo. (Era criança...).
É nos pequenos pormenores que apanhamos os contrastes: a filha do Cunhal ía para o colégio de guarda-costas, tinha mordomias que não se coadonavam com o estilo que o Cunhal queria e certa maneira conseguiu passar de frugal e despojado de vícios capitalistas. Fantasias que ainda hoje compram... 
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De Sarin a 21.04.2020 às 15:04

Apenas esclarecer: os factos históricos são factos, o resto são interpretações. E o facto que conta sobre o 25 de Abril é que foi a data em que a ditadura foi derrubada. Gostemos ou não, interpretemos os factos como quisermos, choremos de alegria ou tristeza. E aqueles que por isso lutaram, e foram muitos não filiados no PCP mas foram todos os então filiados no PCP, têm o direito de folclore porque faz parte do seu folclore - porque folclore significa tradição cultural, não festarola.
Não discuto biografias, há-as várias. Mas acho muita piada que quando se discute uma questão, se vão buscar outras que nada têm a ver com o tema. /i., qual a relevância da vida pós-25 de Abril de Cunhal ou Soares ou Eanes ou Marcelo para a discussão das comemorações do 25 de Abril ou para contradizer o que afirmei sobre o PCP?
Se quiseres saber, a filha de Cunhal não foi a única a ter guarda-costas. Não por regalia ou mordomia, mas porque as ameaças de morte eram reais. Aliás, morreram vários às mãos do ELP, e se pouco se fala disso é porque foram todos indultados. Sim, houve terrorismo no pós-25 de Abril e sim, houve mortes reais, e sim, os criminosos nunca foram julgados - nem tiveram os nomes escarrapachados nos jornais como tiveram outros terroristas.
Sobre as mordomias de Cunhal, tenho a certeza que sabes que a família de Cunhal era rica e influente, e que ele abdicou de quase tudo. Mas, como disse, não vou discutir biografias :)


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De /i. a 22.04.2020 às 22:34

Ora bem.. 
Eu e o PCP não somos propriamente grande amigos.
Aborrece-me tudo o que tenha a ver com este partido. Deve ser porque sou de Beja e viver nos arredores e como já deves ter percebido sou pouco permeável a manipulações, mentiras, lavagens cerebráis. 
O PCP não dominou, foi um golpe militar. E tem corrido atrás da sua insignificância no processo. Gostemos ou não é um facto. E vinga-se e vingou-se... CGTP é o balão de oxigénio do PCP que é só quando quiser coloca tudo na rua a fazer manif, greves... Os trabalhadores agora por ironia, não são os do privado, defendem os funcionários públicos.
O Cunhal abdicou dos seus bens, mas não cai as ligacões, relações que o berço proporcionou, e é fácil perceber que sempre foi ajudado. Isto é como os ricos falidos, têm sempre a sua rede que mantêm por causa do nome. 
Isso dos nomes publicados... Apareceram os da Pide publicados em edital. Faltaria certamente muitos mesmo da Pide. 


Não desviei o assunto . Esta ânsia de haver cerimónia faustosa para mim não tem valor e vem sempre da ala esquerda... Ferro Rodrigues nunca, mas nunca deixava de fazer a cerimónia no Parlamento. Não porque é mais democrático do que tu ou eu. É porque é um comunista desbotado do PS. 
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De Sarin a 22.04.2020 às 23:36

Não sou grande amiga de nenhum partido, não com este regime de castas...
Os apoios que o Cunhal teve não foram pedidos nem aceitados, mas isso não interessa nada, que a gente um dia destes senta-se num tasco e discutimos-lhe a vida toda :)))))
E apareceram os das FP25 e da LUAR, mas nunca do ELP. E terão sido os mais assassinos, 11 mortes atribuídas e mais umas suspeitas. Este também vai para o tasco ;)
Parte do pessoal do MFA era PC,/i., e estava alinhado. A organização contou com o apoio do PC, houve civis comunistas envolvidos, em vários pontos do país, preparados para acoitar e dar fuga ao MFA caso a coisa descambasse... está documentado, há testemunhos, para quê discutir isto? :)
O que interessa é que os convidados da AR leram este texto e parece que a coisa se faz com 46 e alguns jornalistas :D
 
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De Sarin a 22.04.2020 às 23:45

Correcção: pedidos e aceitados
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De Vorph "ги́ря" Valknut a 21.04.2020 às 15:59

Só podes estar a brincar. Em 60 o PCP estava neutralizado. Então e o PS? E os militares republicanos? E outras individualidades independentes, como Humberto Delgado, Botelho Moniz, que fizeram oposição ao regime? Essa coisa do PCP e da resistência faz lembrar a lenga lenga da Resistência francesa e o partido comunista francês.


