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Hoje é dia de sair do burgo.
Pensei levar petinga, mas não encontrei. Acabou por ser sardinha, e da grandota.
Não tenho culpa, as petições sobre as comemorações do 25 de Abril são três e eu falei de cada uma delas.
Bom, para saberem se é da seca ou da que pinga, terão de a provar...
É só deitar o anzol.
(sou uma sardinha de transporte. clica e levar-te-ei de viagem)
Já agora, fica a notícia: voltarei a sair para falar de Petições, e já na sexta-feira. Mas o botão será outro.
Não há vacas sagradas.
Mas há muitas vacas fustigadas.
Que se fustiguem vacas que atacam, compreendo. Mas nunca perceberei os que fustigam as vacas só por serem vacas.
Menos ainda perceberei os que ao atum chamam vaca para poderem fustigar a vaca - por ser vaca.
Há muita gente contra as anunciadas comemorações oficiais do 25 de Abril. Mas, desta gente, uma parte está contra quaisquer comemorações do 25 de Abril, outra parte está contra as comemorações do 25 de Abril nesta época de confinamento. Vamos por partes.
Acho estranho haver católicos que dizem não terem podido celebrar a Páscoa. Acho estranho porque aqueles a quem vejo tais lamentos têm acesso à Internet, portanto não celebraram porque não quiseram - até eu que sou ateia sei que houve celebrações transmitidas em directo. Houve celebrações transmitidas via rádio e televisão em canais do Estado. Tudo bem, não puderam comungar fisicamente - mas o Santo Padre falou em comunhão espiritual, portanto acatassem.
Por tudo isto, acho hilariante haver quem clame não dever haver comemorações do 25 de Abril porque não houve comemorações da Páscoa.
Eu sei que parte dos que o dizem são católicos que, mesmo que não estivéssemos em confinamento, não celebrariam o 25 de Abril. Talvez suponham que nas comemorações do 25 de Abril se beija os pés dos cravos e daí a preocupação? Alguém que os tranquilize, por favor.
Também sei que outra parte dos que o dizem nem sequer são católicos (ou são católicos não praticantes, seja lá isso o que for), mas não perdem uma oportunidade de tentar anular as comemorações do 25 de Abril e aproveitam o reboque do catolicismo. A estes, recomendo que empunhem bem os cravos de Cristo.
Aos outros, era bom que os recordassem de que os diáconos, os padres, os bispos, os cardeais e o Papa estão para a Igreja Católica como os autarcas, os deputados, os presidentes dos Supremos Tribunais, o Primeiro-Ministro e os presidentes da Assembleia da República e da República estão para o Estado democrático que somos. Usando a mesmíssima analogia da Páscoa e do 25 de Abril, se houve celebrações da Páscoa, porque houve!, então também deve haver celebrações do 25 de Abril. E nem o Papa nem os padres a celebraram sozinhos, portanto não basta o Presidente da República aparecer à janela e fazer um discurso. A analogia não é minha.
Agora outra parte, aquela onde me incluo. Aqueles que achamos um exagero estas comemorações em pleno período de confinamento.
Os deputados da Assembleia da República votaram democraticamente. O que, à semelhança de tantas outras vezes, não significa que tenham votado com sentido de Estado. Numa época de confinamento, decretado pelo mais alto representante da República que servem, manda o cargo que cumpram o que deliberam os poderes institucionais e manda o civismo que cumpram o deliberado.
No entanto, porque, e muito bem, a democracia não está suspensa, há que comemorar oficialmente os feriados da República. Porque não são feriados por terem saído numa rifa e sim por terem significado profundo na sociedade que hoje somos.
A menos que os que acham o confinamento uma ameaça aos direitos e liberdades do cidadão queiram agora dar o dito por não dito e alinhar na supressão das cerimónias oficiais que celebram as datas que concederam essas liberdades. É uma opinião. Mas vá, que continuem a virar o bico ao cravo - porque se acham que o fazem por uma qualquer questão de justiça popular, ou há moralidade ou comem todos, a mim parece-me ressabiamento e falta de noção sobre o que significam as cerimónias oficiais. É outra opinião.
E, claro, há os que entendem que o 25 de Abril não merece ser comemorado, embora não usem o argumento da Páscoa. Convenhamos, as portas que Abril abriu foram abertas também para eles. Oxalá nunca se entalem.
Sim, defendo a comemoração oficial do 25 de Abril na Assembleia da República.
Mas concordo: cento e trinta convidados são demasiados indivíduos - não pela dimensão do hemiciclo ou pela preocupação com a saúde dos presentes, mas pelo Exemplo. Assim mesmo, maiúsculo.
Portanto, comemore-se a data mas reduzam-se as presenças protocolares, os vários poderes democráticos representados apenas pelas suas mais altas figuras:
E, porque se celebra também quem promoveu os acontecimentos que marcaram a data: (*)
Se todos comparecerem, serão 25 cidadãos.
Contem-se ainda os operadores de câmara e som (e demais técnicos indispensáveis) da própria ARTV, em trabalho mas também em representação do Quarto Poder - ao qual distribuirão as imagens - e veremos que se consegue fazer a festa com menos de 40 pessoas. Quase todas homens, mas isso só evidenciará mais uma falha da nossa democracia. Que fique registada para futura análise, que tal análise é também Abril.
Com esta redução poderá haver, e haverá, egos ofendidos - que lambam as feridas no recato. Importa é que a Democracia não saia mais ferida ou achincalhada do que ferida e achincalhada já foi.
E eu? Ao contrário de muitos católicos que não celebraram a Páscoa, sei que celebrarei o 25 de Abril. Em casa, claro. E com um cravo, ainda que de papel.
