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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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[Apesar de esta coisa de seguir alguém ter laivos de psicopatia, mas sabem ao que me refiro.]
A Almoxarife esteve a rever umas etiquetas (tag na gíria dos bloguistas que gostam de falar como se nascidos no Vale do Silicone), pois detectaram-se umas ao som de metidas onde não deviam, facto que estava a irritar a Menestrel...
Que aproveitou a onda para substituir uns vídeos que, mal etiquetados ou realmente ao som de, não tinham som nenhum porque o vídeo usado originalmente foi entretanto retirado do canal ou não está licenciado para Portugal...
E, com isto, a Almoxarife acabou por espreitar outras etiquetas, pois por vezes descolam-se e, caindo em postal errado, causam grande confusão aqui no burgo. Ou isso, ou a Bobo fez das dela só para chatear as outras...
Porque, na verdade, encontraram-se algumas fora de sítio.
Claro que nestes arranjos e rearranjos o triunvirato esqueceu-se completamente de que os postais editados vos iriam parar à Área de leituras. Ou, pelo menos, assim suponho por, de quando em vez, encontrar postais repetidos por lá... Na dúvida, optei por lançar o alerta. Ficaram consternadíssimas com tal possibilidade! Tanto, que me incumbiram de vos escrever este postal em forma de lamento.
Assim, queiram desculpar se inopinada e inoportunamente se depararam com uma enchente de postais velhotes. É que não foram dois ou três... Mas já passou: o burgo tem os canhenhos organizados, a Almoxarife está calma, a Menestrel feliz e a Bobo entreteve-se a fazer a acta que me permite agora relatar-vos os factos - sobre os quais, obviamente, não tenho qualquer responsabilidade.
Boa noite, ou assim.
Tenho pouco tempo, paciência e vontade de escrever hoje.
Mas há um assunto que me está a fazer cócegas...
Há por aí gente muito indignada, a exigir multas e até o encerramento do Estádio da Luz, porque o SLB não inscreveu claques cf previsto no regulamento da prevenção da violência no desporto. Não me interessa discutir esta matéria, até porque a lei não o obriga e eu acho que as claques deveriam ser parte integrante dos clubes e não grupos autónomos - além de achar que esta lei não resolve absolutamente nada, como se tem visto. Sendo lei, havendo provas de infracção resolva-se nos tribunais e penalize-se o infractor, no caso o meu clube. Mas o cerne, aqui, não é o que eu acho e sim o que acham os tais indignados.
Os mesmos que se indignam agora porque o Ministério Público quer suspender um sindicato profissional que aparentemente não cumpriu e aparentemente continua a não cumprir o regulamento para o ser. Também não interessa aqui o que acho, embora concorde que um sindicato que não cumpre o regulamento, nomeadamente tendo nos órgãos sociais membros que não são profissionais do sector, deve ser inibido de funcionar até o cumprir, assim como uma empresa precisa de estar devidamente registada para laborar. Mas, mais uma vez, não é a minha opinião que importa e sim a dos indignados.
Que usam dois pesos e duas medidas, conforme lhes dá jeito. Porque na Política e no Desporto parece que vale tudo desde que seja a favor dos seus interesses.
E ainda enchem a boca para falar de Democracia. Sem qualquer rebate de consciência ou pingo de vergonha.
Precisamos claramente de mudar os nossos hábitos. Repensar como vivemos: reduzir o consumo, recuperar o danificado, reutilizar o possível, reciclar o restante.
Passa por assumir que não precisamos de tudo o que nos querem vender, passa por reinventarmos a nossa própria moda, passa por reestruturarmos os hábitos alimentares, passa por olharmos a posse dos objectos com responsabilidade.
E passa também pela escolha das e pela exigência nas nossas actividades de lazer.
Uma ida ao cinema implica, ao que vejo, e entre outros adereços, a embalagem das pipocas, o copo da bebida e a palhinha.
Estar na esplanada é estar também com uma infinidade de papéis e plásticos e metal - a garrafa da água, a lata do refrigerante, os guardanapos que vêm nos pratos e os que, estando no suporte, usamos para limpar desde os lábios até à gota de refrigerante que salpicou a mesa. E isto é apenas o que temos em cima da mesa.
