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Descobri que é uma chatice escrever postais no telemóvel. Deitar garrafas ao mar é fácil, mas editar o postal...
Quero dizer, não é chatice porque se a inspiração se pode gravar em rascunho, a oportunidade não. E não é difícil, mas também não demora 2 minutos. Mas a apresentação do texto, senhores, a apresentação do texto...!!!
As funcionalidades de edição no telemóvel são muito limitadas. HTML... o bailio [os porreiros do Sapo] não tem qualquer responsabilidade excepto a de ainda não ter conseguido ultrapassar tal facto. Não que não tente.
É um limite muito curto para quem gosta de justificar texto, por exemplo. Ou verificar a sua ortografia e sintaxe - sem corrector, que de qualquer maneira nem sabia que existia no blogue até à primeira vez que trabalhei num postal via pc... que coincidiu com o dia em que justifiquei os textos todos, aí pelo princípio do mês...
Pelo menos, hoje descobri para que serve o quinto botão que me aparece na edição do postal via telemóvel; até aqui, uma canseira a escrever, publicar, ler o texto, editar e corrigir o erro, voltar a publicar e voltar a editar porque o cursor nem sempre descia... [aqui chegada, autorizo todas as gargalhadas jocosas. a sério. as que ouvi umas linhas acima ignorei]
A dimensão do ecrã não chateia. Mas não poder editar irrita, principalmente desde que encontrei todas as outras funcionalidades de edição aqui mesmo à mão de semear. [exacto, agora estou a escrever no pc]
E, definitivamente, vou suspender a minha regra de não blogar ao pc - por causa daquela coisa da gestão do tempo e não me perder nas horas e etcetera, pois sim.... É que acabo por perder muito mais tempo no publica/edita/publica... e o texto nem sequer ficar justificado!
E assim me justifico por os textos levarem uns retoques. De forma, não de conteúdo.
Se houver uma alma que tenha lido duas vezes o mesmo postal num espaço de mais de 1 hora [gabo-lhe a paciência e agradeço a confiança ou a esperança ou tudo e vice versa] talvez tenha notado divergências no texto. A culpa é do HTML e da menestrel que não sabia para que servia aquele botanito com 4 setas.
Enfim, vou continuar a lançar garrafas ao mar via telemóvel. Mas depois repesco-as para um polimento de pc e volto a lançá-las.
Há passatempos piores. Ver crescer o cabelo do Trump, por exemplo.
"a bull carrying his own china shop around with him."
"um touro a investir com a sua loja de cristais às costas", numa tradução livre.
Definição de Trump, por Douglas Brinkley (historiador das presidências americanas e professor na Rice University, de Houston - em 2018 a 14.a melhor universidade dos EUA e 86.a do mundo)
Poderia ignorar o seu desempenho anterior. Basta esta semana, e o prémio está atribuído.
Um agradecimento especial ao Sérgio de Almeida Correia por, no seu postal de hoje no Delito de Opinião, me ter facultado a leitura que originou este.
Ela, Jasirah, formação em danças do ventre.
A música, metal progressivo, The fifth guardian (interlude) de Epica.
A coreografia, dança do ventre (véu leque), de Jasirah
A ocasião, Venus Oriental Festival 2017 (Volos, Grécia)
Ouvi esta frase há umas hora numa passagem do "Pé em riste", na CMTV.
Se não foi usado o vocábulo "certa" terá sido um outro com o mesmo sentido. Tento confirmar enquanto escrevo, mas confesso a falta de paciência. No entanto, a exactidão do vocábulo é irrelevante para o postal - foi a expressão que o originou, não a palavra nem a pessoa que a usou.
Independentemente da profissão ou do nível de estudos, quase todos tivemos aulas sobre as percentagens, pelo menos os 100% de nós nascidos depois de 1966 que frequentámos as aulas do ensino obrigatório. E também estudámos as figuras de estilo, mas não todas - são mais que as mães! Assim, acredito que nós portugueses estejamos mais familiarizados com percentagens que com figuras de estilo. E, ainda assim, há quem use figuras de estilo usando mal percentagens na tentativa de dar estilo à figura...
Não sei de onde surgem estas pouco iluminadas hipérboles, mas sei que são papagueadas e mastigadas sem percepção do seu sentido. Sei porque corriqueiras - rara a semana em que não tropeço numa.
Antes de mais, relembro os esquecidos:
100% é 100 em 100. É o pleno, o inteiro, o certo.
Menos de 100% é insuficiência. É o 99 em 100, é o 1 em falta.
Mais de 100%... é exagero
Assim,
Que alguém se dedique "mais de 100%" ainda se percebe - fanáticos de qualquer coisa, pessoas com distúrbios obsessivos-compulsivos, indivíduos dedicados, enfim, qualquer situação em que se verifica ou supõe um excesso de dedicação.
Agora,
Que alguém se assuma "mais de 100%" certo daquilo que afirma? Que despautério!
Percebe-se que pretende, com o exagero da certeza, conferir segurança ou confiabilidade ao que diz.
Mas ao interlocutor mais atento é legítimo inferir que, se a pessoa assume inconscientemente que exagera no que diz, pode bem adicionar ou desvirtuar dados por pura falta de rigor, não necessariamente com intenção de ferir o que transmite. Com tanta confiança apenas contraria a sua garantia de idoneidade.
