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Tenho ali um texto todo catita sobre os Descobrimentos ou sobre o que vou descobrindo nos outros sobre tal tema. Mas adormeci e acordei sem vontade de o publicar, portanto parto adiado.
Parto para outro: o silêncio.
O silêncio que se ouviu nesta passagem aos oitavos de final, envergonhados que estamos por sermos assim, sem brilho nem glória, uns campeões da Europa entre os melhores 16 do Mundo enquanto ao futebol, viste-o? Eu não.
O silêncio da Justiça perante tantas denúncias anónimas, tantas quebras do segredo da mesma, tanta investigação e a tal equipa especial da PGR, viste-a? A PJ do Porto parece que não.
O silêncio que falta a Bruno de Carvalho, cansada que ando com tanto despautério, e a ponderação, viste-a? Pergunta tonta...
O silêncio que envolveu muita boa gente do Sporting antes do ruído democrático em torno desta destituição, e o respeito institucional, viste-o? Estou para ver, porque a poucos vi coerência...
O silêncio jornalístico perante tanta reportagem por fazer, da Itália dos nacionalistas ao Erdogan da Turquia, do impasse do Brexit à loucura dos acordos comerciais dos "Estados Unidos da Europa"... e informação, viste-a? Vi, pois, tenho muito gosto em saber como é o quarto dos jogadores na Rússia... convém tal cobertura, ainda podemos vir a descobrir coisas esquisitas...
... sei lá, que isto de futeboleiros e politiqueiros têm todos offshores largos, coitados.
Enfim, o silêncio..
E se, entretanto, o mundo pula e avança não é certamente como bola colorida, oh, pobre criança...
... e não tenho que explicar como, mesmo da miséria humana, a música consegue extrair o melhor.
Só para ouvir.
Bebo a mais conhecida das colas. Versão Zero, litros por semana.
E digo-o sem rebuço: gosto do sabor, gosto da cor, gosto das borbulhas... gosto, pronto!
Talvez a melhor água suja de todas as sujidades produzidas pelo imperialismo - sendo água suja, não é pesada, e só isso lava-a de pecados!
Bebo a mais conhecida das colas. E tenho muito cuidado com o destino que dou às garrafas.
Por questões ambientais, mas também sociais: quem, da minha geração, não se recorda de Xi e da sua aventura em Os Deuses devem estar loucos?
Enfim, já diversas vezes tive provas de que os deuses não bebem ambrósia... deuses de pele e osso por essas Nigérias fora, por exemplo.
E nós por cá todos bem, assim não nos falte a erva sob a bola e a água suja com que nos ungimos enquanto desviamos o olhar.
Sou contra a ingerência.
Mas considero que o Ocidente, mercê de ingerências várias, provocou profundos desequilíbrios nas forças que geriam os Próximo e Médio Oriente.
Que, por sua vez, mantinham alguns extremismos sob controlo não apenas por lá mas também na vizinha África.
Os grandes fluxos migratórios com destino à Europa, aqueles que temos visto nestes anos, começaram por não se dirigirem para cá; iam ficando pelos países próximos aos territórios mais afectados pelos tais desequilíbrios. Por saturação, foram-se obrigatoriamente afastando do epicentro do seu terremoto particular, e foi assim que chegaram às nossas costas.
Temos o dever humanista e humanitário de ajudar quem pede ajuda, dentro das nossas capacidades e garantindo condições de sustentabilidade a ambas as partes.
Mais dever temos ainda se aceitarmos que parte da responsabilidade pode ser nossa. Assim, há que tentar acolher os refugiados - e acolher implica integrar, não recolher e instalar em guetos. E impõe-se deplorar, rejeitar, protestar contra todas as recusas de auxílio imediato a quem o solicita.
Mas, mais do que acolher, temos o dever de contribuir para reduzir a necessidade de tais fluxos criados também pela nossa interferência. Pela nossa ingerência.
Devemo-lo aos países afectados pelos nossos actos e devemo-lo à sustentabilidade de todos.
Podemos fazê-lo pela recuperação da segurança, mas também e principalmente pela reconstrução e pelo estabelecimento de acordos de cooperação.
Assim, foi com muita surpresa que li n'O Jornal Económico online que "Itália afirma-se disponível para apoiar Líbia a travar fluxos migratórios".
Como gestora, supus o melhor: acção correctiva, portanto, actuar ao nível das causas.
Como cidadã atenta, estranhei e supus que, enquanto gozei o Sábado com a minha sobrinha, o Mundo sofreu grandes alterações.
Ou isso ou este "travar" tinha outro significado.
Tem.
E Sacudir a água do capote ganhou uma nova dimensão.
Em noites de chuva sem sono, o cigarro iluminava o som da água chovida. Sem saudades. Mas lembro o sabor.
dóis-me no sangue sem me ferires. e por isso quero os passos que não damos no espaço que temos no tempo que não tivemos. quero o tempo e quero o espaço. quero os passos. porque me ris no sangue à gargalhada.
(Setembro 2011)
Há dias em que se perde a paciência por semanas!
Com o mundo ao longe, com o mundo ao perto... com os meus nada semelhantes concidadãos, agora aninhados no seu conforto a atirarem opinião sobretudo sobre nada... tudo julgam mas quase nada sabem porque quase nada ouvem lêem discutem. Debitar palavra para demonstrar que mexem, parece ser o grande e actual anseio.
(Devia ter-me limitado a entrar no facebook para apagar a conta apagada há cinco anos! Tivesse eu conseguido orientar-me, e não teria lido verdades indesmentíveis sobre tanta gente... mas amanhã volto lá, já que me ressuscitaram sempre salvo alguns textos antes de afundar a conta no olvido possível.)
Claro que, como outros, poderei um dia limitar-me a debitar para demonstrar que mexo...
Para que o espelho me não devolva um acusador "também tu!", fica aqui o poema, deixo aqui a música... a ideia a cada um, e espero que em mim perene.
Les Bourgeois
(Jacques Brel)
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