Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Pas-de-moi

por Sarin, em 23.10.19

3CB292D1-D355-4AA0-AC20-B6DBB890DB9B.jpeg

 

Não tenho paciência para estar impaciente. A impaciência é um espaço prenhe do ruído da espera, e eu não sei esperar que não em silêncio.

Exijo clamando, mas esperar... apenas desfolho sons sem perturbar equilíbrios dormentes em pontas de pés. E em passos miúdos aproximo-me do presente.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 23:07

um outro olhar

pequena nota técnica. e autobiográfica.

por Sarin, em 06.10.19

08DD4BB2-5414-41A3-9030-4F9172E85237.jpeg

Um processo é um conjunto de acções articuladas cujos procedimentos transformam entradas em saídas com um objectivo definido.

Parece uma definição complexa, cheia de aparentes tecnicismos; mas numa segunda leitura, reparamos que as palavras são de todos os dias. Os processos, se devidamente analisados, é que se revelam complexos - o que, felizmente, não significa serem difíceis ou serem demorados.

Se admitirmos, para efeitos da definição acima, que ir ao café é um processo, teremos como objectivo o ir beber uma bica ou comer um bolo ou estar com um amigo ou ir ler o jornal - ou tudo isto e o mais que apeteça.

As entradas serão essa qualquer necessidade de ir ao café, e também o transporte ou meio de locomoção, e ainda o dinheiro para pagar a despesa, e tudo o mais que for imprescindível para tal desidério.

As actividades incluirão a deslocação, o estacionar se for o caso, o entrar no café, o decidir se se fica ao balcão ou à mesa, o escolher outro bolo porque esgotou o que apetecia, o mexer a bica mesmo sem açúcar porque hábito, e todos os outros verbos que acontecem numa estada normal no café.

As saídas serão o talão da despesa, a satisfação obtida com a ingestão do consumido, a informação que se reteve na conversa com o amigo e a informação que se transmitiu, a informação que se colheu no jornal, e tudo o mais que resulte daqueles minutos.

Estas saídas serão entradas noutros processos, nossos e de terceiros - a informação trocada pode ser esquecida ou pode desencadear outras acções noutros processos, o documento de despesa entra na contabilidade (ou não) de cada envolvido, o  café provoca um disparo na sistólica, enfim, poderemos dizer que as saídas, as consequências, deste processo serão as entradas, as causas, de outros. (Quantas mais saídas inconsequentes, inaproveitadas, maior o desperdício - dir-se-à que o processo não é eficiente. Mas mesmo pouco eficiente só não será eficaz se o objectivo não for atingido - sair unicamente para beber café e falhar a electricidade, pois sem electricidade não há bica e a saída foi uma perda de tempo. Mas estas definições são aqui um à-parte. Uma minudência)

 

Sim, a abordagem por processos é complexa. Mas torna-se simples com o treino, mais simples ainda quando não limitamos esta abordagem ao meio produtivo, empresarial. E tudo isto pode ser feito usando palavras simples e olhando o quotidiano como uma sequência de processos diários.

Faço-o profissionalmente há mais de  20 anos, pouco tempo menos do que aquele que levo estudando, educando-me neste modelo. E fazia-o instintivamente há muitos mais, não sendo tão metódica, claro, mas desde que me lembro que apenas aceitava as causas e as consequências se percebesse o que estava pelo meio. Talvez por isso me tenha sido tão fácil adoptar este modelo, talvez por isso me seja tão imediata esta forma de olhar.

É esta abordagem que me permite identificar, à luz dos meus valores, a iniquidade de um gesto feito entre uma boa causa e uma boa consequência. A maioria avalia as consequências e as causas, fala nestas, hasteia estas. Eu, muitas vezes, deixo o que todos falam e detenho-me naquilo que parece não ser relevante - o tal gesto iníquo. Não significa que não concorde com esta ou com aquela opinião sobre as causas ou sobre os efeitos (as entradas e saídas). Simplesmente, deixo aos outros o que já dizem e vou-me ao pormenor, porque vejo o processo e vejo também as entradas e as saídas que nada têm a ver com o objectivo anunciado. E aponto-as, por vezes apenas em jeito de breve comentário - mas fica o registo, minúsculo entre o vozear dos outros.

