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Como foi... era tão mas tão novinha que só mais tarde aprendi a letra das músicas que me embalaram.
Mas isto é o que sinto quando penso
25 de Abril,
Revolução dos Cravos,
Liberdade.
Das muitas canções que associo à Resistência, à Guerra, à Revolução, à Liberdade e à Esperança, e são tantas e tão fortes, esta abraça-as a todas.
Passado Presente e Futuro num canto de alegria.
Na voz de quem fez e cantou a Revolução.
Ficou perdida de quase todos. Mas nada lhe falta para ser Hino.
Ao Capitão Duarte Mendes,
Obrigada
Aos Resistentes,
Aos Capitães,
Obrigada, Sempre!
MADRUGADA
de José Luís Tinoco
Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida do medo
Da raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.
Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
De braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo
Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acordem luzes arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais
Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia
Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes, arraiais
Cantam despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais
Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais
Estou habituada a usar e a ler as palavras pelo que valem. Exactamente pelo que valem, não pelo valor que suspeito o Outro tenta atribuir.
Não incluo aqui, como é óbvio, a ironia e o sarcasmo, cuja tónica resulta do contexto mais do que da palavra usada.
Nem a Poesia. Mas essa depende da Alma, e como hoje falo de Prosa prometo desde já comportar-me.
Gosto de comunicar. Porque gosto de debater, de aprender, de ouvir, de rir, de pensar.
E gosto da nossa Língua. Rica, antiga, cheia! Mas temos tantos vocábulos e no quotidiano usamos em média apenas 3%... que desperdício!
Enfim, gosto mesmo da nossa Língua, e não me basta o vocabulário ser riquíssimo, ainda gosto dos sinónimos que temos para quase tudo. Muitos sinónimos!
Assim, perante tantas opções, não me é indiferente a escolha de um vocábulo em detrimento dos outros que se lhe assemelham em significado. Assemelham, não igualam… e é aqui, na subtil diferença, que reside a riqueza e, tantas vezes, a falta de compreensão.
Dou um exemplo que pode ou não ser espantoso, esperando que a explicação não seja considerada fantástica mas que contribua para despertar ou manter o gosto pela nossa admirável Língua.
Ser "espantoso" ou "admirável" não é exactamente o mesmo que ser "fantástico" – embora genericamente assim se use. Quase genericamente.
Espantoso causa espanto ou estranheza por ser diferente ou desconhecido ou inédito, admirável provoca admiração que pode ser espanto ou ser respeito e até veneração, enquanto o fantástico pode provocar tudo isto mas será sempre de outro mundo - do reino da fantasia, mais concretamente...
- Esse desenho é espantoso!
- Estás a dizer que é bom ou nem por isso?!
- Desculpa, esse desenho é fantástico!
- Então?! Fui eu que o fiz, não veio de Arrakis!!
- Pronto, esse desenho é admirável!
- Obrigada :)
- Mereces admiração por teres conseguido fazer dois rabiscos paralelos...
(Ok, não era o elogio esperado, mas sempre é um voto de confian… não?! Humm…)
Duas palavras serem sinónimas não obriga a que “sejam o mesmo”. Depende do contexto onde são usadas. E independentemente de os significados serem parecidos num dado contexto, a verdade é que ainda dependem de quem ouve.
A comunicação já tem tantos bloqueios e ruídos que não posso controlar, pelo menos que seja clara na escolha das palavras.
A palavra mais adequada a cada frase, a cada pessoa, a cada situação.
É mais fácil assumir responsabilidade pelo que digo quando o digo à medida do que sinto e penso.
Claro que à exigência que me coloco no que escrevo e digo tenho que aliar a tolerância ao que, por sua vez, os outros dizem e escrevem - na forma e no conteúdo.
Não para justificar pedir tolerância para com as minhas falhas.
Apenas porque seria insensato esforçar-me para me explicar e não me esforçar para entender.
Certamente que, sobre as que não são sinónimas mas usamos como se o fossem, arengarei outro dia. Provavelmente.
Quando há 20 anos comecei a comunicar na internet (correio electrónico excluído) os nicknames eram a assinatura. Havia euforia, desconfiança, e muita vontade de comunicar.
Ninguém sabia muito sobre "segurança de dados pessoais" - mas pelo menos eu tinha noção de que, então como agora, há malucos para tudo, e não me apetecia levar uma facada ou ter demonstrações de amor em plena rua apenas por dizer que não gosto de amarelo mas gosto do arco-íris.
Usei na rede um nome que não o meu - recuperado da universidade, de quando chegou a ser alcunha entre poucos, burilada do estranho cruzamento entre notícias de atentados, características pessoais e pronúncias de nomes, e um agradecimento a quem chamava Inzabel à Rainha Santa e a mim.
Sempre o mesmo, excepto quando perdi a senha e temporariamente fui Bluediva, ao fim de uns anos Sarin tornou-se não um outro Eu mas a minha assinatura digital.
