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imagem retirada do altoastral
I
Num teste de inglês do 11º ano de um curso técnico é colocada uma pergunta, cujo objectivo é levar os alunos a identificar quais os acessórios de moda que são usados por homens, por mulheres ou por ambos. Um aluno responde que todos são usados por todos. A professora considera errado. O aluno argumenta em favor das suas respostas. A professora ameaça o aluno com falta disciplinar se insistir em discutir a matéria.
Foi na disciplina de inglês, mas até podia ser na de romanche ou de latim, que para o caso tanto dá... que em testes sejam colocadas questões que dependem exclusivamente de opinião pessoal, já é abusivo; mas absolutamente desconcertante é o entendimento que a professora tem do que pode ou não pode motivar uma falta disciplinar - aparentemente, discordar da opinião do professor é suficiente.
O meu avô contou-me várias vezes a história da reguada que apanhou por ter corrigido o professor em 1930. E lembro-me do sangue que em 1979 saltou do lábio de um colega ao dizer à professora que não conhecia a capital do país. Nem era não saber qual era a capital, mas o Paulo Renato não conhecia, nunca tinha ido a Lisboa e ficava maravilhado quando eu lhe contava do vento dos aviões ou do cheiro dos hipopótamos ou dos carros na Rotunda do Relógio...
II
No Parlamento o BE, o PAN e o PCP levaram a votação projectos de resolução para a abolição de portagens nalgumas das vias mais estruturantes do país, das quais destaco a A22 (Via do Infante), a A23 (Estrada da Beira Interior), a A25 (IP5, a principal ligação rodoviária a Espanha e ao resto da Europa) e a A24 (que liga Chaves à A25 atravessando todo o interior Norte). Estes projectos foram chumbados por quase todos os deputados do PS e com a abstenção de todos os deputados do PSD e do CDS-PP.
No entanto, as propostas do PSD para estudar alternativas em Aveiro e reduzir o preço das portagens entre Entroncamento e Condeixa foram aprovadas e baixaram à comissão.
Não duvido que Aveiro precisa de alternativas, e acredito que os preços na A13 não sejam atractivos (os da A19, construída para desviar o trânsito do Mosteiro da Batalha, também não são, acreditem!) mas Aveiro tem várias auto-estradas por perto e a A1 passa em Torres Novas, Fátima, Coimbra. As auto-estradas cujas portagens não preocupam nem PSD nem CDS e que o PS quer manter porque, como alvitrou o deputado Ricardo Bexiga , apesar de reconhecerem “os impactos negativos para alguns”, como é que estas infra-estruturas seriam sustentadas se as portagens fossem abolidas?, não têm alternativas que não sejam conhecidas como estradas da morte. Apesar da Estrada da Morte.
Lembro-me de quando auto-estradas em Portugal significava A1, um pedacito de estrada larga só num sentido (no outro também!) entre a Rotunda do Relógio e Vila-Franca e mais tarde Aveiras, a Ponderosa a ser trocada pelo Pôr-do-Sol... sim, havia um pedacinho de A1 lá pelo Porto, mas quase nem dava para acelerar, o que eram 10 quilómetros comparados com 45 quilómetros seguidos... Agora auto-estradas significa dinheiro em caixa, mas só naqueles sítios onde não há alternativa.
III
O direito à greve surgiu em Portugal após o 25 de Abril, estando consagrado no artigo 57º da nossa Constituição e bem definido no Código do Trabalho.
O crowdfunding, ou financiamento colaborativo, é a antiga vaquinha, mas agora recorrendo a tecnologias modernas e não ao boné. Torna indistinta a contribuição de cada um, e garante o anonimato.
As sucessivas greves dos enfermeiros, justas nas reivindicações, estão a ser financiadas pelo financiamento colaborativo, uma forma criativa de tornear a regra "A greve suspende o contrato de trabalho de trabalhador aderente, incluindo o direito à retribuição". Uma subversão da lei, que acaba por tornar injusta uma greve com reivindicações justas. E bastante suspeita pois não se conhece a origem do dinheiro, o qual não chegou aos 100.000€ para os incêndios entre 2017 (Pedrógão) e 2018 (Monchique), mas já passa os 750.000€ para estas greves cirúrgicas que começaram em Novembro. Temo que os enfermeiros estejam a ser conduzidos que nem ovelhas por interesses obscuros que (ab)usam as suas justíssimas reivindicações. Tal como no Estado Novo o voto.