E há o outro lazer, o que parte do desperdício para gerar diversão.
Como por exemplo La Tomatina. Com mais de 70 anos de existência, esta tradição de Buñol sempre me afligiu - não que a não pensasse divertida, aos 20 anos ponderei até participar... mas não consegui, porque à possibilidade de diversão sobrepunha-se, sobrepôs-se, sobrepõe-se a noção do desperdício alimentar que dela resulta. Toneladas de tomate destinados a serem atirados aos e entre participantes, entre molho e risos e manchas, a maior a da vergonha por chegarmos a este nível de desrespeito pelos alimentos.
E Almeirim quer seguir-lhe os passos, realizando pelo segundo ano a Tomatada.
Mas parece que esta actividade não ofende os defensores do ambiente e da sustentabilidade, talvez porque afinal os tomates até são excedente da indústria transformadora, a coisa é boa para o Turismo e no fim até se aproveitam os resíduos para alimentação animal...
... Isto afirmado como se a produção de alimentos para animais, e muito particularmente de alimentos para animais destinados ao consumo humano, não estivesse sujeita a apertadas regras de segurança alimentar, como se o tratamento (?) a que os resíduos serão sujeitos eliminasse os riscos de contaminação com bactérias ou fármacos presentes nos fluídos humanos, com fibras e tintas do vestuário cuja toxicidade se desconhece, com contaminantes físicos de toda a espécie.
... Isto dito como se a água que vai ser disponibilizada para lavagem dos participantes durante os festejos (de quê?) estivesse canalizada para reaproveitamento para rega em vez de destinada a escorrer indiscriminadamente.
... Isto defendido como se não houvesse outro destino para o tomate - que, sendo destinado à indústria transformadora, não deixa de ser comestível em cru. E como se a água não fosse um bem escasso até à beira-Tejo.
Recordo um correspondente que tive há muitos anos, no início do século, um habitante do deserto e por lá guia turístico. Que dizia que o que mais o havia impressionado nos poucos meses em que estudara na Europa havia sido a nossa relação com a água. Sem censura, apenas espanto, vira como a usávamos como ornamento em fontes, como a deixávamos escorrer sem uso das torneiras para o ralo, como empapávamos os jardins, as rotundas, como não precisávamos de aproveitar a água da chuva. Ficara maravilhado com a prodigalidade de água, não lhe ocorrendo que o que via não era apenas não ter carência, que o que observava era mesmo desperdício. Há 20 anos.
De então para cá pouco mudou na gestão da água. Pouco mudou no nosso comportamento, na nossa exigência, nas nossas políticas.
Dizem que este arder da Amazónia está a servir para mudar consciências. Que por pouco que se faça pelo menos ganha-se consciência para o problema do Ambiente. Pois eu digo que a consciência ambiental que se possa ganhar, e eu duvido desse ganho, não chega. É preciso ganhar consciência política e agir globalmente - em cada opção no nosso quotidiano, na nossa vida. O Tempo e a demografia estão contra os lentos despertares de consciência. E os hábitos que não mudarmos por política serão mudados por necessidade por escassez por imposição. Sem aviso nem preparação.
imagem de fonte desconhecida. se identificada, agradeço alerta.
Museu. O termo, talvez quase tão antigo como a necessidade de preservar as artes, significa Templo das Musas. Casa onde se veneravam Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpómene, Polímnia, Tália, Terpsicore, Urânia - as Artes, as Letras e as Ciências vistas como consequências de inspirações e desígnios.
A Humanidade avançou na História, as Ciências a Fé as Artes a Política sofrendo convulsões, revoluções, involuções e evoluções num continuado avanço em espiral. Nas civilizações moldadas pelas grega e romana poucos serão os que recordem as Musas; mas buscamos ainda a transcendência nas artes e no conhecimento, embora este século se vá assemelhando a um mergulho numa nova Idade Média, de um lado a Revolução Tecnológica e do outro a negação da Ciência, a censura das Artes - a crença a ocupar o lugar do pensamento, a emoção a anular a razão.
