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900€ de Amor

por Sarin, em 13.11.19

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Estupefacta.

Assim fiquei ao ler que Joacine Katar Moreira defendeu ser o salário mínimo de 900€ um acto de amor.

Não podemos responsabilizar o  minuto e meio de tempo de antena, não podemos responsabilizar a gaguez, não podemos responsabilizar nada que não o próprio entendimento que Joacine faz da política: "política sem amor é comércio".

Não, não entrarei no trocadilho fácil que esta frase convoca. Até porque, no país do Presidente dos afectos, não deixa de ser uma novidade - confesso que já cansava o sexo frio e sem ternura com que os políticos nos têm feito a cama.

 

Seriamente, e apesar de constar do seu programa, gostaria de ver as contas do Livre. Porque não sei se devo admirar o optimismo ou a inocência de falar em 900€ de ordenado mínimo para 2020 quando temos 2/3 dos trabalhadores por conta de outrém a receber abaixo de 1000€ e a subida nominal de 19% em quatro anos foi uma verdadeira conquista.

Mas sei que fico admirada com a capciosidade de confundir justiça social com amor.

Cento e cinquenta anos de reivindicações laborais depois,  desembocamos nisto.

 

Cara Joacine, por amor nasceu a caridade, não o salário mínimo. A remuneração do trabalho é um direito, e exigir um salário mínimo condigno é um dever de quem o assume em programa. Mais uma vez, o amor nada tem a ver com o assunto.

Apelar às emoções é discurso populista, mas cada um saberá o rumo que escolhe e o ramo que representa. Apenas pergunto se é mesmo o caminho que quer seguir. Porque... e depois do amor? Aleluia?

[Cuidemos de todos cuidando de nós: Etiqueta respiratória. Higiene. Distância física. Calma. Senso. Civismo.]
[há dias de muita inspiração. outros que não. nada como espreitar também os postais anteriores]

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lançado às 19:55

Onde ideias-desabafos podem nascer e morrer. Ou apenas ganhar bolor.


Obrigada por estar aqui.



44 comentários

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De Sarin a 14.11.2019 às 14:05

Olá, João :)
Um debate que, assim sendo, nem seria bem debate pois que defenderíamos as mesmas perspectivas - mas há sempre pontos a acrescentar :))
Esta areia, como lhes chamas, já constava do programa do Livre - embora não o esperasse já assim de entrada, sabia que por lá passaria um destes anos.
Mas a minha profunda irritação tristeza desgosto fúria - aquilo que sinto, que é tudo o que disse e mais! - advém do argumento invocar "amor". Que é isto?! Apelar ao sentimento e ignorar os direitos laborais tudo de uma assentada e numa única palavra?! Four letter word aplicar-se-ia muito bem a este discurso de Jacine, não fosse o desrespeito da oradora. Não foi apenas discursos populista para encher chouriço - atacou o princípio da coisa. E o pior é que Jacine, naquela sua onda pia, talvez nem se tenha apercebido.

[a palavra a quem a quer]




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