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Ninguém sabe o que o Brexit trará.
Para já, trouxe aos britânicos dois Prime Ministers que não elegeram.
Great, o mundo avança...
... não se sabe muito bem em que direcção
... mas atrevo-me a descrer, a desprezar, a detestar o rumo que leva.
Enfim, faça-se a suma apologia da superfluosidade do Raciocínio, da Argumentação, do Diálogo...
Alea iacta est.
Ainda bem que o Super-Juiz Sérgio Moro, o grande justiceiro, é Ministro da Justiça.
Ainda bem, assim os nossos irmãos brasileiros talvez percebam melhor a justiça de medidas como as que andam a ser tomadas por estes dias. Mesmo que Moro não tenha influência no Supremo Tribunal Federal, o padrão é cada vez mais claro. E a mancha cada vez maior.
E está bem, digam-me que Lula é um político condenado e não um condenado político. Pode ser também o primeiro - do segundo não tenho já dúvidas. Talvez se o repetirem com muita convicção ele volte a ser condenado, e desta vez com provas. E me demonstrem assim que tudo são, afinal, coincidências. Porque, neste momento e com este panorama, a credibilidade do sistema judicial brasileiro é quase nula.
Para que não me pensem desertora aqui do burgo, venho (muito de passagem) iniciar um movimento político:
Nunca percebi o porquê de continuarmos a receber guardanapos entre o prato e as tostas, as sandes, os bolos. Se nos fritos sempre absorve alguma gordura (para quem tem coragem de aceitar comida mais oleada que cambota de motor), nos outros só atrapalha. E não apenas, se analisarmos melhor este hábito que representa desperdício de papel (vertente ambiental) de dinheiro (vertente económica) e que se pode revelar perigoso (segurança alimentar). Manias!
Dispensem-no. Digam para não vos porem o papelucho no prato - mas digam-no antes de vos colocarem a comida sobre o guardanapo, recusar depois de servido será apenas demonstração de petulância e mau-feitio. Afinal, convém relembrar que as condições do serviço se negoceiam antes da sua prestação.
Se depois de tal pedido vos responderem que "não pode ser por causa da segurança alimentar", que é bem provável que aconteça, peçam-lhes as avaliações de riscos e que por elas vos encontrem a justificação. Se conseguirem.
Armando em técnica, que sou, adianto-vos que os pratos têm de ser lavados a 55-65•C e enxaguados a 80•C, temperatura de desinfecção, com detergente específico para a indústria agro-alimentar. Logo, a superfície de contacto com o alimento dispensa outra protecção - o guardanapo, que há muitos anos talvez se justificasse pela lavagem manual a frio, mas que agora foi tornado obsoleto pelas máquinas de lavar industriais.
Depois de verificadas as condições de higienização (e acondicionamento) dos pratos, verifiquem se as condições de armazenamento dos guardanapos constam da tal avaliação. Dificilmente constam, aviso... pois é, poderão estar perante um perigo alimentar absolutamente desnecessário - porque os ratos gostam de papel e as embalagens passam por muitos armazéns antes de chegarem ao café ou ao pub; e mesmo que este tenha um controlo de pragas de excelência, as leptospiras (presentes na urina dos roedores) podem impregnar o papel muito antes de este chegar ao café - e não estou a ver o sr. Zé do café a rastrear os guardanapos... se o fizer, pronto, a leptospirose e outros riscos estarão sob controlo, parabéns sr. Zé!
Assustei-vos? É apenas um exemplo, e dos mais graves senão não valeria a pena exemplificar; mas quantas vezes as dores de cabeça e as dores de barriga sem causa aparente resultam de coisas assim mínimas?
Enfim, depois disto feito não se lhes riam nas caras de quem perpetua manias sem saber porquê mas que responde "é por causa da lei" porque assim lhes foi transmitido.
Digam-lhes antes:
Não quero guardanapo no prato.
Ser-lhes-á mais fácil aprender a pensar no que é isso do Agá-Cê-Pê que pagam sem saberem para quê.
Só para chatear
Não estou na rede que usa o cardinal para não sei bem o quê, mas vá, ei-los, usem e abusem e talvez a moda sustentada pegue:
#nãoqueroguardanaponoprato
#nqgnp
Não será grande coisa como movimento, mas há por aí alguns mais mal fundamentados...
Até breve.
ADENDA
Depois de ler os comentários, temo não ter sido explícita como pretendia ao usar o exemplo das leptospiras.
Assim, esclareço que os perigos (circunstâncias) podem ter riscos (consequências) graves associados; mas a avaliação do risco faz-se pela gravidade e pela probabilidade da sua ocorrência, sendo esta condicionada pelos mecanismos naturais e pelos mecanismos de controlo.
Assim, a leptospirose ser grave não significa que seja provável, pois depende dos mecanismos naturais (as leptospiras estarem activas - pouco provável na ausência de humidade, portanto a capacidade patogénica será reduzida) e dos mecanismos de controlo (a tal rastreabilidade, que significa saber exactamente como e com que materiais foi produzido o artigo, por onde e em que condições andou até chegar ao café; e as condições de acondicionamento, incluindo a existência de um controlo de pragas adequado, e de manuseamento desde que entra no café/bar até chegar à mão do consumidor final).