Porque para mim os fins não justificam os meios. Não me lembro de alguma vez o terem justificado, mesmo em miúda tinha consciência da tibieza do argumento do bem maior quando o mal menor são os outros que o suportam. E também não imagino forma de o virem a justificar - uma outra forma de dizer que, sendo possível vir a admitir o contrário, não será muito provável que algum dia aceite os fins independentemente dos meios.

Repito: os fins não justificam os meios. Quando importa saber o que se passa, onde muitos clamam "Que se lixe o segredo de justiça!" eu grito "Haja respeito pelo segredo de justiça! Mas expliquem porque está esta matéria em segredo de justiça!". Quando se exige justiça, onde muitos proferem "Que se lixem as leis, faça-se justiça!" eu vocifero "Faça-se justiça, e para isso revejam-se as leis!".

Sei que a minha abordagem confunde muita gente, e até me grangeia mimos que vão de burra a apoiante de assassinos. Mas não peço desculpa pela forma como vejo o mundo, e tenho pena que a inteligência que em alguns é imensa lhes escasseie na hora de perceber que estar contra alguém não significa aceitar todo o tipo de ataques feitos a esse alguém.

A tal abordagem por processos. A tal iniquidade entre a justa causa e a digna consequência. À qual fecham os olhos mas que a mim me indigna - porque ignorar a iniquidade tem preço, ainda mais em tempos de tantas iniquidades, de tantos atropelos aos factos, atropelos à Democracia, atropelos aos Direitos Humanos.

É a minha postura. E não serão os mimos que me farão mudar.

A ti digo lamentar que a raiva te tolde a visão. Ou talvez nunca vejas a minha perspectiva e não há visão a toldar, a raiva apenas mostrando o quão cego estás. Podes invectivar-me como e quanto te apetecer, não me ofende quem quer senão quem me merece consideração. E até isso muda, por muito constante que eu seja. Faz parte do processo.

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 15:55

Latim latão

por Sarin, em 17.06.19

19F3014B-CC5C-42A1-94BF-89BC2380B9A7.jpeg

 

PQP é o reverso do Quid Pro Quo.

Cui bono, certo?

 

Vem este latim latão a propósito de nada. Ou talvez de tudo e eu apenas precise de férias.

 

 

imagem, Cavalo de Tróia, recolhido no A Filosofia Está no Ar

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 12:37

O mundo enquanto estive alhures

por Sarin, em 16.07.18

Nestes dias que passaram sobre a minha ausência deste mundo cibernético, o Mundo girou várias vezes em cada rotação do planeta - e nem sempre no sentido positivo... [sempre achei irónico o sentido positivo, o do movimento de rotação da Terra, ser oposto ao do movimento dos ponteiros do relógio, assim como se o Tempo fosse contra-natura...e talvez seja, afinal, esta a explicação para tantos desencontros]

Nada de extraordinário, claro, que o Mundo tenha revolucionado com a Terra! Mas senti-me como que fora dele, e nesse meio-tempo que revoluteou entre eu estar e não estar aconteceu tanta vida boa e má que ainda nem consegui ler as caixas-altas dos jornais... (é impressão minha ou andam a colocar cabeçalhos linha sim, linha não, e até nas entre-linhas?!)

 

Aconteceu um Mundial que prometia ser mau e foi bom, apesar da França em vez da Bélgica ou da Croácia: Paris continua a ser a Capital das Luzes, neste 15 de Julho de dupla comemoração - as de ontem ficaram suspensas, as comemorações da tomada da Bastilha; isso das luzes foi em 2016...

 

Aconteceu um Trump entender-se messias para o Brexit e, apesar de mais de 100.000 na rua a gritarem "yankee go home", ninguém lhe explicou que, lá pela velha Albion, "fake" só o Boris. E, aqui entre nós, eu desconfiava que o Jonhson era uma replicação do Trump; agora tive a prova semi-quase-científica: o Johnson saiu de cena porque se os clones se encontrassem no tempo e no espaço verificar-se-ia uma solução de continuidade no continuum tempo-espacial e não haveria cordas que nos segurassem, fosse qual fosse o plano...

 

Aconteceu mais um "as contas melhoraram" e uns dizem que foram as calças, que são elásticas, enquanto outros que não, o regime é que enriqueceu em nutrientes cortando nos hidratos...