No entretanto, e será talvez uma questão de tempo, mas neste entretanto em questão, em que estamos, ainda há uma clara distinção entre o que são as Artes, as Letras, as Ciências Naturais e as Ciências Sociais e Humanas.
Sabemos distinguir Bibliotecas de Museus, mesmo que não percebamos a sua importância e ainda menos deles usufruamos; e vamos pedindo, as novas gerações mas também as mais velhas, que os Museus sejam interactivos, que nos permitam cruzar informação enquanto olhamos o exposto.
Porque os Museus são, genericamente, espaços estáticos, aglomerados de montras que nos permitem espreitar, ser tocados sem tocar aquilo que observamos. O exposto entra-nos nos sentidos, ou não. Recolhemos, expomo-nos a sensações e pensamentos com apenas um sentido - a visão. Basicamente, recebemos estímulo do objecto sem contexto.
O que estará muito bem para as Artes - sentir a obra não carece perceber o Artista ou a técnica, basta a obra e a sensibilidade de cada um.
As Ciências Naturais tratam os Museus com mais objectividade: expõem factos, as emoções que suscitam resultam mais das crenças e das sensibilidades de quem entra do que daquilo que é exposto e que tem como alvo o intelecto.
E depois temos as Ciências Sociais e Humanas... queiramos ou não, visitar a História da Humanidade é visitar aqueles que a viveram, é conviver por breves momentos com aquilo que foi.
3000 anos depois vejo nas Pirâmides os mortos caídos na sua construção tanto quanto vejo os ali intencionalmente sepultados - e sem os quais a edificação não existiria. Que dizer dos campos de concentração nazis, dos gulag soviéticos, dos tarrafais e peniches da minha própria História?
Museus destes têm obrigação de contar as várias histórias da História, e exigem especial sensibilidade quando alguns dos protagonistas vivem ainda.
Sim, os ditadores fazem parte da nossa História. Mas se hoje se visita o Louvre e os actos e omissões dos últimos Luíses já não emocionam, o mesmo não dirão ainda todos os que passam na António Maria Cardoso.
Os locais históricos acabam, em alguma altura, por se transformar em locais de romaria, o que, se no caso das vítimas é socialmente aceitável, no caso dos vitimadores é ofensivo para com os que lhe sofreram o regime - lembremo-nos do que se passa ali ao lado, no Vale dos Caídos, e da polémica por os corpos das vítimas terem entre eles o corpo do vitimador.
O mínimo que podemos fazer é respeitar a História e evitar o seu branqueamento: confrontar quem venera uma figura com todo o seu legado. Todo. Sem omissões.
Museu do Estado Novo em Santa Comba Dão? Concordo: um centro de estudos interactivo, em rede, ligado a Peniche, ao Tarrafal se Cabo Verde quiser.
Chamar-lhe Museu Salazar? Está bem: as paredes do museu e os muros das ruas que levam ao museu ostentando os nomes dos mortos políticos, dos prisioneiros políticos, dos exilados, dos emigrados, das vítimas da Guerra Colonial - as mortais e as outras.
Que Clio não poupe os romeiros.
[Este postal começou por ser um comentário ao postal do meu caro Filipe Vaz Correia, um poeta do caneco - ou melhor, do Caneca. De Letras. Mas era extenso... desisti. Envio-lhe daqui este postal. E um beijo abraçado nas discordâncias que não nos impedem o diálogo e o carinho.]
imagem: "Clio", de Pierre Mignard (Séc. XVII), domínio público
Tinha em formação um postal sobre a ideologia de género (sexo vs género) e o Despacho 7247/2019, que é o mesmo que dizer que as ideias se agitavam e começavam a ganhar forma de texto. Agitavam-se convulsas ao ler artigos destes, acalmavam com estes, e hoje era a madrugada em que, sentada ao computador, escreveria o postal.
Mas entre postais pausei e li o Der terrorist. [definitivamente, as pausas hoje tiveram resultados estranhos] Foi lá que descobri o artigo que vai muito mais além da análise que eu pretendia fazer à lei e às petições de gente que, talvez fruto das suas inclinações autoritárias, confunde a liberdade de escolha com a imposição de uma escolha...