São muitos os factores que interferem, e quanto mais bem identificados e controlados menor a probabilidade da ocorrência da doença, da intoxicação alimentar, da reacção alérgica.
Por isso estas avaliações de riscos não deverem ser feitas levianamente. Nem por quem não perceba da matéria - ter ouvido falar no assunto não chega, a Saúde Pública é bem mais importante do que achismos e a economia local não pode depender de (maus) rumores.
Assim, creiam que não pretendi nem pretendo ser alarmista, até porque a maior parte dos HACCP implementados atenta nos riscos comuns.
Não desejo que se sintam alarmados, os riscos graves e incomuns mas prováveis geralmente espoletam alertas públicos pela Direcção-Geral de Saúde.
Mas espero desejo quero que fiquemos alerta para este e outros (não tão) pormenores que influenciam ambiente e saúde.
Leio no portal Sapo "Há milhares de portugueses a tomar medicamentos que não fazem efeito". Supondo ir encontrar um artigo sobre placebos ou sobre auto-medicação e venda livre, sobre diferenças fisiológicas ou sobre falhas de diagnóstico, sobre incúria ou desleixo médico ou sobre abusos das farmacêuticas ...
... deparo-me afinal com um muito inconcreto panegírico a testes genéticos que estão disponíveis no sector privado e que no SNS apenas são usados em tratamentos oncológicos ou da SIDA.
Testes que serviriam para identificar as terapêuticas mais aconselhadas a cada indivíduo; mas que, segundo o artigo, a comunidade médica não usa
<< Ou porque “não tem noção desta realidade”, ou por “ignorância”, ou até mesmo com o “argumento de que é caro”, critica Carolino Monteiro, professor de genética da faculdade de Farmácia de Lisboa.>>
apesar de o presidente do Colégio de Genética afirmar que
<<"A procura não tem sido relevante porque ainda não está demonstrada a utilidade clínica, sobretudo quando tem um custo adicional para o SNS”>>
O pequeno e muito insistente artigo termina com uma frase que, segundo o autor não identificado, seria corroboração da necessidade de tais testes mas que, no contexto, apenas me permite perceber abertura à discussão desta opção:
<<No mesmo sentido, Rui Medeiros, coordenador do Grupo de Oncologia Molecular do IPO do Porto sublinha que “está na altura de o SNS pensar o assunto de uma forma organizada”>>
O apologético artigo poderia ter invertido as citações do último parágrafo e terminado com a primeira:
<<Carolino Monteiro defende que “precisamos de uma estratégia nacional porque vai haver um momento em que todos [os doentes] vão querer fazer” o teste.>>
Pelo menos encerraria com um excelente indicador do novo paradigma médico que alguns parecem preconizar: o paciente não é apenas envolvido na decisão, o paciente decide para lá da opinião da comunidade médica.
Nos entretantos e nos finalmentes, não percebi se estava a ler um artigo que se pretendia informativo, e que terá saído muito aquém da pretensão, ou um texto que se pretendia de opinião, e que também nisso falhou por não assumir uma posição concreta apesar da redacção tendenciosa. E ou surgida por geração espontânea ou embaraçadora para o autor, pois que ninguém a assumiu.
Apercebendo-me de que o texto se baseia numa reportagem do Expresso, apesar de tal não ser mencionado, referenciado ou sequer ligado, apressei-me a localizá-la - não que a análise do texto assim o exigisse, que não exige, mas porque me interessam os dados e os vários argumentos da questão. Poderei vir a defender tais testes, mas preciso de muita mais informação - e certamente preciso de informação que me seja apresentada de forma equilibrada, completa, com factos e fontes.
A reportagem, saída na edição de ontem, apenas está disponível para assinantes. Não o sou, e onde estou hoje não vendem nenhum, pelo que a leitura foi forçosamente adiada para um destes dias.
Fica no ar a possibilidade de voltar ao assunto.
Imagem obtida em Google Images
Há uns dias surgiu a notícia de que a campanha de reeleição de Cavaco Silva teria sido financiada pela ES Enterprises. Na mesma notícia constava que os crimes, a serem provados, teriam já prescrito.
Hoje (na verdade, ontem) um colectivo de juízes de Braga considerou provados os crimes de corrupção perpetrados por dois autarcas do PS da mesma cidade, que aceitaram subornos para favorecerem a MAN no concurso público de adjudicação de transportes públicos para o município. No entanto, não pôde aplicar qualquer pena aos infractores pois "os crimes prescreveram" (os crimes não prescrevem, mas sim os prazos para os julgar ou para aplicar penas).
