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Romanticinismo é ter
um dicionário cheio de palavras
para te bater
até que ouças o que te quero dizer!
Amor talhada
não o posso usar
porque a Língua Portuguesa
é para ser estimada.
- e tu foges com medo da pancada.
(Agosto 2012)
O Facebook é um mundo. Um mundo reflexo deste mundo onde vivemos, mas um mundo onde a maioria vive do outro lado do espelho, como se no conto de Lewis Carrol.
Aderi ao Facebook devido a solicitações várias de amigos e familiares distantes. Nunca apreciei o modelo - não pelo modelo em si mas pela permissividade latente que lhe permitiria tornar-se aquilo que se tornou: um invasor quotidiano.
Andei por lá 3 anos mal medidos, e se me chateavam os códigos sociais seguidos pela maioria (a obrigação de responder, de aceitar, de gostar!) mais me chateava a invasão de privacidade - e portanto quase tudo que publicava ficava visível para um grupo muito restrito de conhecidos. Que teve que ser alargado porque, enfim, velhos conhecidos de escola, primos afastados, depois os irmãos dos primeiros e quando dei por mim, de uns saudáveis 50 amigos de interacção facebookiana descobri-me com mais de 1200 "amigos" com quem havia trocado meia-dúzia de palavras na vida fora-do-facebook.
Fechei a conta.
Não me valeu de nada, porque descobri - fui alertada, na realidade! - que o Facebook teve umas actualizações quaisquer e eis-me de volta sem o saber; mas esse é outro assunto.
Neste 10 de Junho, que é o Dia de Portugal e das Comunidades e da Língua Portuguesa, o que me interessa é recordar os amigos portugueses que, alguns já então e outros agora espalhados pelo mundo, encontrei e reencontrei durante aquela minha breve passagem pelo Facebook.
E para quem escrevi na altura este poema.
Onde estiverem, um beijo abraçado no poema que de novo envio ao vosso enontro até que nos voltemos a encontrar.
AMIGO, OU A DEFINIÇÃO MAIS CARA
“Amigo”
não é a pessoa com quem falamos
ou bebemos uns copos
e até rimos às vezes…
“amigo”
é quem nos ouve,
quem nos sente
“amigo”
é aquele que voa connosco
mas nunca se esquece do lastro que nos prende à terra,
que nos prende a nós.
“amigo”
é uma pessoa cara numa palavra vendida ao desbarato
Trago no sangue um poema.
Não tem rimas, nem estilismos
- mas tem maneirismos!
Por métrica,
a dos dias vivos e das horas mortas,
esparsas e soltas…
Não é poema erudito,
nem poema popular.
Não se declama, não é dito
e não se pode cantar.
Mas é meu,
nasce em mim e em mim corre.
E por nome tem a chama que me aquece,
a força que me move.
A verdade?
Trago no sangue um poema:
a minha vontade
(data não registada)
Se te der o melhor de mim… haverá sempre o pior.
Nunca me darei inteira.
Nunca me verás completa.
Prefiro dar-te o que sou.
O bom e o mau
- o radiante e o r
Mas sem sombra, sem projector,
sem jogos de luz.
Sem efeitos de cor,
dou-te todas as tintas da paleta em que me pinto.
Não para me desenhares,
colorindo à tua imagem os meus traços mais difusos…
Não para me completares,
preenchendo contigo os meus espaços em branco…
Dou-te as tintas, a luz e a sombra,
dou-me completa,
para que me vejas inteira
e me aceites absoluta.
(2010)
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