... Vale mesmo a pena ler o artigo de João Francisco Gomes no Observador.
Este postal ficar-se-ia por aqui se, a propósito do mesmo tema e das mesmas gentes, não me tivesse recordado haver lido na madrugada anterior que no CDS houve quem usasse abusivamente, leia-se fora de contexto e sem autorização, um desenho de um autor japonês que já afirmou não permitir o seu uso para fins políticos - e que exigiu a sua retirada directamente ao prevaricador. Sem sucesso, que o twit lá anda contente e a multiplicar-se... [já agora, leia-se com atenção o que diz Alexandre Morais... é ler, é ler a thread toda!].
E também cabe aqui recordar algumas respostas a Laurinda Alves: uma carta aberta de uma mãe que vê na jornalista o que vê na filha e um postal de uma mãe que luta em nome do filho.
Pronto. Agora o postal está pronto.
imagem retirada do Livraria Florence
Um blogue é o que cada um quiser que seja. Uma mesa de café ou um mundo de ideias, um livro em construção ou um bloco de notas soltas, um diário íntimo e pessoal ou um púlpito um palco um ecrã...
Maravilho-me com blogues dedicados a temas aos quais seria incapaz de dedicar meia-hora de pensamento, e no entanto quedo-me a lê-los, folheio-os navego-os absorvo-os porque a escrita ou o escrito me mostram o outro lado do horizonte - tornam os temas interessantes. E volto. E sigo.
Leio blogues em que as pessoas se partilham - uma partilha para mim impensável, ciosa que sou da minha privacidade. Blogues onde as pessoas se desvelam, onde rasgam a pele e expõem a dor e o sonho ou onde afinal expõem banais minutos que transformam em segundos, primeiros que são a rir ou a chorar das assim contadas nada banais passagens dos seus dias, pela sua leitura meus um pouco também. E volto. E sigo.
Navego entre blogues. Sigo blogues. Diferentes entre si na forma no conteúdo no objectivo... apenas o meu objectivo lhes será, a todos, comum: conhecer perspectivas. Rir, debater, conhecer as pessoas dentro dos blogues, são benefícios adicionais. Muito prezados, sim, mas não objectivo primeiro.
Mas os blogues que mais visito são aqueles onde se expõem ideias mais do que se expõem pessoas, mesmo que as pessoas sejam o veículo para chegar à ideia - assim como que exemplos, linhas concretas de partida para um final abstracto e transversal. Ou universal.
Por vezes sinto que a ideia poderia ser mais explorada, merecia ser debatida, queria-a mais bem explicada porque a leio dúbia ambígua opaca... Mas nem todos os blogues têm caixas de comentários, cada autor com as suas razões e todo o direito de agir e gerir o seu espaço como entender. E nestes sem caixa a ideia fica ali encaixada, encaixotada, cristalizada num postal nada estéril mas hermético e monocromático: unívoco. Por isso tantas vezes equívoco. Ah, mas quando as caixas de comentários estão abertas as palavras fluem em busca da claridade da expansão da partilha, as ideias partidas e repartidas e voltadas a unir em debates muitas vezes cruzados entre postais entre blogues... entre pessoas.
Só que...
Ter caixas de comentários significa convidar o leitor à manifestação. É mesmo um efusivo convite quando o autor se lhe dirige, interpelando-o directamente com um "caro leitor" ou "imaginem vocês"... Lamento, mas além deste apenas outro motivo há para a manutenção das caixas: o desconhecimento de como as fechar. [E a estatística, já esquecia a estatística; mas comentários sem resposta não geram mais visualizações, portanto ignore-se ] Não adianta dizer que não se solicitou opinião ou que não era suposto nem desejado estabelecer diálogo - as caixas estão ali, escancaradas a dizê-lo e gritando-o depois da primeira resposta: "manifesta-te, quero ouvir-te!"
Receber comentários significa receber todo o tipo de comentários, dos mais simpáticos aos mais ofensivos, das simples apreciações às mais complexas perguntas levantadas pela interpretação das palavras das imagens das músicas partilhadas. E tudo isto em tons modulados pela educação sensibilidade racionalidade conhecimentos de quem interpela. Ter caixas de comentários na esperança de apenas receber aplausos e concordâncias é isso mesmo, esperança.
