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Cheia teve a amabilidade de partilhar nos comentários um poema sobre Catarina Eufémia. De sua autoria, homenageia esta mulher morta pela brutalidade policial da ditadura.
Transcrevo o poema deixado no primeiro comentário. O poema merece. Obrigada, José Silva Costa!
Catarina Eufémia
O Mundo chorou
A tua brutal morte
Para espantares a fome
Arriscaste a sorte
Num tempo em que não se podia falar
Quanto mais reclamar!
Querias pão para os filhos sustentar
Como suportar
Ver os filhos de fome definhar?
O Alentejo não esquecerá
O triste dia, em que quem pedia, morria
A bruta força, não sabia, dialogar!
Queria, a todo o custo, a revolta, acabar
Cegos de ódio
Nem o facto de levares um filho ao colo e outro no ventre
Lhes fez, o coração, amolecer
Não! Nunca poderemos esquecer
O teu exemplo
Mulher, mãe, que apenas, trabalho, pedia
Porque não suportava a gritaria, que a fome fazia
Numa planície escaldante
Sem água, sem pão, sem fonte
Não foi em vão que deste o teu sangue, pelo Monte
Queriam calar-te!
Mas todos os dias, todos os anos, todos os séculos te vamos recordar
Nunca deixaremos de gritar: trabalho, pão, paz, para os filhos criar.
Hoje acordei entusiasmadíssima! A Alice tinha-me convidado para o chá, e eu estava ansiosa por a visitar, e ao Ginjas.
Pensei em levar-lhe uma charada, mas a inspiração não colaborou e tentei uma lengalenga, para depois trocar por umas quadras que não cheguei a escrever - há dias assim desinspirados. Acabei por lhe fazer um bolo, só que... enfim, diverti-me muito e espero que ela também.
Passem por lá, passem pela Alice Alfazema que eu já lá volto, vim só buscar umas coisinhas que fiquei de lhe oferecer...
(Imagem: Pinterest)
Há pouco, de telemóvel em punho, despachei dois postais em menos tempo do que levo a pelar uma sardinha - e tenho uma técnica muito boa, acreditem.
Mas o postal desta sardinha não poderia ser escrito ao telemóvel... não sou adepta de espeleologia e tenho muito respeito pelos meus túneis cárpicos, portanto há que os poupar.
Motivo pelo qual só agora ensardinhei. Sobre Ventura e o seu discurso.
E responde Marcelo "em 2016 saímos de uma crise muito longa, este ano, no ano que vem, nos próximos anos saíremos desta. E nós cá estaremos para colaborar."
E de visita à Autoeuropa diz Costa que "se viemos cá no primeiro ano do mandato do Senhor Presidente da República, e viemos cá no último ano do mandato do Senhor Presidente da República, então proponho que o almoço [no refeitório com os colaboradores] aconteça no primeiro ano do próximo mandato do Senhor Presidente da República."
Ainda não dera o dia por findo quando a Clariana me entrou em casa sem nome nem história, apenas um convite timbrado a carinho e interrogação, a Olga Cardoso Pinto iluminando-me uma personagem à qual mais tarde ela mesma traria cor, A Cor da Escrita e a cor da pintura que lhe deu rosto. Já avistara o seu nome na Área de leitura corrida sem tempo, os gansos com ela passeando por blogues onde apenas não nos encontrámos pois ainda não dera a semana por finda naquela noite de sexta-feira. Sim, já a avistara mas muito de longe, muito de leve, muito de pouco. Até que me pediu direcção.
Não poderia deixar a Clariana parada num destino por traçar - a criação da Ana de Deus sendo moldada em cada blogue onde acolhida e eu negando-lhe passagem? Aceitei, claro. E assim acrescentei as minhas 200 palavras, qual troço de um caminho incerto mas certamente divertido para nós que o partilhamos. Que o seja também para quem o percorrer, lendo.
À Clariana desejo uma longa e próspera jornada, daqui rumando ao Caneca de Letras e mais além, a bússola agora para as mãos do Filipe Vaz Correia e sempre apontando a mesma tag, o mesmo norte: desafio do conto.
