Imagem do blog - Gaffe
cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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Nota-se que algo de diferente se passa com este blogue... passa, não, não passa, veio para ficar: a imagem.
Desde ontem ao fim do dia que este burgo tem uma outra definição, uma outra apresentação... sim, tem um conceito! Avisei que um dia se encontraria o conceito ao blogue...
E desde ontem o blogue já tem um conceito, e não fui eu que o encontrei.
Não foi distracção minha: sigo as ideias, os objectivos, e nunca paro para ver a imagem que reflicto nos outros. Atenta sempre às suas reacções, eventualmente adequo a minha postura às suas sem me perder de mim, dos meus valores - e não me detenho na imagem que deixo pois não sou eu quem interessa, é a mensagem.
Talvez por isso tenha sido surpreendida pela imagem que vejo neste blogue e que é tão minha, tão eu ... vista por outra alma.
Vista por uma delicada artista que domina a palavra como domina o desenho, se é que pode dominar o que lhe nasce vibrante na indómita inspiração, na profunda visão que lança sobre o mundo enganando quem a confunde com a capa que displicente tem aos ombros.
Falo de uma Ruiva que, pese o nom de plume que adoptou, apenas será gafe para quem percorra as suas avenidas distraído. Uma daquelas almas com a qual me cruzei por acaso e nesse cruzamento nos quedámos presas num comum entendimento, irmanadas no gosto pela palavra pelos princípios pela arte pela humanidade.
Gozo a felicidade de contar na blogosfera com esta mulher forte decidida elegante que por aqui se chama Gaffe. Visito-a frequentemente no seu A Gaffe e as Avenidas, reencontro-a no nosso Rasurando, reconheço-a em blogues que me são caros pelos autores e onde a sua sensibilidade e a sua arte os ilustram para lá da palavra - como neste meu pequeno burgo, inundado assim pela sua percepção de mim.
Aqui e assim gravada numa imagem que nunca conseguiria replicar, ainda que tivesse o seu dom.
Um grandenorme obrigado a esta maravilhosa Gaffe!
Que, pela imagem traçada, conseguiu levar-me a abandonar o laço que há anos usava. E que vai passar a estar agora na coluna lateral.
Porque as lutas não mudam só porque temos um vestido novo...
... e como eu gosto do meu!
Em menina, perdia-me numa caixa preta lacada, pinturas estranhas e incrustações de madre-pérola... onde, além da bailarina que rodopiava na plataforma de espelho e do Danúbio Azul que com ela ondulava, havia umas funduras onde dormiam brincos e pulseiras e colares, coloridas saudades trazidas na mala de guerra, 2 anos perto do Índico em vez de aqui connosco à beira-Atlântico porque o Império assim mandava. O guarda-jóias era da minha mãe, a mala do meu pai, meu o tempo assim esquecida do tempo naquela caixa.
Não eram os colares que me atraíam. Eram a bailarina e a música quase etéreas, eram as sementes e as madeiras e os vidrilhos cheios de cores e cheiros e sonhos exóticos... e era a gaveta de segredo, descerrada por um alfinete tocando um ponto que mal se notava no vermelho acetinado do forro.
Longos minutos embevecida a mirar as maravilhas naquela caixa, daquela caixa.
Esta Caixa? Nada a ver, só os segredos e o tanto mas tanto ainda por saber!
Os juízes
são independentes.
O Conselho Superior da Magistratura
CSM
é o regulador dos juízes.
O CSM diz
que não se pode meter
nos assuntos jurisdicionais.
Só após queixa.
O CSM
assume uma posição.
Alguns juízes
têm medo
de perder a independência.
Ou talvez o poder.
O tempo passa.
E passa.
E passa.
E continua a passar.
Finalmente,
no CSM
perdem o medo
ou ganham vergonha.
Afinal,
o juiz Neto Moura
talvez escape:
O tempo é como a roleta:
geralmente
sai a favor da casa.
Imagem retirada do Pensador
Em Nova Iorque, uma empregada doméstica ficou presa durante 3 dias num elevador, na casa dos seus patrões que haviam saído de fim-de-semana.
Não sei se há muitas casas com elevadores particulares em Portugal.
Não sei se há muitas famílias em Portugal cujas empregadas pudessem ficar presas nesse elevador durante 3 dias sem que ninguém se apercebesse.
Mas sei que em Portugal os elevadores são obrigados a inspecções de segurança de dois em dois anos.
E sei que os elevadores em Portugal são obrigados a ter botão de emergência. Com ligação 24h à central responsável pelo contrato de manutenção no caso de elevadores públicos.
Queixamo-nos dos custos, queixamo-nos das leis que nos obrigam a ter mecanismos de segurança, nos elevadores como nos automóveis ou nos equipamentos com que lidamos no dia-a-dia... mas a verdade é que tudo o que tem a ver com segurança de equipamentos não é exagero. Pode é ser exageradamente cara, e isso terá talvez mais a ver com a cartelização de preços do que com o custo efectivo, portanto, matéria para o regulador avaliar. Ah, sim, esqueci-me que o regulador é o mercado. Que compra e cala e esquece e não faz manutenção e até bloqueia os mecanismos de segurança porque é uma chatice quando disparam e param o equipamento.
A empregada que deu mote a este postal perdeu 3 dias da sua vida presa num elevador porque este, aparentemente, não teria botão de emergência funcional. Saiu desidratada, provavelmente com trauma, felizmente com vida. Porque os patrões só foram passar o fim-de-semana fora. Tivessem tirado toda a semana e a história teria talvez um desfecho dramático. Por falta de um botão que custará 200€, preços de Portugal.
Também por falta de uma tampa cujo preço não será superior a 200€ caiu Yulen num poço e nesse poço morreu aos 2 anos, ainda este mês.