Quem escreve os postais tem todos os direitos de moderação: responda, apague, alerte, ignore... Esperarei demasiado ao esperar coerência na moderação? Talvez, mas espero-a ainda assim. Esperança, certo.
Tal como espero consistência nos e entre postais. E por isso leio vários de um recém-descoberto blogue. E procuro perceber as suas normas de conduta, declarações de interesse, conceito ou objectivo... Porque cada blogue tem uma construção própria, uma dinâmica muito sua, e porque navego à descoberta das perspectivas, das ideias, prefiro lançar âncora em terra firme, ainda que adversa. O diálogo, já o disse, é secundário. Embora não menos delicioso, e por isso dele esperar a mesma consistência: se o autor raramente responde a comentários, as caixas serão mausoléus... e eu não tenho o culto da morte; se o autor aceita o diálogo e substitui a racionalidade pelo argumento ad hominem, o seu crânio ter-se-à transformado em mausoléu... não creio em ressurreições e, como disse, não tenho o culto da morte; se o autor aceita o diálogo e se desfaz em inconsistências... se não tenho o culto da morte nem acredito em ressurreições, para quê dialogar com fantasmas, com a sombra do que se acreditam e proclamam? [Aqui chegada, confesso que se podem perceber as perspectivas - ou, melhor, os horizontes - tanto na consistência como na insubstância: a insubstância, quando muita, revela-se consistente. Mas não me atrai.]
Enfim, navego por blogues. Sigo blogues. E tenho blogues. Há uma única diferença entre seguir e ter.... não é a escolha do tema, pois não escolho o tema dos postais dos outros mas escolho lê-los ou não os ler; não é a atitude que tenho, esta depende de mim e apenas de mim, não do ambiente onde estou pois, mais uma vez, a escolha é minha; nem é, sequer, a moderação dos comentários, pois mesmo em postais de terceiros respondo quando interpelada... Não. A única diferença entre seguir blogues e ter blogues é que nos meus blogues sei e tento transmitir o que pretendo de cada um.
Passei pela área de leituras numa breve pausa no trabalho.
O Pedro Rodrigues tinha publicado na sua Caixa de Música uma velha música dos The Proclaimers, grupo escocês com um punhado de músicas muito divertidas a balançar entre o folk e o pop/rock. Nada como os irlandeses The Pogues, mas suficientemente bons para me terem levado a adquirir um CD em 1989. Deixei-me ficar a ouvir o I'm gonna be (500 miles), recuei no tempo até à pista do Xeque Mate e aos pulos dos suspeitos do costume de então, recordei o álbum há anos intocado no gavetão, apeteceu-me ouvir Sunshine on Leith - a balada que ainda trauteio de quando em vez e que deu nome ao álbum.
Enquanto ouvia, fui lendo os comentários. E descobri que esta música foi adoptada como hino pelos Hibs, os adeptos do Hibernian Football Club - um clube de Edimburgo que esteve 114 anos sem nada ganhar. Continuei no You Tube... e descobri isto:
Emocionei-me. A complexidade da música, a entrega dos adeptos, a serenidade do momento. Quis saber mais, procurei e descobri isto [um texto magnífico sobre a música, os Hibees, a vitória da Taça da Escócia em 2016, a invasão de campo, a intervenção da polícia... e esta gravação. já não está disponível. deixo este, para ajudar a enquadrar o momento]. Emocionei-me outra vez. Revi-me nas palavras. Sim, também chorei, e? Tenho algures ancestrais escoceses, mesmo que me digam que não - só uma qualquer memória genética me permitiria admirar sem romantismo a história, o estoicismo, a paixão e a entrega daquelas gentes. Espantosamente demonstrada num mero vídeo de adeptos de futebol.
Acho que também fiquei adepta do Hibernian Football Club. Pelo menos fiquei adepta dos seus adeptos. Porque adeptos destes merecem respeito. E aplausos.
E isto porque um bloguista se resolveu a publicar os êxitos de há uns anos e eu resolvi fazer uma pausa no trabalho.
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