Temos muitas situações destas num passado próximo, quem não se lembra do caso dos Submarinos? Temos muitos casos em investigação que, eventualmente, sofrerão destinos semelhantes, quem se lembra do Tutti-Frutti ou do Tecnoforma - alguém voltou a ouvir falar destas investigações? Mas interessa-me o presente e o futuro, e por isso deixo para outros a missão de relembrar as muitas vergonhas nacionais.
Os magistrados do Ministério Público queixam-se de falta de meios, o que não será um factor a desprezar. É impossível investigar em tempo útil se não há pessoal suficiente, se não há equipamento adequado, se se choca em barreiras legais.
Falar de equipamento e de pessoal implica falar de custos e orçamentos, e sobre estes as únicas certezas que tenho é nunca haver suficiente para o que é do Estado, mal-grado haver para privados e para a banca. Mas as leis, as leis são feitas pelos deputados. Podem ser alteradas.
Sendo unanimemente reconhecido que um dos nossos principais problemas é a Corrupção, como podemos continuar a aceitar a prescrição de processos e a prescrição da aplicação de penas em crimes que lesam o Estado?!
Pergunto-me se não existirá um mecanismo de controlo dos prazos a que cada processo está sujeito, de acordo com as molduras penais definidas. Porque estranho que não se usem os prazos como critério de agendamento, que não se dê primazia nem urgência a processos em risco de prescrição. E estranho que as prescrições aconteçam essencialmente com este tipo de processos.
Por outro lado, como podemos compactuar com a manutenção de gente condenada por crimes de colarinho branco em cargos de gestão da coisa pública? Pior, como é possível que sejam elegíveis como nossos representantes - e que sejam eleitos como representantes de seja o que for que não dessa mesma corrupção que todos lamentam?!
Defendo que, depois de cumprida a pena, o cidadão pagou a sua dívida à sociedade e merece a reintegração. Mas não defendo que o registo criminal seja ignorado: há crimes que, por terem sido perpetrados, devem suspender (suspender, não anular) o direito ao exercício de determinadas funções, entre elas os cargos políticos. E que devem constar num registo público que perdure após a eliminação de crimes e sentenças do registo criminal.
Vou mais longe: mesmo sabendo da perversidade inerente à acusação de inocentes, arrisco-me a alvitrar que a nossa democracia é suficientemente estável para que se determine a suspensão do exercício de cargos públicos e a inibição de candidatura a tais cargos quando (e enquanto) os cidadãos sejam constituídos arguidos. Porque o direito ao bom nome é pertença do indivíduo mas também das instituições - e o Estado é a instituição por excelência.
nota: verifiquei que, mais uma vez, há parágrafos cujos caracteres sobressaem. Não é intencional, será corrigido assim que possível.
imagem em Último segundo
O Mayor de Londres critica a Administração Trump. Trump invectiva o Mayor.
O Embaixador britânico critica a Administração Trump. Trump invectiva o Embaixador.
O que irá Trump esculpir em resposta a esta escultura em homenagem a Melania? Talvez nada, a escultura não é sobre Trump.
imagem de Jure Makovec
recolhida na Caras
Os ataques aos uigures continuam. Já aqui havia falado desta integração forçada, de como o governo chinês obriga ao abandono da religião, das tradições destes também chineses.
E parece-me importante e oportuno falar neste tema.
Não apenas porque se trata de um atentado aos direitos humanos e por isso dever ser recordado,
não apenas porque as questões dos direitos humanos nunca estão em cima da mesa quando se discutem tratados comerciais e isso dever ser exigido,
mas, muito especificamente, porque o racismo, as etnias, os grupos "étnico-raciais", as raças, todas estas questões andam no ar e foram especialmente empoladas estes últimos meses.
A discussão é longa
e pertinente
e exigente.
Por agora, desejo que ponderemos se este tratamento que os uigures, chineses, estão a receber do governo central chinês não se poderá assemelhar a algumas propostas e comentários que se ouvem sobre a escolaridade obrigatória e o porquê de não se forçar as meninas ciganas a permanecerem na escola - ouço-os falar assim mesmo, forçar.
Peço que avaliemos se assimilação forçada a que os uigures estão a ser sujeitos, se esta substituição de raízes, será a melhor resposta para a integração.
Desejo que pensemos na fronteira entre o que é a cidadania e o que são os costumes, onde estará o limite entre aquilo que nos deve ser obrigatório no gozo da cidadania e aquilo que nos é permitido enquanto indivíduos diferentes nascidos ou criados num país comum.
Uma das questões que coloquei recentemente foi a inexistência de definição cabal para grupos 'étnico-raciais': o que são e quais são.
Peço assim que ponderemos também como agruparemos as pessoas - e porque teremos deveremos quereremos agrupar. Mais uma vez, a fronteira entre o que nos tem de ser comum enquanto cidadãos e o que nos distingue enquanto indivíduos com raízes. Porque são campos distintos e não os podemos nem devemos confundir.
Entendo que os deveres de cidadania não são negociáveis. Mas que deveres são esses? Penso que talvez devamos começar esta reflexão por aqui.
imagem de José Eduardo Taveira
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