E quantas mais semelhantes histórias por aí....
Para poupar uns míseros tostões? Ou porque a segurança é matéria que apenas preocupa em caso de tragédia? Infelizmente, penso que seja uma combinação das duas, corta-se no custo com segurança porque, afinal, é só uma coisa para chatear...
Confesso que, de todos os sistemas de gestão com que lido profissionalmente, o que mais me irrita é o de Segurança no Trabalho. Não pelo sistema, mas pela necessidade constante de alertar para as questões da segurança. A auto-preservação é intrínseca à nossa condição de animais, caramba! E ainda somos animais suficientemente irracionais para não racionalizarmos os instintos de ataque ou fuga. Mas se racionamos uns mecanismos de segurança e ignoramos outros, então talvez a revolução industrial tenha sido mais rápida do que a nossa evolução animal e ainda precisemos de muitos acidentes evitáveis para que a segurança dos equipamentos nos seja instintiva.
Eu não quero ser um desses acidentes.
"O Eduardo Louro diz que o tamanho importa, e não serei eu que contestarei. Mas acrescento, não ao tamanho mas à questão: qual o tamanho desejável?"
Começa assim o meu postal de hoje no Rasurando.
Apareçam.
Nunca lá fui. Nem tenciono ir: não tenho familiares ou amigos que lá morem, não tem nenhuma atracção cultural, portanto não tenho motivos para conhecer ou visitar um bairro cuja existência desconhecia até há pouco.
Ouvi falar dos confrontos entre moradores, que teriam acabado em confrontos com a polícia.
Nestas coisas nunca ligo muito a quem provoca o quê, porque o ruído é ensurdecedor. E desta vez foi desastrosamente ensurdecedor. Foi o vozear dos que não estiveram envolvidos mas que gritaram muito alto que tinham sido confrontos por motivos racistas, tão alto gritando que abafaram a voz dos moradores, dos que lá estiveram, e que diziam que não, que não foi discriminação, foi abuso de força - o que, não sendo bom, não é tão mau.
Também houve o ruído por causa da Língua Portuguesa, que bosta tanto pode ser substantivo como adjectivo - e há por aí muitos sujeitos não substantivos cujo objectivo é adjectivar tudo e mais alguma coisa que lhes possa dar visibilidade. De um assessor espera-se mais fluência, mas quem nunca borrou a pintura que atire a primeira nódoa. Já nódoas como as gentes que insultam por não perceberem português e perseguirem objectivos racistas além de perseguirem outras gentes, nódoas dessas podem atirá-las para um canto e lá as deixarem esquecidas, bafientas, sujas.
Nódoas de todas as cores, essas que perseguem e as que filmam a polícia que dizem vai "ser agora, vai ser agora" enquanto focam alguém virado para a polícia, desfocam e voltam a focar quando o polícia está já envolvido num corpo-a-corpo, o que foi dito e feito entre uma imagem e outra não sabemos mas ouvimos distintamente a antecipação do confronto, "é agora, é agora" qual director de cena preparando as claquetes.
E também houve o ruído daqueles que têm bairros de porto-rico e bairros das honduras nas respectivas autarquias mas aproveitam para apontar o dedo à autarquia, que quem não gosta de reggae não é bom político e o Bairro da Jamaica sempre é de outro caribe.
Caribe sem carimbo, como todos os bairros ilegais, e este é ilegal muitas vezes, desde obras abandonadas a terrenos hipotecados e deixados ao abandono.
Estando o ruído mais calmo, aguço o olhar e vejo
* Que os problemas da violência policial se dissiparão quando cada agente tiver uma câmara de filmar no bolso, a protecção de dados que se arranje com esta solução.
* Que o problema dos bairros ilegais não pode ser tratado como um problema dos municípios, a habitação é um direito constitucional que implica deveres - dos cidadãos e do Estado. Tratar um bairro ilegal como legal, com saneamento básico e luz, será avalizar a ilegalidade em terrenos particulares, deixar 1200 pessoas viverem sem saneamento básico é uma questão de saúde pública, uns endividarem-se para pagar a casa e outros terem casa gratuitamente é injustiça social, garantir abrigo a famílias sem tecto é dever humanitário. Não é simples, e resumir esta questão a "vontade política" é ser desassombradamente hipócrita.
* Que a câmara do Seixal começou a reintegração de 200 famílias em 2018; desconheço os trabalhos que foram desenvolvidos, mas a reintegração começou antes dos confrontos pelo que os ataques partidários dizendo que a autarquia nada fez são falsos. Quando muito, terá feito muito pouco ou muito tarde; mas, e como disse antes, os bairros habitados ilegalmente não são mera questão de vontade política.
* Que os partidos e os seus actores directos nestes ataques à polícia, precipitados e mesmo antes de saber o que se passou, deviam ser responsabilizados política e criminalmente. Só assim conseguiremos acabar com a irreflexão.
* Que a comunicação social devia ser criminalmente responsabilizada por esta vergonha desinformativa, responsável que é pela exaltação de uma ou outra perspectiva em detrimento dos factos e com as consequências que já conhecemos.
Quanto aos cidadãos, apenas vejo que muitos continuam a preferir embarcar de ouvido e destruir do que pensar e construir. Apenas posso desejar que cresçam, amadureçam, sejam cidadãos de plena consciência em vez de joguetes de interesses vários.
Lembram-se dele? Aquele que cantava uma canção (para mim) um bocado monótona sobre uma história interminável, e fazia umas caras absolutamente desconcertantes, mesmo de quem está ali mas tem melhor sítio para estar...
Pois é. Por isso mesmo me lembro dele e desta música quando penso na Democracia Representativa que temos, e na que podíamos e devíamos ter.
Como fiz hoje. No Rasurando.
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