Clariana, a pastora de gansos
[ANA DE DEUS] «Era uma vez uma jovem mulher, de seu nome Clariana, que pastoreava gansos. Ela era o primeiro ser vivo que os gansos reconheciam, desde tenro berço, e eram lhe totalmente fiéis. Aprendera com o avô todos os segredos desta mestria.»
[AMOR LÍQUIDO] [BII YUE] [JOSÉ DA XÃ] [MJP] [LUÍSA DE SOUSA] [IMSILVA]
[OLGA CARDOSO PINTO] «(...)Rodrigo se virou, para ir acomodar-se à mesa, eis que Juca se apercebeu de algo a remexer-se sob a gabardina. E agora que reparara com mais pormenor, o rapaz caminhava de um jeito estranho. Tentou aproximar-se, mas Rodrigo acabara de se sentar, tinha perdido a oportunidade.
A tarde foi decorrendo num lento remanso, só se ouvia a passarada lá fora e a voz melodiosa de Rodrigo. Talvez fosse do tempo ameno ou da conversa desfiada, em tom relaxado e levemente sibilado pelo jovem, todos estavam a ficar ensonados. As pálpebras pesavam aos pais, não conseguiam evitar o bocejo constante. Porém, Clariana estava embevecida, sorvendo as palavras de Rodrigo que lhe pareciam mel, num encanto que a envolvia numa dormência irresistível. Juca e Izabel não resistiram e acabaram adormecendo de cabeças encostadas, em ligeiros roncos e desfalecidos, pesadamente recostados no banco arca da cozinha.
A noite caíra. O céu adornado pelo pontilhado brilhante das estrelas, refulgiu quando as nuvens revelaram uma imensa lua cheia. Clariana acordou sobressaltada, não sabia onde estava. Sentia frio. Olhando em volta levantou-se, perguntando assustada:
— Onde… Onde estou? — ouviu passos no cascalho e apercebeu-se que estava numa gruta ao ouvir o eco da sua voz.»
[EU] Um gemido respondeu ao eco ecoando quando Clariana se ergueu, os olhos procurando quem assim plangente. Não era gente mas a Noite, dorida da queda antecipada pela voz dourada de Rodrigo, Clariana amargando o mel que lhe escorrera nos ouvidos e tentando encontrar um norte ou um sul para aquele tão sem sol onde se encontrava. A Noite percebeu-a perdida e um sorriso iluminou-lhe os brancos dentes perfeitos na cara de lua cheia, o traje de lua nova esvoaçando no estender de mão daquela criança.
- Nada temas, Clariana, eras esperada. Mas não te sabia tão perto e precipitei-me...
- Estás magoada?
- Estou, mas melhorarei, agora que tu aqui. Vem, adentremos a Gruta dos Tempos e ouçamos Eurico, o presbítero que a habita. O Avô vai adorar receber-te!
A saudade em Clariana suspirou, cheia de penas.
- O meu Avô também era Eurico. Foi quem me ensinou a amar os gansos e…
E a Noite, impaciente, cortando:
- Sim, eu sei, o Avô já me contou. E por te saber tão boa aluna enviou o Ganso Rodrigo para te trazer… o nosso Futuro precisa de tal arte!
Clariana olhou-a e percebeu nela um espelho, as semelhanças luzindo e as (...)
[Continua com o FILIPE VAZ CORREIA] [CONTO COMPLETO]
Fui e gostei, pois já não recordava como os Ministérios podem mudar tão facilmente de nome sem que, por isso, a obra saia mais bem feita - ou feita, vá. Mas, claro, por lá não se discute a obra feita - e desta vez debrucei-me no como se organiza quem se propõe fazer obra. Debrucei-me e ia caindo, que aquilo parece ser um poço sem fundo...
Sim, voltarei ao tema. No próximo fim-de-semana. Entretanto, terão tempo para ir actualizar a leitura e voltar.
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