A sorte de muitos é terem interlocutores que, tal como eles, se lembram tanto de matemática como de figuras de estilo.
O azar é que nem todos...
Muito se fala de Desporto em Portugal.
Correcção: muito se fala de Futebol e de alguns clubes desportivos em Portugal. E fala-se da FPF e UEFA e FIFA e às vezes fala-se do COP e do COI, e fala-se das medalhas dos grandes clubes em modalidades que rodam por ano o equivalente ao salário bruto do jogador mais mal pago das respectivas equipas principais de futebol.
E condecoram-se os futebolistas que elevam o nome de Portugal lá fora, comendas e medalhas e eu sei lá.
E, entretanto, atletas que lutam contra a falta de apoios também ganham medalhas. Muitas medalhas: cinco no primeiro dia e três no segundo. No Campeonato da Europa para Atletas com Deficiência Intelectual (INAS).
Mas só se elevam a eles mesmos, todos os dias obrigados a superarem-se numa sociedade que os ignora quando não os discrimina e maltrata. E ainda assim ostentam as cores nacionais... não os merecemos. Eles, merecem muito mais! No quotidiano de atletas e ainda mais no quotidiano de cidadãos.
Seis atletas já conseguiram subir ao pódio. Subir, um verbo difícil para alguns deles...
Aguardo que Marcelo os faça subir a Belém. Talvez assim consigam angariar apoios que sobram a outros medalhados.
O meu segundo nome é Isabel. Um daqueles Isabel que vem de muitas avós e que é nosso e dos nossos irmãos espanhóis. Há quem o diga Inzabel, mas isso é estória e não história.
No mundo anglo-saxão puseram-nos o Isabel como Isobel, mas não fizemos por menos e às Elisabeth deles chamámos Elisabetes. E depois ficámos com elas.
A propósito do postal anterior, descobri que a Gaskell que sempre chamei Elisabeth é, afinal, Elizabeth... desde que li pela primeira vez os preconceitos da Bennett estranhei ser ela Eliza, Lizzie para os íntimos, quando Austen a baptizou Elisabeth.
E ontem descobri que não foi Austen nem foram os pais de Gaskell nem tampouco os senhores da conservatória do Registo Civil ou Paroquial lá do sítio quem lhes mudou o nome.... Foi o meu cérebro, talvez com a ajudinha de tipografias manhosas e revisores distraídos... mas só eu sou responsável por perpetuar a asneira, e ainda bem que a eternidade tem duração limitada.
Se andei um ano a olhar para ele, apenas hoje reparei na capa do Norte e Sul, e deslizei veloz porque não nas curvas do S: fui pesquisar, documentei-me e, horror! Andei a pontapear o inglês! Elisabeth é germano e franco e normando... na Grã-Bretanha optaram por ultrapassar pela direita e zás!, espetaram-lhe um Z!!!
Confirmados o erro e a grafia, só me resta corrigir e assumir a minha falha:
A todas as Elizabeth a quem estes anos chamei Elisabeth (incluindo as anglo-saxãs do início do texto), as minhas públicas desculpas.
Não foram muitas - e elas sabem quem são... não por acaso, às Rainhas, não. A essas, corto com Ás. Não à Isabel II, claro, as regras do bridge são diferentes e com ela não jogo sueca mas apenas por pruridos de diplomacia internacional.
Sentimentos ambíguos, estes que tenho por Elizabeth Gaskell e o seu Norte e Sul...
Numa daquelas maratonas Netflix lembrei-me de pesquisar uma série que me encheu doze serões de Domingo com tanta ternura como raiva, tanta força como lágrimas... Essa mesma, aquela Norte e Sul com um Patrick Swaize lindo de morrer numa história dura de sentir para os meus 14-15 anos.
Encontrei outro Norte e Sul. Da mesma época - mas este escrito enquanto vivido. Numa Inglaterra cheia de Sol e algodão nos anos 1860. Uma série muito boa (BBC, 2004), à qual apenas lamento a falta de um episódio que não sincopasse o último.
A meio da série pausei para um telefonema. Que sim, que tinham o livro na loja - e comecei-o nesse mesmo dia. Depois de acabada a série, claro, a Netflix esquecida num canto com a televisão e a box e todas aquelas coisas que não cheiravam a livro novo.
Escrito no Outono/Inverno de 1854/55, foi originalmente publicado em folhetins semanais na Household Words, revista dirgida por Dickens. Que não se chateou por Gaskell ser mulher, que fique a nota! No entanto, a história teve que ser encurtada por motivos editoriais, e Elizabeth contou em 20 folhetins o que projectara para 22. Nota-se. Aquando da publicação em livro, a autora conseguiu atenuar os efeitos deste corte, pôde reescrever o final, sem o alterar mas completando-o, retocando as pontas soltas que, soube depois, são afinal o episódio que (não) faltou à serie. Mas o livro continua a ser muito, muito bom!
E os sentimentos ambíguos devem-se a não saber se me irrito com Dickens por ter mandado encurtar a história ou com Gaskell por não o ter mandado bugiar!
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