A mais perigosa e real oposição ao regime estava nos quartéis. Vieram de lá os principais e relevantes atentados ao regime (e para controlar os militares foi fundamental, Óscar Carmona. Não fosse este e Salazar tinha caído bem cedo) 
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De Sarin a 21.04.2020 às 16:07

Por falar em brincadeiras, não achas que já é tempo de parares de ler o que queres ler e começares a ler o que está escrito?
Lê, se conseguires, onde é que deixo seja quem for de fora. Apenas digo - e podes desmentir, mas será por crença e não com factos - que o PCP é o único partido que pode dizer ter estado sempre na resistência à ditadura.
Como disse à /i., não vou estar aqui a discutir factos históricos - que, aliás, já discuti contigo.


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De Vorph "ги́ря" Valknut a 21.04.2020 às 16:42

Factos históricos :


"Descobri determinados elementos depois da tese, que coloquei no livro, e confrontei-me com a dúvida de os colocar no livro, mas do ponto de vista da história eu tinha de divulgar. O Verdial toda a gente sabe, o Nuno Álvares Pereira toda a gente sabe, mas por exemplo, nas prisões de 61, do Octávio Pato, Pires Jorge, praticamente fica decepada a direcção do PCP em Portugal e foi através de um informador que se chamava Lázaro Carmo Viegas, que era do aparelho logístico do PCP. Era ele que transportava no seu automóvel os funcionários para as reuniões."



Irene Flunser Pimentel. 


Os Comunistas estavam mais interessados numa mudança de Poder do que na libertação do país. 


https://www.google.com/amp/s/www.sabado.pt/vida/amp/jose-milhazes-a-urss-comprou-o-servilismo-do-pcp-com-milhoes-de-dolares



Reafirmo o regime tremeu não por causa do PCP mas em virtude da oposição dos militares, a maioria sem ligação ao PCP, bem pelo contrário. 
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De Sarin a 21.04.2020 às 16:57

Pedro, vês porque é que debater contigo é impossível? Estás a pegar em coisas que nada têm a ver! Mas quando aprenderás a usar de objectividade?! Onde digo que foi o PCP que promoveu o 25 de Abril? Onde digo que o PCP fez ou deixou de fazer tremer o regime?! Onde digo algo mais do que o PCP ser o único partido que esteve sempre na resistência ao regime e que por isso o 25 de Abril lhe ser tão significativo e  estar enraizado?
O mais engraçado é que as tuas reafirmações nada, mas absolutamente nada contradizem este facto. Por ser facto. Se isso te dói, paciência.
A mim dói-me que insistas em lançar poeira quando conversamos. 
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De Vorph "ги́ря" Valknut a 21.04.2020 às 17:06

Tem calma. Não precisas de levar tão a sério coisas, que no fim de contas nada nos dizem porque para elas nada fizemos. Acabo aqui 
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De Sarin a 21.04.2020 às 17:18

Mas afinal estou a brincar ou estou a ser séria? :D
Estamos aqui porque queremos comunicar, certo? Mas gosto de debater sem falácias, principalmente sem aquelas que identifiquei em debates anteriores. Atirar muitas falácias e factos que, ligando os intervenientes, não estão ligados, é técnica da contra-informação - o tal baralhar e voltar a dar. Se estivesse em campanha por alguma coisa, ainda perceberia que o tentasses, mesmo tu sabendo que só respondo ao que está directamente relacionado. Mas não estou em campanha, e tu continuas a recorrer a tais técnicas manipulativas. Estás em campanha por alguma coisa? 



[a palavra a quem a quer]


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