 

Aconteceu a PJ apanhar uma série  de meliantes que queriam bater numa outra série de anjinhos embora as notícias digam que eram os "Angels" que queriam bater aos "Bandidos" - e já não sei se devo acreditar no AO90 e na necessidade de estabelecer as Línguas por decreto, ou antes acreditar nas "fake" do outro. Certo, certo é que a PJ conseguiu mais antes do encontro de motards em Faro do que o FBI e a DEA depois de Altamont e já passaram quase 50 anos...

 

Aconteceu um cartaz excepcional com Pearl e Alice e eu não consegui bilhete - o que sempre foi melhor do que aquela vez em que tive bilhete mas fiquei retida numa reunião de emergência e perdi Pearl, ou daqueloutra em que tive bilhete e cheguei a horas mas ouvi Alice do estacionamento porque isso de deixar o carro em casa e ir de transportes públicos é bom para meninos da cidade...

 

Enfim, aconteceu mesmo muita vida!!  

O que não aconteceu foi o Verão. Bolas! Mas não de Berlim, que com este tempo  nem tem piada dizer ich will ein Berliner... 

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 00:05

Ontem foi

por Sarin, em 07.07.18

Ontem foi dia de fazer.

Fiz muito, andei de um lado para outro, dei a face e equilibrei-me nas arestas, uma tangente entre planos que quase me deixou obtusa: não pude ler, sonhar....

 

Divagar não rima com acelerada.

 

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 22:06

Solta #1

por Sarin, em 07.07.18

etiqueta para notinhas simpáticas mas nada a ver.

que até podem nem acontecer...

 

mas ei-la, cheia de si!

coitada, dá dó...

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 21:45

Espelho mágico preventivo

por Sarin, em 22.06.18

Há dias em que se perde a paciência por semanas!

Com o mundo ao longe, com o mundo ao perto... com os meus nada semelhantes concidadãos, agora aninhados no seu conforto a atirarem opinião sobretudo sobre nada... tudo julgam mas quase nada sabem porque quase nada ouvem lêem discutem. Debitar palavra para demonstrar que mexem, parece ser o grande e actual anseio.

(Devia ter-me limitado a entrar no facebook para apagar a conta apagada há cinco anos! Tivesse eu conseguido orientar-me, e não teria lido verdades indesmentíveis sobre tanta gente... mas amanhã volto lá, já que me ressuscitaram sempre salvo alguns textos antes de afundar a conta no olvido possível.)

Claro que, como outros, poderei um dia limitar-me a debitar para demonstrar que mexo...

Para que o espelho me não devolva um acusador "também tu!", fica aqui o poema, deixo aqui a música... a ideia a cada um, e espero que em mim perene.

 

Les Bourgeois

(Jacques Brel)

 

Le cœur bien au chaud
Les yeux dans la bière
Chez la grosse Adrienne de Montalant
Avec l'ami Jojo
Et avec l'ami Pierre
On allait boire nos vingt ans
Jojo se prenait pour Voltaire
Et Pierre pour Casanova
Et moi, moi qui
étais le plus fier
Moi, moi je me prenais pour moi
Et quand vers minuit passaient les notaires
Qui sortaient de l'hôtel des "Trois Faisans"
On leur montrait notre cul et nos bonnes manières
En leur chantant
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c-
Le cœur bien au chaud
Les yeux dans la bière
Chez la grosse Adrienne de Montalant
Avec l'ami Jojo
Et avec l'ami Pierre
On allait brûler nos vingt ans
Voltaire dansait comme un vicaire
Et Casanova n'osait pas
Et moi, moi qui restait le plus fier
Moi j'étais presque aussi saoul que moi
Et quand vers minuit passaient les notaires
Qui sortaient de l'hôtel des "Trois Faisans"
On leur montrait notre cul et nos bonnes manières
En leur chantant
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c-
Le cœur au repos
Les yeux bien sur terre
Au bar de l'hôtel des "Trois Faisans"
Avec maître Jojo
Et avec maître Pierre
Entre notaires on passe le temps
Jojo parle de Voltaire
Et Pierre de Casanova
Et moi, moi qui suis resté le plus fier
Moi, moi je parle encore de moi
Et c'est en sortant vers minuit Monsieur le Commissaire
Que tous les soirs de chez la Montalant
De jeunes "peigne-culs" nous montrent leur derrière
En nous chantant
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c-
***     ***     ***     ***

 

 

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

Autoria e outros dados (tags, etc)

lançado às 02:02

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.




logo.jpg




e uma viagem diferente



Localizar no burgo

  Pesquisar no Blog



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Cave do Tombo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D