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cabeçalho sobre foto de Erika Zolli
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(Fonte da imagem aqui)
Há discursos que magoam. E que são fundamentais. E que devem ser lidos e ouvidos e assumidos todos os dias até que, envergonhados, os esvaziemos de verdade.
A indiferença é, também, o problema.
Podem ouvir traduzido. Mas tentem o original - na primeira pessoa magoa mais.
Pensem no que podem fazer, no que fazem em cada dia para evitar um outro dia igual.
Mukwege indica um dos caminhos possíveis.
Mukwege indica o único caminho decente.
Teresa May ficou com os restos das loucuras de outros.
Sem as pedir, sem as querer, mas com enorme sentido de dever.
Lamento-a, e apesar de me não ser especialmente simpática reconheço-lhe fibra.
Insuficiente, mas como a podem acusar quando quem quis os anéis se encolheu e quem não os quis lhe estica o dedo?!
Adam Serkis explica-o muito bem:
Sméagol e Gollum, com os cumprimentos do Brexit.
Magdus davidensis
É este o nome do bichinho que tem guiado a equipa de investigadores Magda L. Pais e David Marinho na busca desta espécie muito acarinhada pela blogosfera, ecossistema que muitos julgavam ameaçado pelo buraco noutras redes.
Nesta pesquisa, devidamente catalogada em artigos científicos publicados com admirável persistência, foram reunindo, como em todas as grandes demandas, uma assembleia de curiosos e interessados, que acompanham os seus esforços e, quais investigadores juniores, observam ao microscópio ou à vista desarmada os habitats onde os investigadores seniores garantem estar tais bichinhos. [E se não o fazem, não sabem o que perdem!]
Dia 15 de Dezembro despedem-se os investigadores do trabalho de campo e retirar-se-á a equipa, não para um ashram como certamente precisará, mas para laboratório, onde os dados recolhidos serão analisados e convertidos os resultados em relatório. Será, presumivelmente, através deste que apresentarão ao mundo blogológico, e finalmente!, os ansiados Magdus davidensis spp, baptizados já como SAPOS DO ANO 2018.
Aguardamos a divulgação assim que possível, após o que permitiremos à magnífica equipa de investigadores umas merecidas férias. 🌺
E, agora muito a sério, JÁ VOTARAM?
Visitem os blogues. Os finalistas já, pois há prazo para votar, mas depois também os outros nomeados. "Blogdiversity is amazing", como diria Sir Richard Attenborough se a tivesse descoberto.
E ainda podem ler os textos ali ao lado, ou em baixo, conforme o ecrã - as letras pequenitas logo abaixo da imagem do Sapos do Ano 2018 que não ilustra este postal.
A sério que podem, eu deixo - e aproveitem porque até dia 15 é bar aberto.
(fonte da imagem aqui)
Ontem foi dia 8 de Dezembro, dia importante entre amigos que se fizeram na Universidade e que ao dia 8 lá tornam. Com saudades, ouço os discos de O Trovante porque "Trovante, Praça de Toiros de Évora, 3 de Maio de 1991" fomos nós, uma pesada e louca empreitada para segundanistas caloiros de meio ano, que o outro meio fora-se nas greves dos professores e nos exames adiados. Mas queríamos e acontecíamos, entre alecrim e mangerona as nossas guerras assim também.
Ouvia a Linha das Fronteiras, e os primeiros acordes "Não se espantem se eu não fico aqui, Há sempre outro ver para o que vi" a pesarem-me nos coletes amarelos, sobre quem tenho vadiado por postais alheios.
Há. Há sempre outro ver para o que vi, mas não gosto quando olho, abomino quando vejo: como podemos ficar serenos, quiçá a sorrir do passado, enquanto apontamos o dedo ao teclado e nele pisamos e repisamos a dor duma democracia arrastada pela turba na lama onde a deixámos merdar, lentamente medrando o desprendimento até vicejar desprezo em cada um absentista, por cada assembleia em que não fomos ouvidos por nela não sermos, em cada projecto que ignorámos expectantes desses alguéns que o foram burilando nos nossos ossos? Expectantes, não, despejantes. Habituámo-nos a despejar nos partidos, nos políticos - em itálico porque todos o somos, os nossos gestos políticos por consciência ou a rogo, mas os daqueles pensados por carreira. Despejamos neles o voto, a responsabilidade e a irresponsabilidade. São eles que a assumem, é certo, e nela se aninham - primeiro em ninhos, depois em cóios de onde assaltam os feudos instalados. E nós, desligados, abstinentes ou votantes, deixamos a impotência fingir-se grito no teclado porque alguém há-de fazer algo mas não hoje ou não eu.