Se inicialmente surgiu porque "era assim", sinal dos tempos, rapidamente ficou porque... colou-se-me :)
Não é vergonha, não é medo, não é timidez - é segundo nome e é natural porque naturalmente incorporado. Aqui usado, vivido e defendido.
Nada assino na rede como Sarin que não assine ou não assinasse com o nome-de-fora-da-rede. Porque sou apenas uma e tenho apenas uma personalidade; os meus valores, as minhas perspectivas e as minhas opiniões não se moldam ao canal usado para comunicar.
Todos temos nome - fora da rede, pelo menos. Mas assine o nome que consta no Registo Civil ou o que dispara alertas nos Echelon-nossos-de-cada-dia, só não serei anónima para aqueles cujos dias têm momentos comuns aos meus, só terei nome e com ele identidade no pequeno campo onde gravito.
Como todos nós - a órbita é que pode variar entre o umbigo e o Sol.
Ainda assim, sinto alguma urticária perante faltas de assinaturas - porque não sei se me dirijo ao sem-assinatura correcto, e porque, na ausência de identificação de autoria, dificilmente consigo estabelecer ligação ou coerência entre comentários de Outros, entre temas discutidos em comum. E a discussão perde consistência, o debate alargado fica reduzido ao imediato.
Claro que há assinaturas iguais, e claro que há usurpação de assinaturas. Nada mais fácil!
E mesmo que o estilo de escrita difira, as opiniões sejam contraditórias e a linguagem varie, todos podemos ser experimentalistas, incoerentes, inconsequentes nem que apenas por um dia - como garantir quem é quem pelo X?
E, mais uma vez, é o debate alargado que sai a perder.
Criar um blogue é o que mais se assemelha a ter Cartão de Cidadão nesta rede que virtual mas realmente nos liga. Mesmo que o nome que assino não coincida.
E eu seja uma anónima entre tantos.
Muito gosto, sou Sarin :)
"Pescadores dos Açores vão receber meio milhão de euros para abandonar actividade" (Sapo24 há um mês)
Onde é que eu já li isto?
Bem, há muitos anos chamaram-lhe "reestruturação da frota pesqueira".
No Público, a 13 de Março, também, mas a 16 saiu assim no Sapo24... contingências.
E entretanto, nos Açores... assinaram há dias o Contrato Colectivo de Trabalho dos Pescadores e conseguiram mais verba para os abates. Convenhamos, o CCT era fundamental e 30.000€ por embarcação é nada, atendendo a que uma embarcação abatida manda uma companha para o desemprego.
E que mais?
Numa altura em que se discute o alargamento da Zona Económica Exclusiva por inclusão da plataforma continental; numa altura em que as frotas nacionais são maioritariamente financiadas por capital espanhol; numa altura em que os acordos de pesca estão em renegociação, a sustentabilidade do pescado impõe proibições e os países discutem a sustentabilidade ambiental vs sustentabilidade social mas querem é quotas...
... muito gostava eu de perceber qual é afinal a política para o sector. É que Política Marítima Integrada tem nome belga e eu, apesar de poliglota, gosto de falar português.
Onde andará a Ministra Ana Paula Vitorino?
Pronto, o jornalismo não anda afoito, mas desconfio que nesta matéria a responsabilidade não será toda da comunicação social...
Existe a acusação de uso de armas químicas.
Existe a negação.
Existe a acusação de simulação do uso por parte de inteligências contrárias.
Existe pressão internacional para investigação.
Existe uma delegação da Organização para a Proibição de Armas Químicas pronta para ir investigar.
Existe um governo que depois de pressionado diz "venham".
E, mesmo antes de irem, existem operações cirúrgicas contra alvos alegadamente ligados à produção de armas químicas.
Ah, sim, esquecia-me: existiu um Iraque. Iraquegate I. Ou Iraque Gate I, spelling is not overrated.
Mas Bashar al-Assad pode estar descansado e tranquilizar Putin: Macron não declarou guerra a ninguém, só participou numa cirurgia.
(E de repente lembrei-me de Vichy ao som de Lili Marlene)
Já agora, porque é que ninguém fez ataques cirúrgicos antes de irem investigar os alegados casos de abuso na Faixa de Gaza?
Hipótese 1. Porque ninguém vai ofender Israel para investigar seja o que for na Faixa de Gaza, portanto a pergunta é idiota.
Hipótese 2. Porque o Exército Israelita apenas faz policiamento e não usa repressão pelo que não há nada para investigar, portanto a pergunta é idiota.
Hipótese 3. Porque no te callas?!
<<De acordo com o comunicado divulgado pelo ministério de Augusto Santos Silva, o regime sírio “deve assumir plenamente as suas responsabilidades”, já que “é inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar”.>> (Sapo24)
Destaco formas de guerra que a humanidade não pode tolerar.
Eu, humana, não percebo o moralismo subjacente à classificação dos tipos de guerra em intoleráveis e em toleráveis.
Mas percebo o conceito ingerência, ainda que me falhem outros como oportunidade e oportunismo.
Augusto Santos Silva baralhou-me, mas entretanto Trump, Putin e respectivas equipas vão jogando poker na extensa mesa de problemas que é a Síria.
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