Celeste Caeiro, a Celeste dos Cravos (imagem RTP)
Nota (*) : Para o 1.º de Maio (**) usemos a mesma regra, mas em vez do presidente da Associação 25 de Abril convidem-se os presidentes das centrais sindicais e um representante dos sindicatos independentes. Três indivíduos.
No 10 de Junho, mesmo que já não em confinamento, mantenha-se a fórmula mas convidem-se os presidentes da Academia Portuguesa da História e da Academia das Ciências de Lisboa. Dois indivíduos.
Nota (**): Concordo com os que são contra as manifestações de rua no 1.º de Maio de 2020. Mas os que agora pedem a sua suspensão que não venham depois chorar as Festas Populares. Só por causa daquela coisa das incoerências.
Elas, Svetlana Zakharova, solistas e bailarinas do corpo de bailado do New National Theatre de Tóquio
Ele, Andrei Uvarov
A coreografia, bailado clássico, de Marius Petipa e Alexsander Gorsky
A música, clássica, Don Quixote de Leon Fyodorovich Minkus (ou Ludwig Minkus)
O quadro, Grand Pas de Deux
A ocasião, bailado Don Quixote, New National Theatre, 2009 (Tóquio, Japão)
O Rasurando voltou a iluminar-se.
O Eduardo apareceu cedinho, junto-me eu agora... e que os outros não tardem, pois para tardar chegou o tempo de paragem.
Por lá, este fim-de-semana fala-se do Poder Executivo. Uma coisa leve, entre a história que o Eduardo relembra e a comunicação pela qual (re)clamo.
Apareçam.
É aqui mesmo... basta clicar
Peça, Right down the line
Intérprete, Gerry Rafferty
Letra e Música, Gerry Rafferty (1978)
Motivo da dedicatória: Relembrem-se do porquê de estarem com quem estão,
e deixem-se de piadas parvas. Podem desgastar mais do que aquilo que supõem.
You know I need your love, you got that hold over me
Long as I got your love, you know that I'll never leave
When I wanted you to share my life, I had no doubt in my mind
And it's been you, woman, right down the line
I know how much I lean on you, only you can see
Changes that I've been true, have left there mark on me
You've been as constant as the northern star, the brightest light that shines
It's been you, woman, right down the line
I just wanna say this is my way
Of telling you everything, I could never say before
Yeah this is my way of telling you that everyday, I'm loving you
So much more
Cause you believed in me through my darkest night
Put something better inside of me, you brought me into thelight
Threw away all those crazy dreams, I put them all behind
And it was you, woman, right down the line
I just wanna say this is my way
Of telling you everything, I could never say before
Yeah this is my way of telling you that everyday, I'm loving you
So much more
If I should doubt myself, if I'm losing ground
I wont turn to someone else, they'd only let me down
When I wanted you to share my life, I had no doubt in my mind
And it's been you, woman, right down the line
Agora que passou a Páscoa, e com ela a tolerância de ponto de dois dias, expliquem-me por favor: qual foi o motivo, qual é o motivo, de tanta indignação em torno das tolerâncias de ponto?
Um trabalhador precisa de, ou dá-lhe jeito, faltar por motivos não previstos na lei.
No particular
Ou melhor, nas PME, que empregavam em 2018 cerca de 3 230 000 indivíduos,
79,6% do pessoal empregado por conta de outrem.
O trabalhador dirige-se ao patronato, directamente ou aos seus serviços de pessoal, e apresenta pedido para falta.
O patronato não aceita, e o trabalhador
ou pede (e aceitam-lhe) o dia para férias
ou não falta.
Se faltar, incorre em falta não justificada, sujeitando-se a todas as consequências que esta possa ter.
O patronato aceita o pedido de falta, o trabalhador não comparece ao serviço, a falta está e é considerada justificada, o trabalhador perde a remuneração correspondente ao tempo de falta e o subsídio de alimentação, e o tempo de falta abate na majoração das férias.
Na função pública
O patronato é o Estado, aqui representado pelo Governo, e as faltas justificadas estão reguladas e tipificadas nos Contratos Colectivos de Trabalho e demais instrumentos legais.
Se o trabalhador faltar sem ser por motivos previstos na lei, incorre em falta injustificada, sujeitando-se a todas as consequências que esta possa ter.
Se, por acaso, o trabalhador pediu férias, goza o período como férias mesmo que o Governo o venha a decretar como de tolerância de ponto.
O Governo promulga a tolerância de ponto. Basicamente, decreta que o funcionário público que quiser usufruir de dispensa ao trabalho, naquele período, o poderá fazer pois a falta será considerada justificada.
O Governo decreta tolerância de ponto, o trabalhador opta por não comparecer ao serviço, a falta está e é considerada justificada, o funcionário público perde a remuneração correspondente ao tempo de falta e o subsídio de alimentação, e o tempo de falta abate na majoração das férias.
Afinal,
O patronato aceita o pedido de falta, o trabalhador não comparece ao serviço, a falta está e é considerada justificada, o trabalhador perde a remuneração correspondente ao tempo de falta e o subsídio de alimentação, e o tempo de falta abate na majoração das férias.
=
O Governo decreta tolerância de ponto, o trabalhador opta por não comparecer ao serviço, a falta está e é considerada justificada, o funcionário público perde a remuneração correspondente ao tempo de falta e o subsídio de alimentação, e o tempo de falta abate na majoração das férias.
Qual o motivo da indignação, exactamente? É por o funcionário público, quando lhe dá jeito faltar por motivos não previstos na lei, não ter a possibilidade de pedir ao patrão para lhe justificar a falta? Realmente deve ser chato, pá...
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