Tudo isto tresanda a naftalina. A atraso.
Está bem para um país que insiste em usar máquina a vapor.
Tento não dar grande projecção ao que diz este senhor.
Mas desta feita rendo-me e publicito: 500 milhões de dólares para a busca de novas terapias para os cancros infantis. Que bom! Isto porque, no seu entender, "há décadas que não surge nenhuma nova terapia". Não necessariamente por não serem investigadas, but who cares perante 500M$?!
Mas fará mais, irá baixar o preço dos medicamentos.
Como sabemos, há muitas pesquisas que começam por ser uma coisa e depois passam a outra; há aquela história de ao fim de uns anos os medicamentos perderem as patentes; e há aquela coincidência de tudo isto envolver apenas e só as farmacêuticas que fazem contratos com o governo americano. Tudo coincidências, certamente.
De uma assentada que prevê para 10 anos, combaterá também "a epidemia de VIH nos EUA e no Mundo", o que será excelente.
Principalmente depois de se saber que o famoso "paciente 0" americano não o foi, e que a importação do vírus se deu numa altura em que os EUA importavam vários produtos de sangue do Haiti. E de se saber que milícias paramilitares sul-africanas com ligações ao regime e à CIA (e ao MI5) espalhavam intencionalmente o VIH pelos negros sul-africanos e moçambicanos.
Muito importante tal combate, Mister President, e louvo tal desígnio universal independentemente do que dizem.
É que dizem algumas más-línguas que terá sido por este programa de combate que Trump combateu o Medicaid. E, claro, erradicando o VIH deixará de ser necessário exigir às suas meninas que façam o teste. Grab them by the pussy, but no test no fun.
É com muita alegria que vejo as preocupações de Trump com a saúde, e especialmente com as crianças. 500 Milhões de dólares é muito dinheiro. Dariam para construir 1/12 avos do seu bem-amado muro.
O Instituto Nacional de Emergência Médica disponibiliza viaturas, enfermeiros e médicos para situações de emergência médica. De acidentes de viação em plena cidade a paragens cardio-respiratórias em locais ermos, os recursos do INEM a todas as emergências tentam responder.
A instituição poderá ter por vezes maus presidentes, ou maus e muito maus funcionários, debate-se com a inoperacionalidade de recursos por questões burocráticas ou por questões técnicas, ao que acrescem as limitações decorrentes de a Banca e alguns indivíduos viverem acima das nossas possibilidades.
Ainda assim, defendo que os serviços de emergência devem ser gratuitos, suportados por nós, sim, mas via impostos e taxação de produtos e serviços que não o prestado.
Da mesma maneira, defendo que quem, por acto intencional ou com desrespeito de regras e sinalética, se coloca em perigo e obriga à intervenção destes serviços deve suportar os custos integrais dos mesmos, sem prejuízo de indemnizações e eventuais acusações criminais - por desvio de recursos que, limitados, poderão ser necessários junto de quem é vítima sem intenção.
Não defendo, de todo, que se deixe alguém sem assistência, ou que se hierarquize a emergência pela intencionalidade - a qual necessita de contexto e apuramento, e não se pode basear numa "impressão", numa leitura momentânea que alguém, testemunha médico polícia ou jornalista, possa fazer.
Não sei se haverá moldura penal para estas situações, mas espero que sim. A penalizar todos os usos abusivos. Sejam turistas que se chegam às falésias, sejam condutores sob o efeito de substâncias psicotrópicas ou que declaradamente alteram os reflexos e a atenção, sejam transeuntes que atravessam vias fora das passadeiras por desleixo, sejam patrões que não respeitam regras de segurança no uso de equipamentos...