E depois aguém faz: pega nas redes e enleia os descontentes que querem soluções simples e imediatas para os problemas que todos deixámos acontecer, que se lixe o futuro, e os princípios, se os há, por ferro e por fogo feridos no fundo do monturo a que ainda chamam consciência. Nós, humanos, somos bichos sociais, senhores, quando sós procuramos iguais, quando no mesmo espaço agimos em manada. Se os líderes, os alfas, não reflectirem, quem segurará o tropel reflexo do impensado gesto, da impulsiva afronta?
Vejo a exaltação por contágio, pandémica na sua vontade de mudança. Mas que mudança? Quem a pede apenas a quer, não a pensou nem pensa; e quem a oferece tem objectivos definidos onde só cabem uns quantos eleitos, os outros condenados à exclusão ainda antes da partida.
Chegou a hora de dizer Basta! Basta de alienação, basta de falar para desaturdir a mágoa, basta de teclar para esfiapar consciência aqui e acolá. Desafio-vos a pensar, a discutir, a propor correcções à nossa Democracia, ao nosso sistema eleitoral, ao nosso futuro enquanto Portugueses e enquanto Europeus. Sem partidos, sem acusações, sem invectivas - têm certamente o seu espaço, enorme!, mas não cabem na discussão que vos proponho.
Quero gritar Paremos o retrocesso! (*)
Não quero murmurar Porra, o passado é hoje!
Fica o modesto apelo.
Edição a 29 de Abril de 2019
(*) Frase editada. Originalmente, era Basta de retrocesso!
Dói-me o corpo das batalhas que encetei.
Dói-me o corpo, não a vontade
- a última fronteira.
Lutei, abracei,
dei tudo de mim
- e ainda assim fiquei inteira.
Por isso me pergunto
- como me achei
se nunca me perdi?
E assim me vislumbro nos pedaços não estilhaços
que de mim vou encontrando por aí
- sei que não os deixei espalhados,
não os dei, menos vendi.
Encontro lampejos meus,
do que serei.
E vivi.
(não datado. Antigo. E actual)
Quando o Diabo arribou
a aldeia fugiu.
Esqueceram uma menina
que chorou
e o Diabo sorriu.
É que a menina não tinha medo...
tinha, mas não dele.
Era o medo da noite
do silêncio
do papão
- mas do diabo não.
(porque quando a aldeia fugiu
não teve tempo
para gritar
que aquele era o diabo
que os havia de levar)
Mas
lembrava-se o Diabo
de ter sido pequenino
e por isso
do seu olhar jorrou luz
que iluminou a noite.
E a menina
riu
e o silêncio morreu com a escuridão apagada
- os olhos do Diabo.
Quando a aldeia voltou
tudo estava sossegado.
Intacto.
Menos a menina,
que não apareceu.
Devolveu a alma ao Diabo
e morreu.
(Não datado. Década de '90)
E brasileiras e...
Quanta incongruência.
Não conheço o restaurante, e desejo-lhe muito sucesso! Mas temo que chegue o dia em que, para comer comida portuguesa no centro histórico, me tenha que dirigir a Espanha...
... calma, centros históricos, a partir de Leiria, só para Sul onde os bistrôs ganham espaço, ou em direcção a Espanha: mera geografia e agonia com os bistrôs.
Tínhamos as tabernas; as tascas e os tascos; as casas de pasto, quantas delas de repasto; e, claro, os restaurantes. Tínhamos. As que vamos tendo ou são fora do centro histórico ou histrionicamente são bistrôs a clamar tradição mas apenas no nome.
Não é saudosismo. É pena do futuro.
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