... e, acima de tudo, que penalize fortemente os indivíduos que não se colocam em risco mas que colocam outros em risco porque desviam recursos por diversão. Em 2018 foram, apenas, 7500 as vezes que as viaturas do INEM acorreram às mais de 20000 chamadas falsas que passaram na primeira triagem, feita pela PSP.
Chamadas falsas, não chamadas indevidas.
As chamadaa indevidas devem-se, aparentemente, aos cidadãos que desconhecem a diferença entre doença, para a qual existe a Linha Saúde 24, e emergência médica, o 112 - onde serão triadas, dentro do possível, as emergências que podem ser assistidas por socorristas e aquelas que exigem presença de médicos ou/e enfermeiros.
As falsas devem-se, sem dúvida, a cidadãos que desmerecem a cidadania. A imbecis, que pelo visto emergem todos os dias.
"Quando pensamos em impostos, temos tendência a considerar os impostos e a taxas todos iguais porque vão igualmente para o Estado.
Na verdade, não é bem assim."
Pois não...
Em cada blogue cada um ditará as suas regras.
Inquestionável!
Mas é interessante ler a defesa do pluralismo e da transparência, enquanto na sombra da moderação se assiste ao eliminar de comentários incómodos.
Enfim,
"Um asco".
Dizer graças a Deus é já uma expressão natural entre nós, cidadãos de um país com mais de 90% de cristãos. Um país que, sendo cristão, não deixa de ser um estado laico. E que talvez por isso é sede Mundial do Imamat Ismaili, tem um dos maiores templos budistas da Europa e mantém a Concordata com a Santa Sé.
É nestas águas que navego hoje no Rasurando.
imagem retirada do Jornalismo PortoNet
Uma vítima não é necessariamente uma vítima mortal.
Segundo a Pordata, em 2017 verificaram-se mais de 34000 acidentes de viação com vítimas.
Feridos registaram-se quase 44000, e mortos 510.
No Polígrafo, a propósito da verificação da frase de Marta Temido, dizem que o número de vítimas de erro médico será superior às vítimas de acidentes de viação,
1. Apresentando como dado "um valor entre 1300 e 2900" vítimas de erro médico;
2. Dizendo que o valor acima é estimado, "Estima-se", sem identificar Quem o estima. O Como também seria interessante conhecer, até porque em 2017 as queixas entradas no DIAP de Lisboa foram 60, sendo esta a única divisão que tem estatísticas desta queixa - conforme o noticiado em Janeiro de 2018 pelo Jornal de Notícias.
Muito pouco claro, ainda mais num jornal que se dedica à verificação de factos.
Em 10 minutos, uma breve pesquisa; e além dos dados que apresento no início do postal, descobri que a entidade que estimou os números de vítimas de erros médicos foi a Neglimed, associação de vítimas de negligência médica, e que apresentou tais valores sem identificar o prazo em que ocorreram os erros a que reportam. Além disso, tudo indica terem sido considerados nestes valores, cuja fórmula de apuramento desconheço, tanto vítimas de erro como vítimas de negligência.
Não é a primeira falha que detecto no Polígrafo - tenho ainda os alertas que lhes enviei nos dias 7 e 12 de Novembro, sobre o nome do baixista dos Queen, John Deacon trocado por um qualquer Roger Deacon desconhecido, ou sobre a classificação "pimenta na língua" (notícia escandalosamente falsa) atribuída a afirmações de Rui Vitória, em que este "mentiu" por se ter enganado numa diferença de 1,3% dos resultados obtidos na Champions... mas serão questões de somenos, estas que agora aponto. Não deixando de ser imprecisões jornalísticas a cuja correcção, apontada, ninguém deu crédito, serão pormenores de "bola" e "música", portanto nada de verdadeiramente importante.
No entanto, os dados e interpretações divulgados a propósito da verificação de factos feita à frase de Marta Temido, são graves, pois além de não serem suportados em factos replicam conclusões que induzem em erro - são, infelizmente, sensacionalistas.
Duvido que este postal seja lido por alguém daquele jornal, mas fica o alerta: nem todas as verificações de factos se cingem aos factos.
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